Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Mensagem do Ministro Provincial por ocasião dos 25 anos de presença franciscana em Angola

05/01/2015

Notícias

“Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos… (Mt 28,19-20). Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 19-20).

Caríssimos irmãos e irmãs,

02Com estas palavras iniciais da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, os convido a celebrar os 25 anos da nossa presença franciscana em Angola, hoje representada pela Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. E para bem celebrar esta data no mês de setembro de 2015, convém rememorar a motivação que fundamentou o envio dos primeiros frades que deram início à implantação da Ordem dos Frades Menores em terras angolanas.

A nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, no Capítulo Provincial de 1988, iniciou os preparativos para a celebração do Primeiro Centenário da sua Restauração (1991). Nesse Capítulo, como gesto concreto de restituição a Deus pela obra missionária dos frades alemães que, ao restaurarem a nossa Província também iniciaram um novo projeto evangelizador na região sul e sudeste do Brasil, a nossa Fraternidade Provincial aprovou o início de uma frente missionária na África. Inicialmente havíamos pensado na Guiné-Bissau. Mas quis o desígnio divino que iniciássemos esta missão em Angola.

Se naquela época o Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores nos convidava à ‘Formação para o Espírito Missionário’ mediante o clamor “A ÁFRICA NOS CHAMA”, e se a nossa Província tinha como um dos seus objetivos específicos ‘Desenvolver o Carisma Missionário Franciscano’ e o desejo de restituir gratuitamente a Deus pela vinda abnegada dos missionários alemães que há cem anos iniciaram um NOVO projeto de restauração, a resposta concreta e profética veio dos confrades que se prontificaram a iniciar e assumir uma nova presença missionária em Angola. E não foi por acaso que esta presença evangélica e evangelizadora se iniciou num período em que Angola encontrava-se imersa em graves conflitos sociais, numa guerra civil que gerava pobreza, destruição e morte.
Naquela época Frei Estêvão Ottenbreit, então Ministro Provincial, escreveu: “A África nos espera! E com isso a Província renasceu… Fomos capazes de direcionar o olhar para além dos horizontes de nosso dia a dia, para além daquilo que conhecemos e amamos; veio à tona o espírito missionário que está na dupla raiz de nossa Província (Fundação e Restauração), e que se constitui no essencial de nossa vocação franciscana: PARTIR – para o desconhecido, sem bagagem, esquemas e projeções; COMPARTILHAR – a vida do povo. Estar no meio do povo para ouvir e aprender; TESTEMUNHAR – antes de tudo pela vida, a cortesia e ternura de Deus, através da nossa submissão a toda criatura”.

E foi assim que, no dia 25 de setembro de 1990, Frei Pedro Caron, Frei José Zanchet e Frei Plínio Grande da Silva desembarcaram em Luanda, seguindo no mesmo dia para Malange, onde tudo começou. Simplesmente partiram, sem medo, para compartilhar e testemunhar.

01Que a memória das origens da nossa presença missionária em Angola nos estimule a resgatar com gratidão estes 25 anos de caminhada, não sem sacrifícios, lutas e até perdas, próprias de quem abraça e carrega com amor o mistério da Cruz. E que acima de tudo saibamos evidenciar as nossas conquistas para agradecer e louvar a Deus. E entre tantos benefícios que o Senhor nos concedeu, destaco especialmente os novos confrades angolanos dados pelo Senhor e que o Doador de toda boa dádiva continua a nos oferecer: Frei António B., Frei Afonso K., Frei João B., Frei João Alberto, Frei Ermelindo, Frei José Morais, Frei Gaudêncio, Frei Manuel, Frei Mvula, Frei João C., Frei Canga Manuel, Frei Ananias, Frei Alfredo, Frei Mário, Frei Mateus, Frei Santana, Frei Siro, os sete Noviços que estão em Rodeio, os sete Postulantes de Quibala e o significativo número de Seminaristas que fazem seu discernimento vocacional no seminário de Malange. Sem dúvida alguma, podemos cantar com a mesma alegria e fé o canto do povo de Deus no Quimbo de São Francisco, em Luanda-Palanka: “Como hei de agradecer a tamanha graça que o Senhor me concedeu”.  Mas precisamos todos cuidar para que esta planta se enraíze, crie firmeza, estenda seus ramos e frutifique em muitas novas vocações angolanas.

E hoje, 25 anos depois, Angola continua a nos convidar para que abracemos com paixão os novos desafios da evangelização missionária que o Senhor acredita sermos capazes de abraçar. Angola necessita da nossa generosidade! O clamor que marcou nossa primeira ida continua vivo: “Partir para o desconhecido, sem bagagem, esquemas e projeções; Compartilhar a vida do povo, estar no meio daquele povo para ouvir e aprender; Testemunhar, antes de tudo pela vida, a cortesia e ternura de Deus, através da nossa submissão a toda criatura”.

A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium nos recorda que “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não quero me destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo…”(EG 273).  O Papa Francisco, ao exortar que a prioridade da vida consagrada é “a profecia do Reino, que não é negociável”, admoesta: “Não tenham medo de se dirigir a quem quer que seja” e recorda que “o carisma dos religiosos é como fermento: a profecia anuncia o espírito do Evangelho”. E isso exige de cada um de nós o “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).

Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM
Ministro Provincial