Guias fazem tour no Santuário para divulgar aos turistas
03/04/2017
Pouca coisa sobrou do incêndio de 1880. O fogo apenas não consumiu as paredes, resistentes e feitas em taipa de pilão, e as imagens de São Francisco e de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, ambas do século XVII.
Este foi um dos fatos apresentados na manhã da última sexta-feira, 31 de março, quando um grupo de nove guias de turismo esteve em visita pelo Santuário de São Francisco, localizado na região central de São Paulo. Recebidos pelo pároco e reitor, Frei Alvaci Mendes da Luz, conheceram relatos que unem história, arquitetura e fé.
“Nosso objetivo é nos aprofundar nestes acontecimentos cada vez mais, uma vez que nossa cidade sempre atrai turistas, principalmente vindos de outros países. Muitos se interessam pela arquitetura. Mas há também aqueles que são atraídos pela riqueza das construções associada às histórias que carregam. E as igrejas católicas, pelo papel na formação da sociedade, são o foco principal destas visitas”, relata o guia Sérgio, um dos líderes do grupo.
Por quase três horas Frei Alvaci dedicou-se a explicar desde a história do convento, que neste 2017 completa 370 anos de fundação, citando a “doação” do antigo convento para a criação da Faculdade de Direito, a construção da Igreja de São Francisco das Chagas, numa iniciativa dos leigos da Ordem Terceira, até mesmo as ações hoje desenvolvidas pelas diversas pastorais presentes na paróquia.
“Os relatos históricos nos mostram que esta casa sempre foi referência de apoio à comunidade mais carente. Ao fundo, onde hoje está a estrutura do convento, os frades tinham pomares e criavam animais. Tudo isso era repartido com os mais humildes. Era a chamada ‘Porta dos Pobres’, serviço que não deixou de acontecer com o passar dos anos”, contou o frei.
Atualmente os frades, com apoio da Prefeitura de São Paulo – que colabora com o alimento, atende 300 moradores de rua, todos os dias para o almoço. O chá da tarde e o banho completam essa ação de acolhida, estendida a outros pontos da cidade através do SEFRAS – Serviço Franciscano de Solidariedade, cujas atividades também envolvem crianças em situação de vulnerabilidade, acolhida aos imigrantes, entre outras ações.
História, avanços e fé
Até 1940 o prédio da igreja era apenas conventual, embora sempre aberto à comunidade, conforme o carisma dos franciscanos. Foi apenas em 1940, com o crescimento da comunidade ao seu redor, que veio a elevação à paróquia. Já em 1997, por ato do então cardeal da Arquidiocese de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, o então Convento e Paróquia foi elevado a Santuário.
A visita, que passou também pela Igreja de São Francisco das Chagas e seus interiores – incluindo o museu e o mausoléu onde estão sepultados antigos fieis, trouxe fatos também da vida de São Francisco, desde a impressão das chagas em suas mãos até sua ligação com os animais.
“O título de Francisco como patrono dos animais é uma devoção que tem força maior no Brasil. A base disso está no fato dele ser considerado o Santo Universal, aquele que pensava em todas as criaturas como fruto da ação de Deus, e também por ele ter composto o ‘cântico das criaturas’, que é considerada a primeira poesia em língua italiana. Mas soma-se a isso o episódio em que ele pregou aos pássaros e acalmou um lobo. Em 1980, o papa João Paulo II o declara Patrono Mundial da Ecologia”, explicou Frei Alvaci.
Pequenos detalhes da vida de Santo Antônio de Sant´Ana Galvão (Frei Galvão), que morou no convento por 60 anos, também foram lembrados, da mesma forma que os pães, feito pelos frades e vendidos na porta da igreja. Aliás, no final da visita, este foi o ponto de dispersão, com os guias comprando os pães e já entusiasmados em voltar com o primeiro grupo de turistas.
Texto e fotos: Rafael Faria