Maternidade e mulher são duas palavras que andam de mãos dadas; fazem parte do DNA feminino. Já os povos mais primitivos festejavam a fertilidade da terra, dos animais e do ser humano. O mesmo acontecia entre os deuses; Rhea, deusa grega, e a romana Cybele eram as mais cultuadas. Os primeiros cristãos homenageavam Maria, a mãe de Jesus. No século XVII, a Inglaterra tinha o costume de celebrar o “Domingo das Mães”; rezava-se por elas e os filhos as presenteavam.
O Dia das Mães, assim como o temos hoje, começou com duas americanas: Ann Marie Jarvis (1832 – 1905) e sua filha Anna Jarvis (1864 – 1948).
A vida de Ann Marie foi marcada por gestos concretos de solidariedade. Os dois mais significativos são a campanha para diminuir a mortalidade infantil entre as famílias trabalhadoras (1858) e a Guerra da Secessão (1861 – 1865) na qual os escravos lutaram pela sua liberdade. Além das mortes, esta guerra civil destruiu grande parte da infraestrutura, dificultando a vida de todos, especialmente dos pobres. Foi, então, que ela “organizou os dias de amizade com as mães”, cujo objetivo era melhorar as condições de vida. Portanto, estamos diante de uma mulher ativista, sempre pronta a socorrer os necessitados.
Mas a idealizadora deste dia é a sua filha Anna Jarvis. Quando morreu sua mãe, em maio de 1905, ficou tão abatida que andava triste e depressiva. Vendo isto, suas amigas presentearam-na com um pequeno “memorial à mãe” e, na entrega, confraternizaram-se entre si. Anna aceitou a homenagem e quis que esta festa se estendesse a todas as mães, vivas ou falecidas; assim os filhos se lembrariam delas e os laços familiares se fortaleceriam.
A partir de então, lutou para que fosse criado o “Dia das Mães”, juntamente, com o feriado. Em 1914, o governo estadunidense oficializou o segundo domingo de maio como “Dia das Mães”.
O sonho foi realizado, mas, aos poucos, esta data a deixava, cada vez mais, insatisfeita. É que o comércio começou a falar mais alto que a solidariedade e o amor materno. Tanto assim que, em 1923, entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, mas sem sucesso. Dizia “não criei o Dia das Mães para ter lucro”. Morreu em 1948, com 84 anos. Recebeu cartões do mundo, não casou e nem teve filhos.
Diante disso, que podemos fazer, ou que perspectivas nos são propostas?!
À exemplo do Dia do Trabalhador, corremos o risco de perder, também, as raízes do Dia das Mães. É próprio do capitalismo tirar do povo o chão histórico onde pisa, para que ande com a cabeça cheia de aparentes sucessos materiais. A solidariedade que Ann Marie teve com os pobres, fez com que, da boca de sua filha, brotasse esta expressiva frase: “O amor de uma mãe é, diariamente, novo”.
Caminhar com os pés na história, não nos aliena; ao contrário, resgata o passado e nos impulsiona para o futuro.