Tempo de prestar contas no Capítulo
15/11/2018
Agudos (SP) – Depois das reflexões de Frei Vanildo Zugno sobre minoridade, o Capítulo Provincial entrou nesta quarta-feira, 15 de novembro, em uma nova etapa: a leitura dos relatórios, que devem se estender até amanhã à tarde. Na verdade, o governo atual, com os Definidores e coordenadores das Frentes de Evangelização, que se despedem neste Capítulo, fazem uma prestação de contas aos 133 capitulares. O dia foi intenso em pleno feriadão em Agudos e as atividades só terminaram às 22 horas.
Na sala capitular, esta nova etapa começou com a invocação do Espírito Santo. Frei Ivo Müller, o moderador da manhã, lembrou as reflexões sobre o tema do Capítulo, Minoridade Franciscana, e explicou que os frades neste dia teriam um “olhar de fora” da Província, papel atribuído ao Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, que em seu relatório apresentou uma “fotografia” da Província e da vida dos frades “sem photoshop” ou qualquer manipulação, “o que nos serve para reflexão e autocrítica”.
O olhar de dentro, ou a “fotografia” interna da Província, ficou a cargo do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que fez a exposição da organização e dos pontos abordados em seu relatório, lembrando que este constava de quatro partes, a saber: I – Relatório do Ministro Provincial; II – Relatório dos secretários dos Secretariados com os respectivos serviços das Frentes de Evangelização e da Formação e Estudos; III – Relatório da Administração Econômica e Patrimonial; IV – Relatório do Presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA).
Frei Miguel iniciou, então, a apresentação de seu trabalho, fruto das visitas às Fraternidades e trabalhos da Província, nesse ano corrente. Procedeu à leitura de seu relatório, iniciando-o com uma imagem figurativa, baseada no texto bíblico do Apocalipse: “Eu, Miguel, seu irmão e companheiro na caminhada e na perseverança em Jesus, estava no sertão do Piauí quando escutei uma voz, vinda de Roma, que dizia: ‘Escreve suas impressões sobre a vida dos frades num livro e proclama que o Espírito diz às fraternidades desta Província’. Ao virar-me, vi 45 candelabros de ouro, que são as Fraternidades. No meio deles, vi alguém semelhante a um filho de homem, que andava no meio dos candelabros. O aspecto do seu rosto era como o sol e seus pés eram semelhantes ao bronze incandescente no forno. Ao percebê-lo, caí como morto aos seus pés. Mas ele pôs a mão direita sobre mim e disse: ‘Não tenhas medo. Escreve, pois, o que viste e o que o Espírito quer falar às fraternidades’ (Apocalipse 1,9-20). Assim, encorajado pela graça de Deus e pelo dom do discernimento, que recebi no meu batismo, andei um longo tempo no meio dos 45 candelabros e, agora, eu escrevo. Escrevo sobre as prioridades da nossa vida, sobre as profecias da Comissão Preparatória do Capítulo e sobre as cinco grandes Frentes da Evangelização. Quem tem ouvidos, ouça, pois o vencedor desta vida franciscana não sofrerá a segunda morte”. Frei Miguel foi nomeado pelo Ministro Geral Visitador desta Província em setembro do ano passado.
Seu relatório procurou perceber as prioridades da Ordem e da Província nas diversas realidades e avaliou os trabalhos a partir das cinco Frentes de Evangelização: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Missões e Solidariedade com os Empobrecidos. Chamou atenção para o valor essencial da vida de oração, comunitária e pessoal, para a importância do “Projeto Fraterno de Vida e Missão” e de um projeto pessoal de vida e missão que esteja em consonância com o fraterno.
Perpassando cada realidade em seu relatório, Frei Miguel, sempre num tom bastante fraterno mas com muita propriedade e seriedade, apontou muitos pontos positivos, fez elogio aos esforços da Província, das Fraternidades e de cada frade em viver da melhor forma nossa missão franciscana, mas também apontou concretamente aspectos que precisam ser melhor enfrentados e superados. Depois de uma breve pausa, houve espaço para comentários e esclarecimentos acerca do relatório do Visitador.
“UM OLHAR DE NÓS SOBRE NÓS MESMOS”
Ainda de manhã, Frei Ivo convidou o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, para apresentar o seu relatório, lembrando a diferença de ponto de vista em relação ao do Visitador: Agora é “um olhar de nós sobre nós mesmos”.
Frei Fidêncio retomou a inspiração do Capítulo anterior, em que foi reeleito Ministro Provincial: “Confesso que, a partir do momento em que a Fraternidade Provincial me devolveu o serviço do Lava-pés e ao longo desses três anos do novo governo provincial, as palavras ‘é um outro mandato…é um novo começo’ me acompanharam como um refrão de um longo cântico. Longo não como peso, mas como provocação, desafio e responsabilidade a serem retomados todos os dias”, confessou Frei Fidêncio.
Segundo ele, tendo como guia o Plano de Evangelização, aprovado no último Capítulo, a realização do “outro mandato” só foi possível graças à colaboração de cada irmão, particularmente os que estiveram à frente dos diversos serviços: Vigário Provincial, Definidores, Guardiães e Coordenadores das Fraternidades, Secretários dos Secretariados com todos os serviços das Frentes de Evangelização e Formação, Economato Provincial, Coordenadores dos Regionais, bem como a colaboração dos leigos e leigas da Sede Provincial e fora dela.
O Ministro Provincial também foi avaliado pelo Visitador. “Ele teve uma boa atuação na Província e na Conferência dos Frades Menores. Antes de tudo, ele colocou um excelente fundamento espiritual na convivência fraterna, sabendo que o trabalho de um Ministro Provincial vai muito além do caráter meramente administrativo. Frei Fidêncio é apreciado por este dom de comunicar a Espiritualidade Franciscana dentro e fora da Província. Sua atuação vale tanto mais porque lutou durante um bom tempo com doenças e cirurgias. Seu ministério se desenvolveu, em alguns períodos, entre o hospital e a Província. Isso merece todo o reconhecimento. Em nome do Ministro Geral, agradeço todo o empenho fraterno e caridoso deste grande ministro provincial”, elogiou.
Frei Fidêncio, na sua exposição, falou dos avanços e dos desafios ainda a serem confrontados. Ressaltou bastante o espírito de comunhão entre o Governo Provincial e a forma de trabalho sempre fraternal, principalmente nas reuniões do Definitório Provincial.
Frei Vitório foi o moderador da tarde. Convidou Frei Carlos Ignácia para conduzir a oração inicial. Antes disso foi passado um vídeo sobre a Frente da Educação. Após a oração, Frei Vitório convidou a todos para ficarem em pé e cantarem os parabéns aos aniversariantes Frei Benedito Gonçalves, o Frei Dito, e Frei Marcos Melo. Dando procedimento aos trabalhos, o Vigário Provincial e Secretário da Evangelização, Frei César Külkamp, fez a apresentação de seu relatório, que também faz parte do relatório do Ministro Provincial.
Na sequência, foram apresentados os seguintes relatórios: Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação, pelo coordenador Frei James Girardi; Frente das Paróquias e Santuários, pelo coordenador Frei Germano Guesser; Frente da Educação, pelo coordenador Frei João Mannes; Frente da Comunicação, pelo coordenador Frei Gustavo Medella; Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos, por Frei Wilson Santos; Frente das Missões, por Frei Alexandre Magno (os frades também viram o vídeo sobre as Missões); Secretariado para a Formação e Estudos, por Frei João Francisco da Silva; e o Serviço de Animação Vocacional, por Frei Diego Atalino de Melo; Administração Econômica e Patrimonial, por Frei Mário Tagliari; e Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), pelo presidente Frei José Antônio dos Santos.
CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
O mestre dos noviços, Frei Samuel Ferreira de Lima, presidiu a Celebração Eucarística desta quinta-feira, às 8 horas, tendo como concelebrantes Frei José Pereira e Frei Mário Knapik. Frei Samuel partiu da carta de São Paulo a Filêmon, na primeira leitura, quando faz referência a Onésimo, que se converteu e era conhecido como o “coração de São Paulo”. Um exemplo de fé e amor fraternal.
“Esta atitude é fundamental no nosso carisma. Diz São Francisco no Testamento: ‘O Senhor me deu irmãos’. Quando a gente acolhe o outro dentro da perspectiva da fé, isso rompe as barreiras das diferenças, das intrigas, das dificuldades. Sempre a partir da experiência do amor de Deus”, destacou.
Já no Evangelho, que Jesus fala do reino, Frei Samuel lembrou que não se trata de algo midiático, de algo espetacular, mas acontece no cotidiano. “É a busca constante, dia a dia, por aquilo que assumimos como projeto de vida, ou seja, ser menores. Essa minoridade se faz no exercício cotidiano, na oração pessoal, na oração comunitária, na meditação, na leitura orante, na missão e na vida fraterna”, disse o mestre dos noviços. Ele, contudo, ressaltou que é Deus que faz tudo acontecer: “Cabe a nós esse exercício de fidelidade a Deus, de simplicidade e minoridade. Peçamos a graça de Deus a cada dia para que, nos pequenos gestos, possamos realmente ser sinais do reino, possamos ser instrumentos do reino, possamos ser essa presença do amor de Deus entre os nossos irmãos”.
Equipe de Comunicação do Capítulo: Frei Augusto Gabriel, Frei Clauzemir Makximovitz, Frei Gabriel Dellandrea e Moacir Beggo