Frei Marcos Prado celebra Primícias em São Lourenço
20/10/2014
Frei André Luiz Henriques (texto) e Frei Augusto Luiz Gabriel (fotos)
São Lourenço (MG) – Domingo é o Dia do Senhor, o dia dos dias; e a Oração Eucarística, a mãe de todas as orações. Contudo, este Domingo e esta Eucaristia são particularmente únicos, e ficarão marcados na memória do neo-sacerdote Frei Marcos Prado dos Santos de modo indelével.
Após a procissão de entrada, o pároco de Santo Amaro da Imperatriz, Frei Daniel Dellandrea, juntamente com seus paroquianos, trouxeram até o altar as vestes sacerdotais, e renovaram o gesto da vestição, manifestando a acolhida da paróquia onde Frei Marcos atuara como diácono e para onde retornará como presbítero e vigário paroquial.
Como tradição da Província, Frei Evaristo Spengler foi escolhido pelo neo-sacerdote para fazer a homilia em sua primeira missa, e a iniciou saudando a terra e a família de Frei Marcos: “Esta terra (São Lourenço) tem sido pródiga em dar à Igreja e à nossa Ordem franciscana muitas vocações. Oxalá Deus continue a suscitar aqui muitas vocações, recompense e abençoe todas as famílias pela sua generosidade, especialmente Dona Ruth e sua família pela entrega de Frei Marcos sem reserva à Igreja. Que belo ato de generosidade. Por trás de uma vocação sempre tem uma família… família que reza e que apoia”. O pregador escolheu três aspectos centrais deste dia: o lema da ordenação, o dia das missões e o sacerdote.
A messe é grande: Jesus falava de um pastor que tem cem ovelhas, deixa noventa e nove e vai à procura de uma. Contudo, hoje é necessário deixar uma e ir em busca das noventa e nove que estão dispersas. O grande desafio é a transmissão da fé. Outrora, esta era testemunhada pela família aos filhos, reforçada pela escola nas aulas de religião e aprofundada pela Igreja na catequese. Mas, hoje, quem diz o que está certo ou errado? Torna-se infrutífero falar em fidelidade matrimonial quando, nas novelas, quanto mais traições melhor, mais ibope…
Missão: Neste contexto, toda a Igreja é chamada a ser missionária e todo lugar é terra de missão. Embora subsista a necessidade de projetos missionários específicos, como a missão de Angola, realizada pela nossa Província. Os dez anos em que lá trabalhou marcaram profundamente o sacerdócio de Frei Evaristo, e ele citou três exemplos particularmente expressivos:
• Indo para Sautar, onde os missionários não tinham mais acesso há 20 anos por causa da guerra, os frades encontraram no caminho uma senhora idosa que lhes disse: Eu sempre comungava. Não queria morrer sem voltar a confessar e comungar.
• No município de Luquembo, onde há 15 anos não passavam missionários, um casal saiu pelo caminho, estando a mulher grávida de 9 meses. Era sexta-feira. A criança nasceu na estrada, ao fim da tarde. No sábado, o marido carregou a esposa nas costas e a criança nos braços e caminhou o dia inteiro debaixo do sol. No Domingo, retomou a estrada e, novamente, na segunda-feira, até às 15h; quando chegou com um sorriso largo, dizendo: Viemos nos casar e batizar nossos filhos.
• Em Cambundi Catembo, onde havia uma base militar, após anos de muita guerra e matança, vieram os soldados se confessar… Os inimigos se reconciliaram e suplicavam o perdão sacramental. Naquele dia, ele rezou: Senhor, hoje eu vi o teu Reino entre nós!
Sacerdote: Papa Francisco nos ajuda a entender o papel do sacerdote hoje. A unção com o óleo perfumado, recebida no dia da ordenação, não pertence ao padre, e este não pode guardá-la num cofre, mas deve levá-la às ruas e periferias, para perfumar os pobres, doentes, presos, tristes e abandonados. O pastor deve ter o cheiro das ovelhas e o sacerdote, ser portador da alegria do Evangelho e ministro da misericórdia divina. Ser misericordioso é, antes de tudo, curar as feridas.
Como o lema de ordenação ressaltava a necessidade de pedirmos operários ao dono da colheita, Frei Evaristo terminou sua homilia convidando todo o povo a estender as mãos ao altar e suplicar ao Senhor o dom da vocação e da fidelidade.
Ao final da missa, vieram as homenagens dos paroquianos de Santo Amaro, que ofereceram rosas ao neo-sacerdote; dos fiéis de Imbariê, paróquia de Frei Evaristo; dos irmãos da OFS de São Lourenço e da comunidade Santa Mônica, onde a família de Frei Marcos reside. Concluída a missão, os missionários partiram para suas terras levando consigo a emoção destes dias e a saudade do que aqui vivenciaram.