Família Franciscana se prepara para a Cúpula dos Povos
21/05/2012
Por Cláudio Santos, especial para este site
O Regional RJ/ES da Família Franciscana do Brasil (FFB) realizou, no último sábado, no Colégio Maria Raythe, mais uma etapa preparatória para a Cúpula dos Povos que acontecerá entre os dias 15 e 23 de junho. Os dias 5 e 20 de junho serão de mobilização global.
O objetivo do encontro foi o de aprofundar o debate sobre os impactos da chamada “economia verde” – defendida pelos países capitalistas – e sua relação com a justiça ambiental e social em nível global. O encontro também foi marcado pela disposição de articular os diversos ramos da Família Franciscana para participarem das atividades programadas no Aterro do Flamengo e que contarão com a participação de defensores do meio ambiente, estudantes, militantes dos movimentos sociais, organizações não-governamentais, povos indígenas e religiosos do Brasil e do mundo que estarão aqui lutando por justiça ambiental e social que virão a Cúpula dos Povos para dizer NÃO a economia verde.
O debate contou com a participação do guardião do Convento Santo Antônio, frei Vitório Mazzuco, OFM, e da coordenadora do IBASE, Moema Miranda, e mediado pela irmã Ana Maria Vicente Soares, da Congregação das Catequistas Franciscanas, além de religiosas e irmãos das fraternidades franciscanas seculares do Regional Sudeste II, representado pela Coordenadora Regional de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação (CODHJUPIC), Maria Conceição Messias.
Em sua reflexão, Frei Vitório afirmou que decorridos 800 anos a ecologia franciscana é uma responsabilidade moral em defesa do meio ambiente e da vida; não de forma utilitária, mas de uma relação de parceria e de fraternismo cósmico. Frei Vitório ressaltou que a ecologia franciscana sempre buscou uma melhoria da qualidade de vida em todos os aspectos e que os franciscanos sempre tiveram um olhar crítico para o progresso e a tecnologia por estimularem um estilo de vida que utiliza demais os recursos naturais e que educa para o acúmulo e não para a comunhão de bens.
Em sua exposição, Moema Miranda fez uma retrospectiva do desenvolvimento da sociedade e do avanço do capitalista a partir da Era Moderna, na qual os meios de produção foram expropriados e passaram a se tornar mercadoria. Essa mudança estrutural da sociedade foi fundamental para que a burguesia em ascensão passasse a ter uma relação utilitária e economicista dos recursos naturais para a manutenção do sistema capitalista.
Segundo Moema esse modelo apenas se recicla diante das crises, mas matem sua natureza perversa que servem até hoje aos países capitalistas que virão a Rio+20 defender a economia verde que é uma proposta de mercantilização dos bens comuns, sobretudo dos recursos naturais cada vez mais escassos como a água e as florestas. Moema Miranda finalizou dizendo que a Cúpula dos Povos servirá de contraponto a Rio+20, pois estará pautada pela necessidade de se debater de forma aprofundada justiça ambiental e social, pois a pauta prevista para a Rio+20 oficial – a chamada “economia verde” e a institucionalidade global – é considerada por nós como insatisfatória para lidar com a crise do planeta, causada pelos modelos de produção e consumo capitalistas.
Para enfrentar os desafios dessa crise sistêmica, a Cúpula dos Povos não será apenas um grande evento, mas um processo de acúmulos históricos e convergência das lutas locais, regionais e globais, que tem como marco político a luta contra o capitalismo. A Cúpula dos Povos é uma oportunidade para tratar dos graves problemas enfrentados pela humanidade e demonstrar a força política dos povos organizados.
As ações da Cúpula estão todas interligadas e serão organizadas de forma livre da presença corporativa e com base na economia solidária, agroecologia, em culturas digitais, ações de comunidades indígenas e quilombolas, além de atrações culturais durante o encontro. A idéia é que a Assembléia Permanente dos Povos – o principal fórum político da Cúpula – se organize em torno de três eixos e debata as causas estruturais da atual crise civilizatória, sem fragmentá-la em crises específicas – energética, financeira, ambiental, alimentar.
Espera-se com esses debates afirmar paradigmas novos e alternativos construídos pelos povos e apontar a agenda política para o próximo período. Os três eixos são: denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital, soluções e novos paradigmas dos povos e estimular organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20. Os dias 5 e 20 de junho serão de mobilização global.
“Venha reinventar o mundo”. Esse é o chamado da Cúpula dos Povos para a participação de todos que estão em defesa da vida e contra toda forma de exploração e injustiça.
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