Frei Luiz Iakovacz
Oficialmente, 20 de novembro é o Dia Mundial da Criança, data em que a ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959. Porém, sua comemoração varia de país a país.
No Brasil, os primeiros passos aconteceram em 1923, quando a cidade de Rio de Janeiro sediou o terceiro Congresso Sul-Americano da Criança. No ano seguinte, o deputado federal Galdino do Valle elaborou um projeto de lei que foi aprovado pelos deputados e sancionado pelo presidente Arthur Bernardes, em novembro de 1924.
A data escolhida foi 12 e outubro porque, fundamentou o parlamentar, Cristóvão Colombo, em 1492, “ao descobrir as Américas, batizou-as, informalmente, de ´continentes crianças´, pois foram descobertas, tardiamente”.
Durante décadas, não houve nada de especial. Em 1960, a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson&Johnson para lançar, no mercado, a boneca “Bebê Robusto”. O sucesso foi tão grande que, nos anos seguintes, outras empresas começaram comercializar artigos infantis, e continua até hoje!
É bom festejar, mas é oportuno fazer este alerta: “cuidado com o consumismo desenfreado”! O mesmo acontece com o Natal, Páscoa, Dia dos Pais e das Mães.
Que fazer diante destas verdadeiras avalanches comerciais?!
Em primeiro lugar, precisamos resgatar os ideais que motivaram a oficialização destas datas. A Declaração da ONU é enfática ao afirmar que a criança tem direito ao convívio familiar, à educação e alimentação, bem como a garantia de não ser explorada no trabalho, ou sexualmente.
No mundo de hoje, mais de um bilhão de pessoas, – entre elas, crianças – passam fome… são cinco vezes a população do Brasil. Outras tantas caem na rede do Tráfico Humano que, atualmente, é a terceira maior fonte de renda, perdendo, apenas, para a venda de armas e drogas.
Celebrar o Dia da Criança é, também, refletir, conscientizar-se e agir.
A Bíblia pode nos ajudar. Ela vê, na fecundidade, um sinal de bênção divina. No entanto, a criança é um ser inacabado e necessita de educação firme. Por isso, o ´shemá Israel´, uma das mais importantes orações judaicas, é categórico: “Escute, Israel! Javé é nosso único Deus. Ame o teu Deus com todo o coração, com toda tua alma e com todas as forças. Que estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração. Tu as inculcarás em teus filhos e delas falarás sentado em casa ou andando pelo caminho, deitado ou de pé” (Dt 6, 4-7).
Jesus era “submisso a seus pais” e foi, na família, que “crescia em sabedoria, graça e idade diante de Deus e dos homens” (cf. Lc 2, 41-51). Em sua doutrina, proclama que os pobres acolhem o Reino porque o segredo da verdadeira grandeza “é fazer-se pequeno como uma criança” (cf. Mt 18, 1-4).
Para concluir, nada melhor do que este pensamento de Jean Piaget: “Não há nada mais sublime e gratificante do que o sorriso de um bebê. É algo tão forte porque brota do coração. São seres pequeninos, frágeis e dependentes, mas têm muito a nos ensinar. Se pudéssemos ser como crianças, o mundo seria melhor. Pena que todos, um dia, nos tornamos adultos, egoístas e insensatos”.