1ª Caminhada Franciscana de Campo Largo provoca os jovens
07/10/2019
Frei Franklin Matheus da Costa
Campo Largo (PR) – Surpresa, superação, emoção e alegria. Foi assim a 1ª Caminhada Franciscana de Campo Largo e região, no sábado, 5 de outubro. Cerca de 80 jovens e adultos participaram dessa Caminhada, que teve como tema uma frase do início da vida de Francisco de Assis: “É isso que eu quero, procuro e desejo, fazer de todo o coração.”
Tudo começou às 5 horas da manhã na Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Campo Largo. Com a reflexão: “Aparecida que nasce das águas e intercede ao Pai pela sede dos filhos”, deu-se a abertura da caminhada pelas ruas e bairros da cidade. Cada peregrino teve uma oportunidade única de fazer uma experiência íntima com o próprio Deus, principalmente ouvindo os apelos pela natureza sofrida, tendo à vista a situação de degradação em que se encontra o Rio Cambuí. Essa etapa da caminhada foi concluída com a Oração da Manhã, às margens do rio.
Na sequência, os caminhantes partiram rumo ao Centro de Cultura Polonesa, localizado no bairro do Botiatuva, e ali conheceram alguns traços da história desse povo e sua chegada ao Brasil, como algumas vestes, comidas típicas. Esse momento foi encerrado com a bênção do novo presépio do local.
Com tempo firme e sol forte, a caminhada foi retomada em seu trajeto mais longo: até a Comunidade São Roque, onde todos tomaram café e fizeram um momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento, conduzidos pela bela reflexão baseada na multiplicação dos pães. Abastecidos e caminhando num ritmo mais forte, os jovens fizeram o caminho da superação e da ajuda fraterna ao serem desafiados em algumas subidas.
Ao chegarem na comunidade Nossa senhora do Carmo, os jovens foram recebidos com muita festa pelas crianças da catequese. Debaixo de uma sombra fresca e ao som da música “Desamarem as sandálias e descansem…”, foram acolhidos.
Na Capela Jesus Misericordioso, todos os participantes rezaram o Terço da Misericórdia com a comunidade e seguiram caminho, passando pela Comunidade São Vicente de Paulo até o encerramento do percurso, na matriz Nossa Senhora Aparecida, feito com muita festa ao som dos sinos, exatamente às 17h30.
Missa de Encerramento
As 19 horas, todos os paroquianos, juntamente com os jovens que participaram da Caminhada, reuniram-se na igreja Matriz para a celebração do 3° dia da Novena em honra à Padroeira do Brasil e para celebrar o encerramento da 1ª Caminhada Franciscana Campo Largo e Região.
Nesta celebração, o tema foi “Maria, mulher do encontro, nos ensina a encontrar Jesus, assim como Francisco nos leprosos de hoje”. No Ato penitencial, o animador vocacional da Província Franciscana da Imaculada Conceição e presidente da Celebração, Frei Diego Atalino de Melo, exortou a todos sobre os leprosos de nossos dias. Com frases do Papa Francisco, alguns jovens se caracterizam de “leprosos”, como indígenas, pessoas em situação de rua, LGBTs, a mulher que sofre violência, presidiários. Todos foram acolhidos por Maria, simbolizada por uma jovem negra, que ia ao encontro de cada um e o recebia com um abraço.
O momento mais emocionante veio em seguida. Durante a homilia, um homem em situação de rua entrou na igreja e se dirigiu ao presbitério. Todos da comunidade ficaram incomodados, pois isso é comum nas celebrações. Frei Diego, falando sobre os leprosos de nosso tempo, chamou este homem e lembrou o Cristo que Francisco viu no leproso. Disse que este leproso era o Cristo chagado e que vivia diariamente com a comunidade da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Tirando os trajes que tampavam o seu rosto, veio a surpresa: o leproso era o próprio pároco Pe. Aguinaldo Martins, que concelebrou com Frei Diego.
Ao falar da experiência, Pe. Aguinaldo chegou a se emocionar. “Desde o primeiro momento que comecei a me caracterizar, já me senti diferente. Me vi anulado, sem dignidade e incomodado com aquela roupa fedida … Parece que encarnei mesmo o personagem. Senti-me muito ruim. Talvez o maior sentimento que uma pessoa nessa situação sente é o da falta de acolhida do povo da Igreja, porque são os de dentro da Igreja os primeiros a não acolher o diferente: um mendigo de rua, um negro, uma negra, um homossexual…. Senti-me muito frágil. Eu quero agradecer a Deus muito, muito mesmo, e ao Frei Diego por me proporcionar mais uma experiência de vida, que começou lá nas Missões Franciscanas da Juventude no Rio de Janeiro, onde eu fiquei na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis. Isso foi mais uma bênção em minha vida…”, disse, agradecendo a presença dos frades do Convento São Boaventura, que realizam atividades pastorais na Paróquia. “A partir de hoje, sou um pouquinho mais franciscano com vocês. E gostaria que vocês também fossem franciscanos. Não sei o que falarão de mim, em minha Diocese, em Campo Largo. Eu não me preocupo com isso, estou com o Papa Francisco, estou com Jesus Cristo, estou com Francisco. Paz e Bem”.
Com a consagração a Nossa Senhora Aparecida, Frei Diego deu a bênção final e enviou todos os jovens que participaram da Caminhada Franciscana em missão pelo mundo.
Segundo Aline de Azevedo, participante do Grupo de Jovens franciscanos da Paróquia, essa experiência chamou a atenção pelo cuidado à natureza e aos irmãos menos favorecidos. “Além disso, fizemos muitas amizades e pudemos conhecer ainda mais a vida e o propósito de cada um. Isso é maravilhoso. Fiquei muito feliz por tudo. Foi maravilhoso”, comemorou.
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