Termina o Congresso da Ordem: ‘Reconstrói a minha casa’
27/05/2014
Frei Estêvão Ottenbreit
Roma (Itália) – As atividades no 1º Congresso Internacional para as Missões e Evangelização da Ordem dos Frades Menores continuam intensas na capital italiana. O sábado foi dedicado à Família Franciscana. Nesta missão de evangelizar pela vida, palavras e ação, não estamos sozinhos. Outros homens e mulheres fizeram a mesma escolha e opção. Falou-nos o delegado da Ministra Internacional da OFS, o Sr. Benedito Lino, membro do Conselho Internacional da Ordem Franciscana Secular (OFS), Frei Prospero Rivi, representando a MOFRA (FFB para nós), a Irmã Denish Rachel Kambire, franciscana missionária de Maria; o casal Marco Fabián e Liliana Maribel, missionários no Equador; e Kim Smolik e Higgin Botahn, do Centro de Voluntários Franciscanos de Washington. Uma grande família com o mesmo desejo de viver o Evangelho e anunciá-lo pela vida e, quando necessário, por palavras.
O domingo nos deu um momento de descanso. A maioria dos participantes do congresso aproveitou para visitar a cidade de Assis. Para muitos foi a primeira vez e, mesmo para os que já tiveram oportunidade, sempre é um momento de graça especial de encontro e reencontro com os lugares que nos falam do carisma, da nossa vocação e missão.
Depois da muitas e boas palestras ao longo da primeira semana do Congresso, chegou a hora dos testemunhos. Praticamente toda a segunda-feira foi tomada pelos depoimentos de frades que trabalham nas mais diferentes frentes de “fratura social”. Foi impressionante e em alguns momentos emocionantes. No início, Frei Joe Rosansky, praticamente a título de introdução, nos falou da espiritualidade do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC).
O responsável pelo JPIC dos Frades Menores Conventuais, que viveu muitos anos no Peru, deu o depoimento que transformou sua vida. Ele com mais dois confrades viviam numa região dominada pelo “Sendero Luminoso” (guerrilha peruana). Quando ele esteve na Polônia, gozando de férias, os dois jovens confrades foram assassinados pelos guerrilheiros. Frei Augustin Esposito, médico e atual ministro provincial da Província Franciscana de Nápoles, nos falou de sua experiência de franciscano e médico atendendo diariamente o Pronto Socorro de um hospital daquela cidade. Frei Victor Quematcha, custódio da Custódia Franciscana de Guiné Bissau, mostrou o trabalho dele e dos confrades num grande leprosário. Frei Thomás Gonzaléz Castillo, da Província Franciscana do México, com sede em Cancun, emocionou a todos com seu relato do “Lar para refugiados”. Vale a pena conhecer alguns dados a respeito do problema grave da migração:
– No mundo, em alguns casos, povos inteiros estão se deslocando.
– As causas são:
* o sistema econômico de exclusão
* guerras internas ou externas
* degradação do meio ambiente
* tráfego de pessoas
* Desintegração do país
– 420.000 pessoas tentam anualmente sair da América do Sul para os EUA
Os frades mantém este “Lar” onde dão acolhida pelo tempo necessário aos que deixaram sua terra (estão desenraizados de sua cultura) e que agora são “ninguém” no caminho do México em busca dos Estados Unidos.
Todos estes depoimentos mostraram que, em todas as partes do mundo onde há frades, sempre se encontra uma forma para “reinventar”, ou melhor dizendo, de atualizar o carisma franciscano. É isto que dá esperança.