Saudação ao irmão Paulo Machado da costa e silva, OFS
“Louvado sejas, meu Senhor, por nossa Irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
…Felizes os que ela achar conforme à tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal!”
Foi dentro desta experiência que o nosso querido irmão, Paulo Machado da Costa e Silva, teve a iluminação e a certeza da plena libertação, partindo para a casa do Pai, no dia 18 de março de 2019.
Alegra-te, irmão, e rejubila em meio a teus sofrimentos e tribulações, pois de hoje em diante vives em paz, no reino de deus.
Ninguém desconhece o desejo de São Francisco de ser cavalheiro. Inicialmente, dos nobres, dos senhores feudais, depois do Senhor: “Francisco, o que vale mais, servir ao Senhor ou ao vassalo? Então, porque estás correndo atrás do vassalo?”
Então, Francisco resolve servir ao Senhor, e recomendava aos seus frades “considerar a vida como um serviço cavalheiresco ao Senhor, “sob o sinal da cruz”
O movimento da Cavalaria Medieval, que tanto encantava os jovens da época, não deixou Francisco indiferente a este fascínio, e como todo jovem, via no cavaleiro, nos ideais da cavalaria, um arquétipo do ideal humano, a descrição ideal de um modelo humano, caracterizado pela nobreza de alma, honradez, coragem e cortesia. Ideais estes, que não faltavam ao Paulo Machado.
Neste sentido podemos considerar a vida do nosso irmão Paulo Machado, nestes 102 anos existência entre nós, particularmente, na Ordem Franciscana Secular: um verdadeiro cavalheiro do Senhor, cumprindo perfeitamente o Código da Cavalaria que, a biografa franciscana Maria Sticco resume este código em cinco pontos, quais sejam.
A Obediência ao Senhor. Obedecer é captar o desejo do Senhor. Fazer a Sua vontade.
A Pobreza: é o estar nu de corpo e de coração para revestir-se da única riqueza que é o Senhor.
A Pureza de coração: ou seja, puro de coração. O interior do homem deve ser purificado de tudo o que é mau, sobretudo dos maus desejos e dos pecados.
O artesanal: “E eu trabalhava com as minhas mãos e quero trabalhar. E quero firmemente que todos os outros irmãos se ocupem num trabalho honesto”. Neste sentido a vida do Paulo foi exemplar, trabalhando e servindo a todos até os últimos
dias.
A jovialidade: alguém que consegue livrar-se da tirania dos sentidos, da escravidão do dinheiro, da dureza do poder, da ambição mundana… conquista a liberdade do espírito, e esta é a causa da mais pura alegria.
Cumprindo e observando fielmente este código, Paulo foi um verdadeiro Cavaleiro do Senhor Jesus Cristo!
Toda história do homem é uma história de uma inspiração, de superação, de edificação. O que não foi diferente para Francisco e Paulo Machado. Duas coisas são necessárias a um cavaleiro para este empreendimento: uma espada e uma harpa.
A espada simboliza o uso drástico e agressivo do poder masculino. Com a espada o cavaleiro enfrenta o mundo, assume o controle da situação, posiciona-se firmemente, derrota o adversário. A espada corta os problemas. Todos nós precisamos do poder da espada. No caso, para Paulo Machado, a espada era a espada da Justiça, profissão que ele abraçou e cumpriu com galhardia sua missão nesta vida.
A harpa é o lado lírico e sentimental do cavaleiro, que constrói os seus relacionamentos, demonstrando sentimento e amor. O que não faltou ao Paulo Machado para com a sua esposa, seus filhos e filhas, netos e bisnetos. E também à Ordem Franciscana Secular em todos os níveis em que serviu: local, Regional, Nacional e Internacional.
Este é o aspecto franciscano-cavalheiresco do Paulo Machado, que eu queria destacar: tinha a cortesia como virtude, a nobreza de atitudes, a benignidade, sabia acolher a grandeza do outro e o jeito materno do Amor.
Parabéns, Paulo Machado pelo seu exemplo de vida! E que suas virtudes permaneçam vivas em seus queridos familiares, amigos e irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular!
Paz e Bem!
Rosalvo Mota, OFS