Robson Ribeiro de Oliveira Castro
Em 29 de maio de 1991, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, movida com a difícil situação social brasileira, principalmente a realidade das favelas e a crise econômica que assolava e, ainda assola nosso pais, além da enorme desigualdade social característica da realidade do fim do milênio passado, lançou o projeto da Economia de Comunhão (EdC).
Este projeto, que tomou proporções grandiosas e atingiu todo o mundo, tem por objetivo propor uma nova relação entre a sociedade e o capital. É importante observar a promoção humana e relacionar a condição econômica a uma proposta de desenvolvimento social. Desta forma, a EdC se fundamentou como uma saudável alternativa ao capitalismo selvagem, atenta à realidade, ao compromisso com o desenvolvimento das classes mais frágeis e ao auxílio da população que sofre com a pobreza.
Atrelado ao pensamento da Doutrina Social da Igreja, é importante observar que o trabalho tem uma prioridade para o ser humano; é considerado uma necessidade para a manutenção da família e, quando é pensado na proposta de um bem comum no conjunto de meios de produção, constituiu um grande instrumento e uma perspicaz realidade para as relações humanas na sociedade. (Cf. Compêndio Doutrina Social da Igreja Católica, Nº 277).
No contexto em que vivemos, 30 anos após, a Gênese da EdC encontramos realidades de projetos que foram fecundos e que atuam no meio social. Desta forma, a EdC entende a relação entre o capital produzido e o trabalho de seus membros, visando colocar em comum a riqueza produzida por meio do trabalho e, assim, fomentar a partilha mediante a comunhão e a fraternidade entre os trabalhadores. Com este aspecto e esta condição, a EdC se coloca como colaboradora no combate à pobreza, através da ascensão da cultura e da repartição dos bens, espirituais ou materiais.
Assim, diante desta realidade, é importante observar o momento que vivemos e o combate à fome e à miséria. Desta forma, no “Programa de formação de Economia de Comunhão 2020”, encontramos a seguinte constatação: “Percebemos em diversas situações que existem muitas experiências concretas de empresas, empreendimentos e pessoas que vivem a Economia de Comunhão, que comprovam que nossos objetivos e fundamentos são possíveis. Ao mesmo tempo verificamos que localmente existe a dificuldade de fortalecimento de grupos e ações nas comunidades”.
É importante observar que a proposta da EdC é, entre outras realidades, propõe uma economia que esteja a serviço dos mais pobres. Para tanto é preciso que haja cooperação e uma proposta autêntica de ajuda mútua, interligada e atenta a desenvolver práticas contra a desigualdade e atenta à condição de se doar ao próximo.
Assim, antes mesmo de pensar em bens matérias e na cultura do ter, atrelada ao desgaste do meio ambiente, é preciso se doar ao outro, assim como Deus deu seu filho e se doou à Criação. Deste modo, o ser humano, um ser relacional, realiza-se na medida em que se doa ao outro e se considera parte de um processo autêntico de aproximação e conversão. O ser humano se realiza na medida que se doa para o outro, numa relação de amor ainda que possa ser considerada árdua, heroica e até mesmo difícil por muitos.
Robson Ribeiro de Oliveira Castro é leigo. Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Atualmente leciona no Instituto Teológico Franciscano (ITF). E-mail: robsonrcastro@yahoo.com.br.