No dia 8 de novembro de 2018, o tradicional Ato Acadêmico em honra ao Beato João Duns Scotus aconteceu na Aula Magna na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.

Participaram do evento Frei Marek Wach, Secretário Geral da Universidade, a professora Carmela Bianco, Frei Josip B. Percan, Presidente da Comissão Scotista Internacional. O encerramento ficou por conta do Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores e o Grão-Chanceler da Universidade, Frei Michael Anthony Perry.

Acompanhe alguns trechos da fala do Ministro Geral:

O pensamento de João Duns Scotus

Com São Francisco, Scotus está convencido de que é possível que os indivíduos sejam conhecidos como tais, não só por suas características externas, mas também por sua “hecceidade”[1].  Ela é conhecida de forma vaga, por meio de uma certa intuição e, em análise final, sua particularidade continua sendo um mistério oculto. Neste nível, a “hecceidade” é incomunicável, é uma solidão última. Isto dá a cada pessoa sua importância única e seu valor.

O mundo de hoje

Que ensinamento podemos extrair para nosso mundo, onde a dignidade sagrada e o valor de cada indivíduo são deixados de lado com tanta indiferença e são violados em nome da liberdade pessoal desenfreada, a autonomia e a ganância egoístas? Qual poderia ser o remédio ou a solução?

O remédio

Alguém escreveu que o ódio e a violência destrutiva que nos rodeiam somente podem ser superados pelo amor. Esta não é uma tarefa fácil, é necessário nada menos que uma mudança radical do coração (metanoia). Como família humana, precisamos aprender, ou voltar a aprender, uma forma diferente de olharmos uns para os outros. Não somos indivíduos isolados, incapazes de nos relacionarmos. A individualidade não é uma barreira impenetrável. As diferenças pessoais não são uma ameaça frente às quais teremos que erguer muros, mas são um dom que deve ser respeitado, valorizado e acolhido.

A tarefa da reflexão

Para nos inspirarmos e nos apoiarmos neste trabalho, precisamos da ajuda de líderes que sejam capazes de pensar e que nos apresentem uma visão melhor, que reflitam sobre o que está acontecendo em nosso mundo e identifiquem formas para melhorá-lo, que extraiam os recursos de nossa tradição humana e religiosa como os preceitos bíblicos e as intuições de pensadores como Scotus, de guias que possam nos revitalizar quando as energias diminuem ou quando esquecemos o que temos que fazer. Isto é o que o mundo necessita agora.

Confira na íntegra em italiano e inglês

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Sobre o Bem-Aventurado João Duns Scotus

Nasceu em Duns, na Escócia, pelos fins de 1265 e, muito jovem ainda, foi recebido na Ordem de São Francisco de Assis. Foi ordenado presbítero no dia 17 de março de 1291. Após obter a graduação acadêmica na Universidade de Sorbonne, em Paris, foi professor nas universidades de Cambridge, Oxford, Paris e, finalmente, em Colônia.

Verdadeiro filho do Porevello de Assis, investigou com grande sutileza a divina Revelação, produzindo muitas obras filosóficas e teológicas. Com vigor ardente anunciou o mistério do Verbo Encarnado e foi incansável defensor da Imaculada Conceição da Virgem Maria e da autoridade do Romano Pontífice. Em 23 de junho de 1303, por se ter recusado a subscrever o libelo de Filipe IV, o belo, Rei da França, contra o Papa Bonifácio VIII, foi expulso de Paris, indo para Colônia, onde a 8 de novembro de 1308 foi colhido por morte prematura, no auge de sua atividade magisterial.

Saiba mais: http://franciscanos.org.br/?p=59670

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[1]A haecceitas consiste em ser haec res, esta coisa. Em Pedro e em Paulo está toda a essência humana; mas em Pedro há uma formalitas a mais, que é a petreidade, e em Paulo, a paulidade. Esse é o princípio da individuação em Duns Escoto, que não é apenas material, como na metafísica tomista, mas também formal. (Fonte: sumateologica.wordpress.com)

Fonte: Ordem dos Frades Menores | Traduzido por franciscanos.org.br