Carisma - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

OFS

O que andamos fazendo de nossas vidas?

Para os que querem iluminar sua vida com a claridade de Francisco de Assis

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

1. Não há dúvida. O que importa é viver. Viver bem. Viver da melhor forma possível em todos os campos da existência. Viver bem: o ser homem e ser mulher, viver amizades e relacionamentos, ter alegria do que se faz, viver contentes e jubilosos com os dias de sol e com o cinzento da cerração. Viver como pai, como mãe, conviver com as pessoas sem interesses egoístas, mesquinhos, pequenos, mas gratuitamente, fazer festa quando é tempo de festa, e fazer luto quando é tempo de luto. Crescer como gente, crescer de verdade. Não se deixar apequenar no casamento, na convivências com os vizinhos, nos relacionamentos. Viver, conviver, viver com gosto de “quero mais”. Buscar uma maturidade humana. E também viver com uma “saudade” do Mistério. Desse Deus que não sabemos bem descrever. Ou mesmo nada sabemos dizer. Nosso coração é irrequieto enquanto não descansar nesse insondável Mistério. O esforço pela busca do verdadeiro rosto de Deus não devia nos abandonar. Viver é buscar aquele que nos inventou e nos ama sem limites.

2. Somos cristãos. Desde nossa infância fomos levados a ser católicos. Prefiro a palavra cristão. Sacramentos, missa, procissões, ladainhas, liturgia, terço. Tudo isso fez e faz parte de nossa vida. Sempre de novo, no entanto, somos chamados a nos interrogar sobre a qualidade de nosso ser cristão. O que é ser cristão? E hoje? Tudo mudou… Os tempos modernos pedem que sejamos discípulas e discípulos missionários. O Papa Francisco insiste que sejamos uma Igreja em saída, gente que se dirige às periferias existenciais para recolher os jogados à beira do caminho. Cristãos? Como formar nossa identidade cristã? Muito difícil responder a essa pergunta. Não paramos de nascer. Nunca acabamos de nascer para a fé. Nascer de novo, como foi dito a Nicodemos. Até que ponto crescemos em nossa vida cristã? A Ordem Franciscana Secular, de fato, nos ajuda a sermos cristãos? De verdade? Morrer ao homem velho, ter intimidade com o Evangelho, entrar num constante processo de conversão, temos uma vontade inaudita de espalhar nossa alegria de cristãos, não apenas de sermos certinhos em rezas e missas. Temos alegria em viver como cristãos? Temos interesse de ler autores de espiritualidade? Nunca tivemos a ideia de fazer uma vez por mês um tarde de estudos lendo juntos um livro sobre a fé, a esperança, a caridade e as coisas da nossa fé?

3. Francisco de Assis continua exercendo um grande fascínio. Não somente os cristãos sentem-se atraídos por ele, mas todos os homens e mulheres retos, de boa vontade. Ele andou inventando um jeito de ser cristão muito próximo do Evangelho. Há uma família franciscana que vive o Evangelho à maneira do Poverello e Clara. Frades, leigos e leigas, religiosas que se inspiram em Clara e tantas outras irmãs com espiritualidade franciscana. Vamos construindo a duras penas nossa identidade franciscana secular. Trabalho que não cessa: formação, retiro, dias de estudo, leitura, cultivo de uma delicadeza de consciência.

4. Os que ingressam numa das Ordens Franciscanas adotam um certo estilo de viver. Têm um gênero de vida marcadamente evangélico à maneira de Francisco. Importante frisar da OFS: leigos, fiéis cristãos leigos, leigos no mundo, no casamento, na vida de todos os dias, no caixa de um supermercado, com funcionário público. Leigo, quer dizer, não precisam se comparar a frades e freiras. Não precisam ocupar lugares nos altares da missas. Leigo é leigo, frade é frade. A Ordem é secular e deveria formar um laicato maduro inspirado no método do ver, julgar e agir.

5. Ponto importante é que, aos poucos, vamos tentando ganhar o jeito franciscano de viver. Antes de tudo somos pessoas que vivemos no mundo sem ser do mundo. Não nos adaptamos ao consumismo, à dinâmica do lucro, sempre lucro, do uso das pessoas como se fossem coisas. Entramos num processo de conversão: o doce fica amargo, e o amargo, doce. Somos penitentes. Não precisamos colocar cinza na comida, mas precisamos dobrar o orgulho, não berrar nossas vantagens, irmãos simples de todos os seres humanos. Temos uma vida de oração pessoal que vale a pena? Irmãos sem nariz arrebitado.

6. Não queremos e não podemos viver na casca das coisas. Precisamos visitar nosso interior para que não seja habitado pelo vazio, pela superficialidade. Vivemos o tempo da pressa, da rentabilidade, das sucessivas imagens e milhares de mensagens não se alojam em nós e ficamos meio vazios, certamente perdidos e, no fundo, insatisfeitos. Temos condições de introduzir a meditação em nosso viver? A introspecção? O cultivo do exercício do discernimento?

7. Alguns traços dos que aspiram a viver à luz de Francisco:

• O franciscano é cantor do Altíssimo e bom Senhor: contemplativo; cantor do sol e da lua, e dos irmãos da natureza, reflexos do Altíssimo.
• Os franciscanos sabem levar as coisas ao fundo do coração como Maria e Francisco.
• Optam por uma postura de simplicidade e despojamento.
• Não querem sobrepor-se aos outros.
• Marcados pela cortesia e cordialidade.
• Têm sensibilidade para o que é fraterno: amar com amor de mãe os de perto e os de longe.
• Experimentam tensão entre contemplação e vida ativa; vão pelo mundo mesmo com saudade das grutas.
• Exercitam-se na prática da desapropriação.
• Trabalham com denodo sem perder o espírito da oração.
• Desejam restaurar a Igreja a partir do amor por Cristo.
• São cuidadores e jardineiros da obra da criação.

8. Alguns valores humanos a serem cultivados:

Coragem, clareza do que é assumir compromisso, superar o universo dos melindres e susceptibilidade, capacidade de conviver com o diferente; saber olhar o que se passa à sua volta; espírito de serviço; senso de admiração sem “chiliques”.

9. Construir fraternidades com um clima de alegria. A alegria forma, passa confiança, acolhida alegre e não formal, criar espaços bonitos. Bom seria que pudéssemos convidar eventualmente jovens que cantassem novos cânticos e nos encantassem. Algumas vezes fazer encontros com filhos e netos sem muito formalismo.

10. Lembretes:

♦ Importância da qualidade da reunião geral, no melhor dia, no melhor horário, de forma que todos aproveitem;
♦ pontualidade nas reuniões, ter a delicadeza de justificar quando é necessário faltar;
♦ certos deveres familiares podem impedir a frequência regular: como fazer?
♦ pensar na qualidade do retiro anual e inventar tardes ou noites de reflexão e de oração;
♦ importância de uma leitura espiritual sobre nosso jeito de sermos cristãos franciscanos;
♦ ler e refletir em particular as orientações da Regra da Ordem Secular.

Preocupações

♦ Difícil tarefa de buscar novas vocações.
♦ Compreender o mundo de hoje e seus desafios e ser capaz de inventar o novo.
♦ Que contribuição efetiva podemos dar para que o Amor seja amado?
♦ O que fazer para que as pessoas possam dizer: vede como eles se amam?

Quatro pensamentos finais

♦ A vida espiritual é a vida na qual somos libertados pelo Espírito de Deus para que possamos desfrutar a vida em toda sua plenitude. Através do Espírito podemos “estar no mundo sem ser do mundo”; podemos agir livremente sem estarmos presos por falsos apegos; podemos falar livremente sem medo sem medo de não sermos aceitos e podemos viver em paz e alegria mesmo quando em meio ao conflito e à tristeza (Henri Nouwen).

♦ Em nossos tempos há necessidade de reforçar os valores no seio das comunidades da Igreja. O egoísmo, o egocentrismo, a obstinada insistência em fazer as coisas somente e sempre segundo nossas ideias, o mau uso do poder e dos bens, a sede de prestígio: todos esses sintomas de enfermidade espiritual não constituem uma prerrogativa somente da sociedade secular e da cultura de hoje. Somos seres humanos e somos Igreja. Por isso, a Igreja precisa sempre reformar-se. Começar por si mesma e depois trabalhar os outros. A Igreja convoca franciscanos e franciscanas seculares a realizar tudo isso. Os franciscanos e as franciscanas seculares estão mais intimamente envolvidos na sociedade em que vivem do que podem estar os religiosos (Manual para a Assistência Espiritual à OFS).

♦ Francisco nos convida a seguir o Cristo que nos revela quanto Deus pensa alto a respeito do ser humano, precisamente porque ele próprio veio percorrer os caminhos humanos para fecundar nossa humanidade, nosso coração, por meio de um amor criador e libertador e desta forma dilatar o horizonte do Reino de seu Pai. Os irmãos e irmãs de Francisco, em diferentes modalidades, são convidados a conquistar a liberdade interior do “peregrino em estado de êxodo” rumo ao Reino, a lembrar que a Igreja não existe para si mas para ser um caminho que orienta a humanidade na direção dos tesouros do Espírito de Deus: um Deus que, longe de nos desviar de nossos compromissos humanos lhes fornece, ao contrário, sentido e densidade. Francisco nos convida a inventar espaços de oração, de revigoramento espiritual, de ruminação da palavra, da partilha da vida e das preocupações de cada um (Michel Hubaut).

♦ O ser humano que fraterniza com todas as criaturas, comungando com o amor do Criador com a totalidade da sua obra, coloca-se ao abrigo da tentação de dominar seus semelhantes e de violentá-los de alguma forma. Nele as forças de vida se convertem num impulso de simpatia e de amor. Ele mesmo se humaniza humanizando a natureza. Torna-se à imagem do Criador, um senhor de doçura no próprio seio da criação (Éloi Leclerc).

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