Orientações de Vida – III
VIVER COMO IRMÃOS (3)
11. Todo homem é um dom do Senhor. Queremos reconhecer em cada ser humano um irmão e fazer com que sejamos efetivamente fraternos. Procuraremos nos dirigir a todos sem distinções de raça, classe, ambiente em que vivem, poder econômico, cultura, religião ou moral. Evitaremos condenação e juízo maldoso e evitaremos as classificações com as quais os homens se fecham uns dos outros.
12. Esforçar-nos-emos de manifestar respeito a todo e qualquer ser humano. Haveremos de acolhê-los. Prestaremos atenção às suas necessidades e expectativas. Adotaremos uma postura de diálogo e partilha. No serviços aos irmãos mostrar-nos-emos alegres e sem pretensões. Queremos amar não em palavras, mas por meio de atos concretos. Estamos convencidos de que o amor é a única fonte de felicidade para eles e para nós.
13. Prestaremos mais atenção aos pobres, aos desamparados, aos que são entregues a si mesmos, aos que são mal amados.
14. Convencidos de que o homem tem em si a vocação se tornar irmão dos outros aprenderemos a distinguir os mínimos sinais de amor fraterno entre os homens. Se ainda não conseguimos percebê-los antes de nos entregar a vãos arrependimentos escutaremos melhor o apelo em nosso próprio coração.
15. Aceitaremos com plena lucidez todas as solidariedades humanas e as assumiremos cristãmente. Não quereremos ser fraternos apenas com aqueles que encontramos, mas pouco a pouco para todos os homens. Queremos construir um mundo fraterno. Associar-nos-emos a todos os homens de boa vontade para lutar contra os obstáculos da fraternidade universal: a desigualdade repartição dos bens da terra, as múltiplas formas de opressão e de injustiça, o racismo, a guerra, a violência, o ódio. Em nosso horizonte cotidiano e na escala mundial participamos com todos os homens do estabelecimento da justiça, da concórdia e da paz.
16.Irmãos de todos os homens nós nos descobriremos irmãos da criação inteira tal como sai das mãos de Deus e do trabalho do homem. Até mesmo a morte vermos como uma irmã que nos leva ao Pai e a reencontrar nossos irmãos.
17. Fazendo-se irmão de todos os homens e de toda a criação, Francisco soube fazer a paz em si mesmo e com todo ser. Em Cristo, tornou-se um irmão universal.
Para refletir
Uma nota do amor fraternal de Francisco era o encanto que sentia diante de cada irmão e da Fraternidade como tal. Cada um dos irmãos era uma obra de Deus, como um cristal onde faiscava um mistério insondável de amor e de desígnio do Pai. Daí a admirável pedagogia com que soube formar os irmãos que o Senhor lhe deu, respeitando em cada um sua personalidade. O resultado foi a esplêndida galeria de figuras humanas que são os primeiros companheiros do santo todos diferentes e todos perfeitamente irmanados no mesmo seguimento de Cristo.
Frei David Azevedo, OFM