Vocação profética: Vivendo abertamente os valores cristãos
Vocação “profética” dos franciscanos seculares
Em tempo de Capítulo Nacional da Ordem Franciscana Secular [Castanhal (PA), 21-23 de agosto de 2015]
As linhas que se seguem foram quase totalmente transcritas do Manual para a Assistência à Ordem Franciscana Secular (OFS) e Juventude Franciscana (Jufra), elaborado pela Conferência dos Assistentes Gerais da Ordem Franciscana Secular, em versão portuguesa publicada pelo Secretaria Nacional da OFS do Brasil, p. 148-150).
1. Profecia não quer dizer adivinhar o futuro, mas mostrar o desígnio de Deus para com o homem vivendo os valores de Jesus. Tal desígnio aparece claramente nos dois mandamentos do Senhor Jesus: Amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo. Não há mais grandiosos mandamentos. Mesmo com dificuldades, os cristãos, e de modo particular os franciscanos, se não realizarmos estas ordens, como é que as pessoas poderão ter esperança? Como ser profetas que deem seu testemunho?
2. É possível mudar a sociedade e a Igreja quando são vividos os verdadeiros valores. Franciscanos e franciscanas seculares contribuíram para destruir o sistema feudal medieval, recusando-se a pegar em armas: não há guerras se os soldados não combatem. Este exemplo de conversão deixa, pelo menos, aturdida a sociedade e a Igreja. Nem sempre Francisco pregou por meio de palavras. No começo suas ideias radicais incomodavam também os chefes religiosos. O Evangelho não pode ser disfarçado. Franciscanos e franciscanas seculares, vencendo o respeito humano acerca do que virão a pensar deles vizinhos e amigos, podem mudar a sociedade, vivendo abertamente os valores cristãos. Sem forçar os outros a aceitar nosso modo de ser e de fazer, mas unicamente vivendo pessoalmente os valores e, com isso, automaticamente convidando os outros a agirem da mesma forma. Todos têm liberdade de escolher. Não se pode “forçar” o amor.
3. Em nossos tempos há necessidade de reforçar os valores, mesmo no seio das comunidades de Igreja. O egoísmo, o egocentrismo, a obstinada insistência em fazer as coisas somente e sempre segundo nossas ideias, o mau uso do poder e dos bens, a sede de prestígio: todos esses sintomas de enfermidade espiritual não constituem uma prerrogativa somente da sociedade secular e da cultura de hoje. Somos seres humanos e somos a Igreja. Por isso, a Igreja precisa sempre reformar-se. Começar por si mesma e depois trabalhar os outros quando se tem a convicção de alguns progressos feitos.
4. Os franciscanos seculares estão mais envolvidos na sociedade do que os religiosos. Na Igreja, os franciscanos e franciscanas seculares podem animar os frades e religiosas partilhando sua vida (a comunhão vital recíproca vai nos dois sentidos!); animar muitos sacerdotes desencorajados, nas paróquias, por meio de sua lealdade (não oferecida acriticamente, mas partindo desse sentimentos de se sentir unidos na única Igreja). Algumas vezes nos esquecemos de que sacerdotes, religiosos e religiosas são seres humanos que precisam ser ajudados e sentir-se amados!
5. É no seio da paróquia que se realiza a parte principal do trabalho da OFS. Uma Fraternidade Franciscana Secular é uma comunidade cristã de base, aprovada pela Igreja, onde os fiéis podem comunicar entre si a Palavra de Deus e exprimir-se no serviço e no amor. Franciscanos e franciscanas seculares, que vivem de maneira autêntica o Evangelho que professaram, podem comunicar vida novas à próprias paróquias. A disfunção será sempre vencida antes que ela venha destruir as pessoas e a sociedade. A sociedade, inclusive a Igreja, necessita de cura.
6. Há outros campos (e muitos!!!) onde os franciscanos seculares podem ser profetas: transformar a família, rever seriamente a educação das novas gerações; remexer nas coisas da política; conservar o jardim que é o planeta; colocar-se sempre em estado de atenção para dar voz aos que não têm voz.
Frei Almir Guimarães