Fé e cultura popular na 1ª Romaria dos Conguistas
24/04/2017
Érika Augusto (texto e fotos)
Vila Velha (ES) – Já é histórica a presença do Congo na Festa da Penha. Todo sábado de Aleluia, o Congo Mestre Honório, da Barra do Jucu, sobe ao Convento da Penha. Mas neste ano foi organizada a 1ª Romaria dos Conguistas. A data escolhida foi o dia de Nossa Senhora da Penha, nesta segunda-feira. A concentração foi na Paróquia do Rosário, na Prainha, às 7h.
Cerca de 700 participantes, de 27 bandas de congo de todo o Estado estiveram presentes. Vindas de Vitória, Barra do Jucu, Fundão, Serra, Guarapari, João Neiva, Aracruz e de Vila Velha, eles trouxeram muita animação, alegria e tradição ao Convento da Penha.
Uma equipe de apoio estava cuidando de toda logística da Romaria. Frei Pedro Rodrigues, da fraternidade do Convento da Penha, acompanhou de perto e com muita alegria. Às 8h as bandas começaram a subir para o Campinho. Pelo caminho, os fiéis que passavam ficavam surpresos com tantas cores e sons no caminho. Foi ao ritmo das casacas e dos tambores que os 27 grupos chegaram ao Campinho, onde Frei Paulo Pereira esperava para dar a bênção à coroa e ao mastro, que foi fincado no Parque da Prainha.
As porta-estandartes, rainhas e princesas subiram no palco, enquanto as bandas passavam para receber água benta. O colorido das sombrinhas no Oitavário deu lugar ao colorido das bandeiras, estandartes, fitas e colares.
O congo é uma tradição tipicamente capixaba. Tem sua origem nos escravos, que não podiam celebrar as festas da igreja. Eles criaram então um jeito próprio de louvar os santos, sobretudo São Benedito, São Sebastião, São Pedro e Nossa Senhora da Penha.
O mastro, com as fitinhas amarradas, foi levado próximo ao palco para que recebesse a bênção. Os Aprendizes Marinheiros levaram o mastro durante todo o trajeto. Frei Paulo pediu licença aos mestres do congo para conduzir uma saudação a Nossa Senhora da Penha, pedindo primeiro que as casacas respondessem, depois os tambores.
Frei Paulo agradeceu aos conguistas pela presença, que abrilhantou ainda mais a Festa da Penha deste ano. Ele ressaltou a importância do congo na cultura capixaba e afirmou que para conhecer o Espírito Santo, tem que subir ao Convento da Penha, comer moqueca e conhecer o congo. Ele acrescentou que é esta imagem que as pessoas devem ter do Estado, um local onde predomina a beleza e a tradição, e não uma imagem de violência.
Foi neste clima de festa, cultura e devoção que as bandas desceram do Convento da Penha.
O grupo parou na Praça Frei Pedro Palácios, na Prainha, para fazer a ficada do mastro. Todos os grupos reunidos cantaram o tradicional “Iaiá, você vai à Penha”. Num clima festivo, com muita dança, inclusive dos Aprendizes Marinheiros e com a presença do “padrinho”, Frei Pedro, o mastro foi fincado próximo à antiga entrada do Convento da Penha, onde fica a gruta Frei Pedro Palácios.
CICLISTAS FAZEM A ÚLTIMA ROMARIA DA FESTA DA PENHA
Frei Gabriel Dellandrea
Vila Velha (ES) – O louvor a Nossa Senhora, durante a Festa da Penha, ocorre de muitas maneiras. Uma delas é a Romaria dos Ciclistas, que reuniu inúmeros fiéis, lotando o Parque da Prainha. Este é o destino final dos muitos homens e mulheres que pedalaram aproximadamente uma hora em espírito de alegria e devoção até as proximidades do Convento da Penha.
Balões coloridos, estampas de Nossa Senhora e até uma imagem de São Francisco no bagageiro enfeitaram as bicicletas dos romeiros. Além disso, nas camisetas e com o terço na mão ou no pescoço, os fiéis demostraram a quem desejavam louvar: Nossa Senhora da Penha! E assim o foi. Com Frei Diego Melo, fizemos uma breve e profunda oração e bênção aos ciclistas. Um momento forte foi quando eles levantaram as bicicletas o mais alto que puderam, para que fossem abençoadas.
E esta Romaria reuniu desde uma criança de 4 anos até um senhor de 87 anos. Por fim, depois das orações, os freis aspergiram o povo que alegremente recebeu a bênção e voltou para seus lares com a certeza de que não caminhavam, quer dizer, pedalavam sozinhos. Maria, a Mãe da Penha, também é guia dos ciclistas, e pedala com eles pelas estradas por onde passarem.