Frei Paulo exorta aos professos: o fundamento da nossa vida é sermos irmãos e menores!
17/09/2023
Petrópolis (RJ) – “Frei Bruno e Frei Ruan, a partir do sim que vocês, hoje, irão dar, o que podemos vos oferecer é a graça de viver como irmãos e menores. A Vida Franciscana está fundamentada nestas duas pilastras: a fraternidade e a minoridade. O fundamento da nossa vida é sermos irmãos e menores! E buscando viver isso, tenham a certeza de que estarão também nos ajudando a sermos mais irmãos e menores!” Esta mensagem, na profunda homilia do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, foi o grande conselho dado aos dois jovens – Frei Bruno Gonçalves Cezário e Frei Ruan Felipe Sguissardi – que, neste sábado (16/09), confirmaram, para sempre, o seu compromisso a Deus junto à Ordem dos Frades Menores, vivendo o Evangelho de Nosso Senhor em pobreza, obediência e castidade.
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Neste mesmo sábado, a histórica Igreja do Sagrado Coração de Jesus, que há décadas, abriga a celebração da Profissão Solene dos frades, fez memória do dia da dedicação deste Templo, ocorrido no ano de 2007, após as grandes obras do restauro da Igreja. Essa celebração reuniu frades de toda a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, familiares, amigos e fiéis que vieram de várias localidades para, reunidos, celebrarem esse importante momento na caminhada vocacional desses dois jovens frades. A celebração ocorreu às 16h15 e foi transmitida pelas plataformas digitais da Paróquia do Sagrado e pela TvFranciscanos, contou também com a participação especial do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, regidos pelo seu Maestro, Marco Aurélio Lischt.
O rito da Profissão Solene começou depois da Proclamação do Evangelho. O mestre, Frei Marcos Antonio de Andrade, fez um pequeno histórico dos dois frades e, depois, chamou-os pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. E juntos, eles fizeram o pedido para serem admitidos definitivamente na Ordem dos Frades Menores.
Frei Paulo, iniciou sua homilia lembrando que os olhos de toda a Província se voltam para este santo lugar, neste sábado de alegria e de festa. “A nossa Fraternidade Provincial congrega em torno de trezentos e tantos frades, espalhados em diversas Fraternidades, tanto aqui no Brasil como também em Angola. E a Profissão Solene, celebrada aqui hoje, nos recorda e nos estimula a olharmos para o nosso compromisso com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”. O Ministro saudou na pessoa do guardião desta Fraternidade, Frei Jorge Paulo Schiavini, todos os frades que residem nesse local e fazem um grande trabalho em diversas Frentes de Evangelização. Estendeu sua saudação a todos os que vieram de perto ou de longe para participar desta celebração. Saudou também os formadores, Frei Marcos Antonio de Andrade e Frei Gilberto da Silva – “frades escolhidos pela Província para serem os mestres. Não aqueles que têm tudo a ensinar, por já serem os irmãos mais velhos. Mas na caminhada junto aos nossos jovens frades formandos ele aprendem, e aprendem muito!”
Segundo o Ministro Provincial, “todos nós, somos, de alguma maneira, formandos e formadores, estamos na mesma dinâmica do aprendizado, do discipulado e do caminho fecundo que são apontados por Nosso Senhor”. E disse: “Esta celebração é a celebração da família, nossa família consanguínea e nossa família religiosa que se unem e se estendem, ainda mais, na grande família dos filhos de Deus. Nunca podemos nos esquecer que somos a família da esperança e da alegria e é por isso que nos reunimos, porque congregados e unidos é que essa família adquire e expressa o seu profundo sentido. E é este o pedido; singular, simples e despojado que o Bruno e o Ruan fazem: experimentar os laços que nos unem em família! A família de sangue e a família franciscana. Esse senso de familiaridade nos motiva a viver essa celebração no dom e na graça de sermos irmãos e irmãs de todas a criaturas. Todos membros desta grande família das criaturas de Deus”.
Frei Paulo continuou sua reflexão lembrando o lema da Profissão dos dois frades: “Outra coisa não desejemos, nem queiramos, nem nos agrade, senão o nosso Criador e Redentor” (Regra não Bulada, 23,27). “A opção por Jesus Cristo é uma opção plenificante e totalizante. Ela deve encher de sentido toda a nossa existência. Desejar Jesus Cristo é muito mais do que desejar alguma coisa, mas é sim, desejar viver a partir do seu Espírito. E na caminhada franciscana, desejar a Jesus Cristo é desejar experenciar o seu despojamento na tríade: cruz, presépio e altar. Desejar a Jesus Cristo é estar intimamente ligado a Ele. É uma decisão pessoal e fraterna, porque nossa vida é sempre abertura à imperiosa necessidade de ser em Deus, com Deus e a partir de Deus, para assim, vivermos nossa vocação. Por isso, meus irmãos, outra coisa não queiram a não ser viver o Evangelho!”
O Provincial lembrou também que nessa data comemora-se o aniversário da dedicação desta Igreja do Sagrado, embora seja uma construção de mais de cem anos, a dedicação ocorreu em 2007, após uma grande obra de reforma. “Igreja do Sagrado! Esse é um nome caro ao povo de Petrópolis e aos frades da nossa Província. E é um nome muito apropriado para identificar o espaço de encontro com o Senhor: Igreja do Sagrado, um lugar sagrado! O Templo onde nos reunimos, construído por empresa humana, antes de ser habitação do próprio Senhor, converte-se em terreno fecundo para a manifestação da fé e da confiança; em espaço ideal para a prece em diálogo com o Senhor”.
Já no final da homilia, Frei Paulo fez uma alusão à Festa das Chagas de São Francisco que seria celebrada no dia posterior à celebração da Profissão Solene: “Esta celebração, além de coincidir com a consagração deste templo acontece na véspera da recordação das Chagas de São Francisco, ocorridas há 800 anos no Monte Alverne. Francisco recebeu no seu próprio corpo as marcas da Paixão do Senhor. Mãos, pés e o seu lado foram assinalados com os sinais dos pregos que sustentaram na cruz o frágil corpo do Senhor que deu a vida por nós. Muito se fala da predileção de São Francisco pelos lugares afastados para demorados encontros com o Senhor. Assim, a estigmatizaçao não é um evento isolado, mas resultado de um processo intenso de obediência, ou seja, de escuta atenta daquilo que o Senhor tem a nos dizer”. E concluiu: “Franciso é marcado, profundamente, pela Paixão do Senhor, dali ele sai transformado. Nossa missão é que também nós, possamos, com insistência e persistência, revelarmos ao mundo as marcas da Paixão de Nosso Senhor”.
Terminada a homilia, os frades receberam uma vela, acesa no Círio Pascal, próximo à Pia Batismal. Esta vela lembra a primeira consagração feita no Batismo e sua chama remete ao fogo da fé, cultivado no coração e na vida desses jovens frades. Frei Paulo perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Terminado o diálogo do Ministro com Frei Bruno e Frei Ruan, toda a assembleia se levantou para rogar a intercessão do Santos e Santas de Deus para os professos; estes, se prostaram ao chão.
Com o término da Ladainha de Todos os Santos, os professandos ficaram de joelhos diante do Ministro Provincial, colocaram as suas mãos nas mãos do Ministro, num gesto de entrega total e seriedade, e leram a formula de Profissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, os neoprofessos, ajoelhados, recebem a Solene Bênção feita pelo Ministro Provincial. Depois, todos os frades presentes os acolheram na Fraternidade Provincial com um caloroso abraço. Enquanto eram cumprimentados pelos confrades, o Coral dos Canarinhos cantou a tradicional música “Salve, ó São Francisco”.
A celebração prosseguiu com a Liturgia Eucarística. Após a comunhão, Frei Bruno fez os agradecimentos.
“Hoje, não estamos simplesmente fazendo a Profissão Solene, ou professando os votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores. Hoje, não concluímos um processo de formação inicial, tão menos iniciamos o processo da formação permanente. Hoje, nós confirmamos que estamos em busca, queremos ser. Desejamos ser parte da família iniciada por Francisco de Assis. […] As nossas famílias foram base e fonte de valores fundamentais para o início desta trajetória e, ao longo dela, esta outra família criou em nós laços espirituais tão indissolúveis quanto os sanguíneos. Valores criados não somente pela convivência ou com o passar dos anos. Mas valores aprendidos, repetidos e exortados! Dito isso, queremos expressar a nossa gratidão àqueles que de maneira direta e indireta nos introduziram e nos cativaram aos grandes ideais da vida franciscana”.
Por fim, concluiu: “agradecemos Àquele que é fonte e origem de nossa vocação, força motriz e principal ponto de apoio, ao Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor, a quem convém todo louvor, glória, honra e benção, a nossa gratidão por grandes e belas experiências que nos proporcionou ao longo da caminhada, experiências estas que nos fazem exclamar como Francisco: ‘outra coisa não desejemos, nem queiramos, nem nos agrade, senão o nosso Criador e Redentor” (RnB 23,27).
No final da celebração, Frei Paulo convidou todos os frades para, juntos, darem a Bênção aos neoprofessos e a todo o povo. Terminada a Missa, todos os presentes foram convidados para um coquetel no antigo Colégio dos Canarinhos.
Frei João Manoel Zechinatto