Em Angola, Missão da Katepa celebra 50 anos de caminhada de fé e história
15/06/2021
Malanje (Angola) – A Missão e Paróquia da Katepa Santos Mártires de Uganda, na cidade de Malanje, da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, celebrou seu jubileu de Ouro, 50 anos de existência, no dia 13 de junho. Teve como lemas: “Eu vou morrer pela minha religião” (mártir José Mukasa), “Sou católico e católico quero morrer” (mártir Matias Mulumba), “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos” (Tertuliano).
Presidiu a Celebração Eucarística Pe. António Adão António, do clero local, atual administrador diocesano da Arquidiocese de Malanje. Presentes Frei Afonso Katchekele Quessongo, OFM, pároco; Frei Valdemiro Wastchuk, OFM, vigário paroquial; Frei António Boaventura Zovo Baza, OFM, presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus (FIMDA); os diáconos Frei Canga Manuel Mazoa, OFM, e Frei Santana Sebastião Cafunda, OFM; Frei Alfredo Epalanga Prego, OFM, e um grande número de fiéis que, mantendo todos cuidados possíveis por conta da pandemia da Covid-19, aderiu em massa às festividades.
Devido também à pandemia, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, não pôde viajar para este evento em Angola, mas enviou mensagem: “Hoje rendemos graças a Deus, aos irmãos e às irmãs. Quero me juntar a vocês neste dia para reforçar nossa gratidão a Deus que nos enviou a Malanje e nos acompanhou com Seu amor nestes quase 31 anos”, disse (veja abaixo a mensagem na íntegra).
No decorrer da celebração foram salientados três momentos: o histórico da Missão, a renovação das promessas dos catequistas e a administração do sacramento da Confirmação.
Sobre a história da Missão da Katepa, sua fundação teve início com os frades Capuchinhos em 1971, que chegaram nesse lugar para cuidar da escola de formação de catequistas. Após três anos, juntaram-se aos frades capuchinhos as Irmãs Filhas de Jesus, que se ocuparam com a formação das esposas dos catequistas. Em 1990, a Missão foi entregue à Ordem dos Frades Menores, o primeiro lugar da chegada dos Frades Menores em Angola, que cuidam até ao momento dessa porção do povo de Deus. Hoje, a missão conta com as seguintes congregações religiosas: Franciscanas Missionárias de Maria (FMM), Franciscanas de São José (FSJ), Missionárias da Imaculada Conceição (SMIC) e a Ordem Franciscana Secular (OFS). Este lugar formou muitos angolanos e passaram por ela pessoas notáveis, destacando principalmente Dom Gabriel Mbilingue, arcebispo metropolita de Lubango (Angola), e Dom Frei Evaristo Spengler, bispo da Prelazia do Marajó (Pará-Brasil).
Do mesmo modo, por ocasião do dia do catequista, o pároco Frei Afonso exortou os catequistas a assumirem e responderem com fidelidade o compromisso cristão de evangelizar a todos, sem medo, a exemplo dos mártires de Uganda. Os mesmos, diante da comunidade, renovaram suas promessas como catequistas da Igreja Católica.
Quanto ao sacramento da Confirmação, 71 jovens e adultos receberam a crisma. Aos crismados, Padre Adão pediu que eles, pela força do Espírito, fossem luz para dirigir os passos dos que ainda andam nas trevas e concluiu incentivando os mesmos a se colocarem nas mãos da Mãe do Salvador quando se sentirem sem forças para seguir adiante.
Durante a homilia, Padre Adão destacou também que a arquitetura da sede da Missão tem uma história. “Se olhardes para vossa paróquia, certamente quem passa não vê esta arquitetura, mas foi feita em espécie de degraus. O primeiro degrau é a estrada que liga à cidade de Cangandala; o segundo degrau é aqui, onde nós estamos, a escola. Quando o frei projetou este lugar, aqui existiam duas salas de aulas e o campo de futebol; hoje ampliaram, já temos mais salas porque há mais necessidades; e, no terceiro degrau, colocou-se a igreja que também funcionou como teatro, onde se apresentaram filmes como forma de evangelizar e de chamar mais atenção às pessoas e de conhecerem melhor a Palavra de Deus; no quarto degrau estão as residências: a dos frades e a das Irmãs Franciscanas; e, no último degrau, colocaram as casas dos catequistas”, explicou.
Pe. António, então, perguntou: Por que este frei fez esta arquitetura? “Meus irmãos e irmãs, a finalidade ao fundar a Missão foi exatamente para os catequistas estarem mais alto. E escolheram como santo Carlos Lwanga e companheiros. Estes mártires são hoje os padroeiros dos nossos catequistas. Por isso, aos nossos catequistas, que hoje celebramos o seu dia, os nossos parabéns. Aqui também desejamos muita coragem, muita força para levar Jesus aos outros. Precisamos cada vez mais de catequistas porque a ‘seara é grande, mas os trabalhadores são poucos’”, disse o celebrante, pedindo orações para os catequistas idosos.
Assim, cantos, novena, danças, louvores, tarde cultural, preces e agradecimentos marcaram as festividades do jubileu. Tudo para expressar tamanha alegria e gratidão por tantas graças que durante meio século o bom Deus vem operando na Missão e na vida de muitos irmãos e irmãs.
Ao final da celebração, o pároco agradeceu as distintas congregações religiosas pela colaboração na evangelização e na organização da festa. Também manifestou satisfação pela participação e empenho das lideranças e demais paroquianos no evento. E, como forma de gratidão ao passado e já mirando aos 100 anos da Missão da Katepa, disse que “a partir de agora nos preparemos para mais uma longa caminhada rumo ao centenário”. Após a celebração, fez-se a foto oficial e se seguiram os momentos de confraternização e tarde cultural recreativa.
Mensagem de Agradecimento do Ministro Provincial na celebração de ação de graças pelos 50 anos da Paróquia dos Santos Mártires de Uganda
– Malanje, 13-06-2021
– Caros confrades Frei Antônio Zovo Baza, presidente da FIMDA;
– Frei Afonso K. Quissongo, pároco da Paróquia Santos Mártires de Uganda;
– Frei André Luiz da Rocha Henriques, conselheiro da FIMDA e guardião da Fraternidade do Seminário Monte Alverne;
– Frei André Gurzynski, guardião da Fraternidade São Damião;
– caros confrades e formandos, presentes neste dia festivo;
– queridas irmãs franciscanas de Malanje;
– caros irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular;
– querido povo de Deus em Malanje, especialmente as lideranças desta Paróquia;
A todos vocês, irmãos e irmãs, Paz e Bem!
Hoje celebramos, com vocês, os 50 anos da Paróquia dos Santos Mártires de Uganda, com Sede na Katepa, lugar da chegada dos frades menores em Angola.
A nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, presente há mais de 30 anos em Angola, assumiu desde o princípio a caminhada de Igreja e as necessidades pastorais do povo a nós confiado. A Paróquia já possuía sua caminhada. Chegamos para somar forças e levar adiante este projeto de Reino de Deus.
Hoje rendemos graças a Deus, aos irmãos e às irmãs. Quero me juntar a vocês neste dia para reforçar nossa gratidão a Deus que nos enviou a Malanje e nos acompanhou com Seu amor nestes quase 31 anos.
Nossa gratidão à Igreja local de Malanje que nos acolheu com tanto amor e nos confiou esta porção do povo de Deus.
Nosso muito obrigado às demais congregações e à Ordem Franciscana Secular que se juntaram a nós nesta caminhada de serviço.
Agradeço de coração a cada confrade que acolheu o envio do Senhor e entregou a própria vida e a própria vocação em cumprir a Santíssima Vontade de Deus.
Um agradecimento especial aos frades que atualmente levam adiante este trabalho de promover a Evangelização e a unidade do povo amado de Deus.
Agradeço ao querido povo de Malanje, razão primeira de nosso serviço. Obrigado por nos permitirem caminhar com vocês! Vocês também nos evangelizam, ensinando-nos a ter esperança, a sermos generosos e a confiar sempre em Deus.
Que Maria Santíssima, presença intercessora e cheia de graça nestes 50 anos, continue voltando o seu olhar misericordioso para todos vocês e, junto com os nossos padroeiros, os Santos Mártires de Uganda, consiga para nós as bênçãos de Deus!
Que Ele renove em cada um de nós o entusiasmo para continuarmos dizendo SIM ao seu CHAMADO e ao seu ENVIO!
Paz e Bem! Nga Sakidila!
Frei César Külkamp, OFM
Ministro Provincial
História da Paróquia Santos Mártires de Uganda
Os Capuchinhos foram chamados à Katepa-Malanje pelo bispo diocesano Dom Pompeu de Sá Leão e Seabra para construir a nova missão, que foi aberta a 19 de janeiro de 1971. O primeiro superior foi Frei Emídio Demeneghi.
Na realidade, tratava-se de um regresso dos Capuchinhos, depois de mais de três séculos, em meados de 1600. Foi a rainha Njinga, depois da sua conversão, que convidou os Capuchinhos para evangelizar a região da Matamba, tendo na parte setentrional Malanje. Eles vieram à Katepa para assumir também a direção da escola diocesana para catequistas.
A princípio, instalaram-se em Coinzure (km 13 de Malanje), na residência do antigo posto administrativo, então devoluto. A região à volta era quase deserta. Reconhecia-se a conveniência de a escola se estabelecer mais perto da cidade. Escolheu-se, por isso, a zona suburbana da Katepa, a sudeste de Malanje, e deu-se à missão por território a aldeia do mesmo nome e toda freguesia civil do Quissole, com uma população de cerca de 9 mil almas, sendo os católicos uma terça parte.
Os missionários transferiram-se para as novas instalações, que se construiu ao longo de 1973, e a escola de catequistas começou a funcionar no dia 6 de janeiro seguinte com 12 alunos catequistas, enviados das diversas missões. As famílias deviam acompanhá-los e, para isso, construíram-se as casas já preparadas para uma residência familiar.
Dois anos depois da chegada dos Capuchinhos, três irmãs Filhas de Jesus chegaram no final de 1973 para colaborarem na formação dos catequistas, orientando a administração econômica, dando algumas aulas e, sobretudo, encarregando-se da formação feminina das esposas dos catequistas. As irmãs foram uma presença muito significativa neste lugar.
Os padres se ocupavam dos catequistas e da animação da comunidade cristã. As irmãs da formação mais propriamente humana, da educação da mulher e da economia. A escola não sobreviveu por muito tempo com a declaração da independência de Angola.
Experiência original
Foram construídas por obra Frei Tibúrcio Zenere, 14 pequenas casas, uma para cada catequista com a sua mulher e filhos. Os catequistas formaram uma espécie de cooperativa que permitia uma autossustentação. Além de se preparar para serem catequistas, aprendiam como organizar a vida.
Em 1975, a direção da escola foi entregue à Diocese devido algumas tensões geradas a partir do início da guerra civil e da diminuição dos missionários.
Em 1976, a Missão foi entregue à diocese. Em 1978, a mando de Dom Eugênio Salesso, a missão foi confiada às Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria e era assistida pelos missionários Espiritanos e depois teve como seu pároco o Padre Malanje, de feliz memória. Este último passou a Missão às mãos dos Frades Menores que chegaram no dia 25 de setembro de 1990 e a administram até ao momento presente, celebrando seus 50 anos de Missão da Katepa. Esta área pastoral ficou ainda melhor servida com a presença das congregações femininas das Irmãs Franciscanas de São José (FSJ) e Missionárias da Imaculada Conceição (SMIC).
Frei Canga Manuel Mazoa, OFM e seminaristas