Frei Medella indica três virtudes de Antônio: sabedoria, generosidade e maturidade
14/06/2021
São Paulo (SP) – As festividades em honra ao Padroeiro da Paróquia Santo Antônio do Pari, na Capital paulista, terminaram neste domingo, 13 de junho, com a Missa Solene às 19 horas, presidida pelo Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e concelebradas pelo pároco Frei Wilson Batista Simão, o guardião Frei José Francisco Santos e frades da Fraternidade.
Nessas duas festas de Santo Antônio em meio à pandemia, a Festa de Santo Antônio não reuniu multidões como acontecia todo ano. O povo e os frades seguiram as orientações para não haver aglomerações. Durante a Trezena, o povo refletiu sobre “Santo Antônio, o irmão solidário”.
Para Frei Medella, é motivo sempre de muita alegria e muita emoção ouvir e recordar todas as graças e curas operadas por Santo Antônio ainda em vida, depois de falecido e até hoje. “Todo mundo, arrisco dizer aqui, conhece alguma história ou viveu de perto alguma situação que a intercessão de Santo Antônio foi importante para a obtenção de uma graça ou benefício. Hoje mesmo o guardião da minha Fraternidade perdeu as chaves. Eu falei: ‘reza para Santo Antônio, ainda mais hoje que é dia dele’. Nem perguntei se ele as encontrou, mas tenho certeza que ele as achou, sim”, revelou.
O frade ressaltou a importância de celebrar com alegria e gratidão, ficar emocionado com os milagres, mas disse que é “tão importante quanto” observar algumas qualidades humanas de Santo Antônio e buscar inspiração no tipo de gente que ele foi, no ser humano que ele aprendeu a ser em sua vida, procurando observar as virtudes que ele praticou para imitá-las em nossa vida.
Para isso, o frade destacou três virtudes: A primeira, a virtude da sabedoria. “Santo Antônio é um dos poucos santos declarados Doutor da Igreja, porque foi exímio teólogo, defensor da fé, propagador da doutrina, escritor sagrado dos mais ilustres e insigne pregador do Evangelho. Ele viveu, encarnou e soube valorizar aquela sabedoria, à qual a primeira leitura da Missa hoje se refere, diante da qual a prata e o ouro parecem pó que não têm valor, que é mais desejada do que a saúde e a beleza”, observou o Vigário Provincial.
Segundo ele, é a sabedoria de que nós estamos precisando em nossa sociedade e para aqueles que nos coordenam e nos governam. “Eu nem diria que seja a sabedoria profunda de Santo Antônio, de conhecer na profundidade, de buscar os mistérios da teologia e da fé. Se conseguíssemos caminhar na direção do bom senso já seria de excelente tamanho. Sem teimar que o quadrado é redondo se a geometria e a matemática, há milhares de anos, estão aí para nós provar que o quadrado não pode nunca ser redondo e nem o círculo ser quadrado. De perceber que se eu der um murro na ponta de uma faca, a faca vai ficar intacta e minha mão vai ficar dilacerada. Falta tanto bom senso de ter noção de que precisamos continuar nos cuidando, com máscara, com álcool, com distanciamento, porque vivemos numa situação crítica”, lamentou.
“Que a sabedoria de Deus nos ajude a termos bom senso de não acreditarmos em cada notícia falsa que nos chega ao bolso pelo Whatsapp e ainda é passada adiante, causando desinformação, desunião, briga, confusão, desconfiança. A sabedoria de Santo Antônio nos ensine para que não sejamos, conforme diz São Paulo na carta aos Efésios, ‘arrastados por todo o vento de doutrina, ludibriados pelos homens e por eles, com astúcia, induzidos ao erro. Não podemos ser como cristãos e cristãs adeptos daquela filosofia que diz ‘quanto pior melhor’. Não. Nós queremos saúde, vacina, paz, unidade, para vivermos juntos a esperança. Queremos sabedoria”, pediu.
Na segunda virtude, utilizou três termos: generosidade, empatia e solidariedade. “As três fazem um bloco só e estão muito unidas. Generoso é aquele que sabe da sua origem, da sua gênese, e vê que a mesma origem sua é a origem do outro com quem ele vive e convive, porque o outro nasce da mesma origem e precisa ser tão respeitado, tão amado, tão promovido como eu gostaria de ser no meu jeito, no meu modo, no meu comportamento. Ser generoso é buscar cultivar a empatia. Como eu fico quando estou com fome? Mal-humorado, o estomago dói, eu sinto fraqueza. Se eu sinto isso tudo, porque o outro com fome também não sente? Se eu não gosto de sentir, porque vou aprovar que o outro sinta? Por isso me torno generoso, e me torno solidário. Solidário é aquele que busca a solidez do seu relacionamento e o compromisso de irmão e irmã com aquele que precisa”, explicou.
Frei Medella indicou como última virtude a maturidade. “Santo Antônio sábio, Santo Antônio generoso, empático e solidário, pegou o pão da dispensa do Convento e distribuiu a um pobre que bateu à sua porta; fez de tudo para ajudar uma moça pobre a conseguir o dote necessário para o seu casamento. Santo Antônio era consagrado, ele não ia se casar, mas ele sabia o que era importante para ele e, naquilo que era importante para ele, ele via o que era importante para o outro. Se era importante para aquela moça conseguir o casamento, ele fez sua parte. E foi um homem maduro”, elucidou.
“Santo Antônio tinha o sonho de ser missionário, de ir ao Oriente, de entregar a vida em martírio. Não foi dessa maneira como sonhava, mas soube acolher as circunstâncias e aquilo que a vida lhe ofereceu. Trabalhou de cozinheiro, foi ministro provincial, foi professor e dentro daquilo que era possível, foi também missionário. Na maturidade daquilo de quem soube ser adulto na fé”, acrescentou.
Concluindo, Frei Gustavo fez um pedido: “Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, tem muito sentido em ver uma comunidade centenária em honra a Santo Antônio neste lugar da nossa capital. ‘Ah, mas o Pari não é mais um bairro de residência! Ah, pouca gente continua morando aqui!’ Mas o Pari não continua sendo um lugar que precisa da sabedoria, da gerosidade, da maturidade? Então, é claro, que faz muito bem a presença de uma Fraternidade Franciscana que busca viver com honestidade e com transparência esse ideal. Basta ou é muito bom saber que existe uma comunidade de fé, geográfica, de pessoas moram nessa região, e afetiva, paroquianos de outras regiões da cidade, mas que vêm aqui partilhar a sua vida de comunidade e dar o seu testemunho, de generosidade, de esperança. Por isso, vamos rezar muito pelos freis da nossa Paróquia, pelo Serviço Franciscano de Solidariedade, que a partir de sua sede acolhe e socorre a fome de tantos e de tantas. Vamos rezar e nos recordar de que aqui neste fervo de comércio, de pessoas de todos lugares do Brasil, existe uma multidão que carece do testemunho. E que esta fraternidade se esforça, dia após dia, para oferecer. Coloquem essas realidades, por favor, em suas orações. Quando você recordar de Santo Antônio, por quem é devoto, reze por tudo isso que nós apresentamos aqui de coração muito sincero. Quando puder e tiver oportunidade, volte mais vezes no decorrer do ano. A casa é sempre sua. Santo Antônio está sempre aqui nesta bela imagem que povoa o nosso altar central, nas paredes e no coração de cada um que aqui acolhe quando você chega. Sigamos em frente buscando imitar de nosso querido Santo Antônio a sabedoria, a generosidade e a maturidade”.