“É hora de falarmos a linguagem do amor”, pede Frei Gilberto na Festa de Santo Antônio
13/06/2022
Petrópolis (RJ) – No Convento dos frades franciscanos de Petrópolis (RJ), a Igreja é do Sagrado, mas neste dia 13 de junho a Festa foi de Santo Antônio. Durante todo o dia, os frades ministraram bênçãos, celebraram a Eucaristia e distribuíram o famoso Pão do Santo Franciscano. O dia começou com a solene oração da Liturgia das Horas, às 6h20, e terminou com a Celebração Eucarística das 18 horas.
O vice-mestre dos Frades do Tempo da Teologia e Vigário Paroquial, Frei Gilberto da Silva, presidiu a missa das 15 horas. Desde o tempo da pandemia não se via uma igreja tão lotada, o que alegrou a todos. Com simplicidade e simpatia, pediu logo no início da Santa Missa uma salva de palmas para Santo Antônio.
Frei Gilberto começou sua reflexão afirmando que o Evangelho apresenta o mandato de Jesus de ir por todo o mundo e anunciar a Palavra de Deus a toda criatura. Segundo ele, Santo Antônio, um vocacionado de Deus, religiosos agostiniano e por último franciscano, ouviu atentamente este chamado do Senhor.
Para o frade, Frei Antônio foi um verdadeiro pregador da Palavra de Deus. “O que Antônio vivia ele pregava”, disse, ressaltando que ao anunciar a Palavra de Deus, Santo Antônio pedia ao povo a conversão do coração.
“Santo Antônio cheio da Palavra de Deus anuncia um novo tempo, aquele inaugurado por Jesus. O frei português, com sua vida, deixou para os cristãos muitos sinais”, frisou. “O maior sinal de Santo Antônio não foi anunciar a si mesmo, mas a Jesus e o Reino de Deus”, acrescentou.
Para Frei Gilberto, neste tempo de pós-pandemia, se faz necessário menos palavras e mais afeto, mais gestos concretos. “É hora de falarmos a linguagem do amor, com mais força, mais intensidade, com mais coração”, ensinou.
O celebrante também discorreu sobre a realidade atual em que o país se encontra. Segundo ele, o santo franciscano é conhecido e reconhecido pelo hábito franciscano, pelo lírio da pobreza e também pelo pão. “No século XXI, com muitas tecnologias, não arrumamos um meio, ou um novo sistema de justiça e solidariedade?”, perguntou. “O número de pessoas que passa fome aumentou, são 33,1 milhões de brasileiros”, evidenciou. “A renovação das consciências e do coração tem que começar em mim, em nós devotos deste santo franciscano”, destacou.
“Olhando para o exemplo de Santo Antônio, que propagou o bem, nenhum de nós podemos voltar para nossas casas assumindo a velha vila. A caridade é nossa linguagem, nosso modo. Que Santo Antônio proteja nossas famílias, nossas crianças, nossos jovens, idosos e todos que sofrem as doenças do corpo e do espírito”, concluiu.
No final, a tradicional bênção de Santo Antônio encerrou a celebração.
SANTO ANTÔNIO: ARCA DO TESTAMENTO E JOIA DA SAGRADA ESCRITURA
Presidida pelo vigário paroquial, Frei Almir Ribeiro Guimarães, a solene missa das 18h começou com a procissão de entrada e de símbolos característicos da vida e missão do santo franciscano. O Coral dos Frades do Tempo da Teologia, sob regência do mestre, Frei Marcos Antonio de Andrade, animou toda a solene celebração.
Na sua reflexão, Frei Almir começou citando o prefácio de uma biografia de Santo Antônio, de Pe. Fernando Félix Lopes que se refere a Santo Antônio como a Trombeta do Evangelho: “Desde que há oito séculos apareceu no mundo, logo conquistou o coração de pequenos e grandes, de sábios e ignorantes, de pobres e ricos”, disse.
Depois, apresentou alguns traços da biografia do santo. Segundo Frei Almir, por ocasião de sua ordenação sacerdotal, tendo sido solicitado para pregar revelou eloquência e tesouro de sólida doutrina. “A partir de então foi designado para a vida ativa e apostólica. Esta teve vários desdobramentos: pregação, ensino, governo dos confrades como Ministro Provincial, composição de seus inúmeros sermões e escritos”, disse e lembrou que documentos e tradições multiplicam seus grandes feitos e milagres.
No dia 13 de junho do mesmo ano morre ali santamente. Onze meses depois é canonizado por Gregório IX em Espoleto”, ressaltou. “Pio XII em 1946 o proclamou oficialmente doutor da Igreja, título este a ele atribuído logo depois de sua morte”, encerrou.
A missa das 7h foi presidida pelo Definidor Provincial e Mestre dos Frades do Tempo da Teologia, Frei Marcos. O pároco e guardião, Frei Jorge Paulo Schiavini celebrou às 8h. Durante todo o dia o tradicional bolo de Santo Antônio foi vendido e esgotou antes mesmo da última celebração.
SANTO ANTÔNIO: PÃO EM TODAS AS MESAS
Na Paróquia do Sagrado Coração, há mais de 20 anos o Grupo de Oração Jesus Vive e é o Senhor da Renovação Carismática Católica (RCC), aceitou o convite e o desafio do então pároco da época, Frei Vitalino Piaia, para organizar e distribuir os pães ofertados pelos devotos de Santo Antônio aos mais carentes e necessitados.
Maria Isabel Pereira participa fielmente há 16 anos desta missão, com raras exceções, e não esconde a alegria em fazer parte da Pastoral do Pão de Santo Antônio. Dona Isabel, como é conhecida, partilha que o trabalho da pastoral consiste em distribuir o pão e principalmente acolher e conversar com todos os atendidos.
Nesta segunda-feira mais de 80 pessoas receberam o pão de Santo Antônio. “Essa ação é desenvolvida toda terça-feira, mas hoje, por ser o Dia de Santo Antônio, nossos atendidos receberam além dos pães um lanche com cachorro-quente e suco”, explicou. “Todo dia de Santo Antônio uma benfeitora doa 1000 pães, um metro de bolo e refrigerantes para esta ação”, acrescentou.
“A gente faz um trabalho de acolhida. Muitas pessoas têm problemas psicológicos, estão desorientadas e nós conversamos com elas. Tem pessoas que ontem foram acolhidas e que hoje são voluntárias neste serviço ou que até mesmo se tornam benfeitoras do Pão de Santo Antônio”, destacou.
Ao ser perguntada sobre a importância deste serviço em sua vida, foi enfática ao afirmar que tem uma gratidão muito grande a Jesus. “Sou uma apaixonada por Jesus, então pra mim dar um pouquinho do que posso é muito gratificante”, revelou. “A intercessão de Santo Antônio é incrível. Chegou um dia em que o pão acabou. Então decidimos fazer uma vaquinha para comprar os pães que faltavam. Quando íamos descendo a escada, parou uma Kombi cheinha de pães e era exatamente aquilo que nós precisávamos”, contou. “Eu amo muito essa pastoral pois a gente consegue ver concretamente as coisas acontecerem”, disse emocionada.
Frei Augusto Luiz Gabriel