Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Sempre missionário Tirió

03/11/2020

Entrevistas

Quando sua vocação começou a despertar, queria ser padre e missionário onde havia falta de sacerdotes. Da pequena vila de Burgen, Alemanha, onde nasceu no dia 11 de novembro de 1942, Frei José Lorenz Führ partiu para o Brasil no dia 12 de abril de 1972. Vestiu o hábito franciscano em Rodeio no dia 20 de janeiro de 1973 e fez a profissão solene no dia 2 de agosto de 1977. Foi ordenado presbítero no dia 4 de fevereiro de 1979. Como sacerdote, viveu quase 30 anos nas Fraternidades da Província. Mas ainda não se sentia um missionário completo. Esse momento surgiu quando a Província de Santo Antônio pediu ajuda à Província da Imaculada para enviar um frade à Missão Tirió. Frei José, que já tinha feito uma experiência quando ainda era estudante, aceitou voltar ao Norte do Brasil, onde ficou nove anos. De volta à Província, faz parte da Fraternidade São Francisco do Seminário de Ituporanga. No artigo da última edição da “Vida Franciscana”, diz: “Já não morrerei querendo ser missionário. Mas sim feliz porque fui missionário. E se na hora da morte Jesus me cumprimentar em língua tirió, vou sorrir e rezar com Ele o Pai-Nosso”.

Site Franciscanos Frei, fale um pouco de sua vida e de sua família.

Frei José – Nasci em meio à 2ª Guerra Mundial na Alemanha, numa pequena vila que fica a 30 km da cidade de Koblenz, chamada Burgen, às margens do Rio Mosela. Meus pais queriam uma família numerosa e por isso tenho três irmãs e dois irmãos. Meu pai cresceu também em Burgen e ajudou, na sua juventude, ao meu avô na lavoura. Depois de adulto, conseguiu um trabalho fixo na linha férrea. Por causa deste trabalho, ele não precisou ir para guerra. Sua jornada começava por volta das 5h30 e só terminava depois de 12 horas de trabalho. Minha mãe ficava em casa cuidando de nós. Sempre rezávamos juntos, antes e depois das refeições; aos domingos, íamos todos à igreja. Devido à guerra, tínhamos que racionar tudo o que possuíamos. Por exemplo, a roupa dos mais velhos servia depois para os mais novos. De modo geral, na família reinava um clima alegre e religioso. Se no Natal um de nós ganhava um chocolate, então era certo que este dividiria o presente com todos os irmãos.

Meu pai, para escapar do aluguel, tinha comprado uma casa velha. Durante anos, grande parte do seu salário ia para pagar essa dívida. Simplesmente não tínhamos dinheiro para pagar os estudos e por isso fui procurar um emprego. Encontrei um serviço de aprendiz numa padaria, porém, não gostei muito, pois tinha que dormir na casa do patrão, longe da minha família. Arranjei outro emprego na construção civil, onde me sentia bem. Nele aprendi a fazer massa de cimento, concreto, bater laje, construir muro, rebocar parede etc. Esse emprego era em Koblenz e, para ir até ele, pegava o trem todos os dias bem cedo e voltava à noite. Durante as viagens, normalmente sempre estava lendo um livro.

Site Franciscanos – Fale um pouco de sua juventude e do seu engajamento na Igreja.

Frei José – Tendo trabalhado alguns anos na construção civil, fui convocado para o serviço militar obrigatório. A Alemanha vivia um contexto de divisão, e nós, que éramos da Alemanha Ocidental, tínhamos muito medo de tudo o que existia atrás da “cortina de ferro”. Por isso, tentei escapar do serviço militar, mas não deu certo. Ali houve um acontecimento bom nesse tempo, que foi a peregrinação dos soldados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para a Lourdes, na França. Durante uma semana, reuniram-se mais ou menos 17 mil soldados de todos os países da OTAN. Somente da Alemanha Ocidental éramos 700 soldados. Vi-me, de repente, no meio do mundo, pois havia gente de tantas cores, raças, línguas etc. Rezávamos e cantávamos canções em várias línguas, como espanhol, inglês, francês, alemão etc. Jantávamos e bebíamos o que quiséssemos e, no fim, sempre havia dança que ia até 22 horas. Como era bonito ver, aos pés de Nossa Senhora, pessoas de tantas raças e línguas diferentes, unidas, alegres cantando e sorrindo juntas, e me questionei: por que, então, treinar com armas para uma guerra eventual? Não seria melhor trabalhar para a paz? Em Lourdes, decidi que iria trabalhar pela paz dos povos. Terminando o serviço militar, tentei fazer algo neste sentido, porém, como não sabia falar outras línguas além do alemão, meus esforços não foram por ora muito longe.

Durante vários anos fui coroinha e exerci esta função até mais ou menos 17 ou 18 anos de idade. Já, antes, havia entrado no grupo de jovens, chegando inclusive a coordenar o mesmo. Fazíamos longas caminhadas e diversas viagens de bicicleta, acampamentos nas férias, prestávamos ajuda aos pobres e necessitados, visitávamos ainda castelos, igrejas, conventos. Foi um tempo muito feliz no campo da comunidade.

Celebração de Páscoa na Missão Tirió

Site Franciscanos – Como se deu seu discernimento vocacional?

Frei José – Aos 9 anos, quando fiz a minha Primeira Comunhão, desejei ser padre, porém naquela época não sabia e não me preocupei em realizar esse desejo, deixando latente em meu coração. A minha pequena vila tinha na época cerca de 800 habitantes e somente uma igreja, cujo padre local cuidava dela. Ele faleceu depois da minha crisma. Naquele tempo, não tínhamos televisão, mas éramos sempre bem informados diariamente pelo jornal local, semanalmente pelo jornal diocesano e mensalmente pela revista dos Oblatos de Maria, a dos Verbitas, e também pelas revistas das mulheres e mães católicas. Além disso, na casa paroquial havia uma biblioteca pública que, após a missa dominical, ficava aberta, onde minhas irmãs mais novas ajudavam como voluntárias. No início, eu pegava um livro por semana, mas com o tempo esse número aumentou. Como eu lia muito sobre as missões, e vendo a falta de padres em muitos lugares, sentia que poderia servir a mais pessoas e ajudar onde faltassem os padres.

Como falei antes, depois de um ano e meio servindo a pátria, voltei para os meus pais e para o meu emprego na construção civil na mesma firma. Em minha paróquia de origem havia tido várias mudanças de padres, devido principalmente à idade ou doenças. O último tinha o costume de ir à biblioteca. Após a missa dominical, quando lá eu estava procurando livros para ler durante a semana, em uma dessas ocasiões ele me perguntou sobre o que gostaria de fazer na vida. Dei uma “desculpa barata”, mas era justamente o assunto que me interessava e, alguns domingos depois, dei-lhe a minha resposta: queria ser padre. Então, ele quis me enviar para o seminário da diocese, mas não aceitei, pois queria ser padre onde havia falta. Por fim, ele aceitou e até me apoiou me dando algumas aulas de latim. E assim, aos 25 anos de idade, ingressei no seminário, a 470 km da cidade de Colônia.

Como eu só tinha o ensino fundamental, no primeiro semestre não fui muito bem por causa do alemão, pois sempre falava o dialeto da Renânia (somente na escola e na igreja falava-se o alemão clássico). O professor desta disciplina me aconselhou a repetir o semestre e, assim, eu fiz. Cursei até o 6º semestre, então mudei de seminário. Descobri que ali não poderia ir às missões. Um colega, que agora estava no colégio missionário franciscano em Garnstock, na Bélgica, convidou-me para fazer uma experiência ali. Fui, gostei e fiquei. Até hoje!

Site Franciscanos – Quando decidiu ser missionário no Brasil sabia que teria que sair do seu país e talvez para sempre?

Frei José – Estava consciente que a minha ida para o colégio missionário franciscano era um passo decisivo na minha caminhada vocacional. Sim, teria que estudar um ano nessa escola e mais um ano no Brasil para então concluir o Ensino Médio, o que significava dois anos para estudar e refletir sobre minha vocação religiosa. Porém, com esse passo, conseguiria ir em busca de um dos meus sonhos: o de ser missionário. Só depois seria resolvido o país e com quem eu iria para lá. São Francisco de Assis sempre foi importante na minha vida. Lembro-me que um dos primeiros livros que havia lido na 5ª série foi justamente sobre São Francisco e São Domingos. A experiência de Lourdes me aproximou ainda mais do Santo de Assis.

  Celebração do Lava-pés na Missão Tirió

Site Franciscanos – O que conhecia do Brasil quando decidiu vir para cá? Teve dificuldades com a língua e a cultura?

Frei José – Bom, havia uma jovem da minha vila que se casou com um paulista e veio morar em São Paulo. Sabia também um pouco sobre a vida dos imigrantes da minha terra que foram morar no sul do Brasil através das aulas de Geografia e das revistas dos Oblatos e dos Verbitas. Quanto à língua, no colégio franciscano estudávamos mais o português. Quando cheguei aqui, às vezes, não sabia quando dizer ‘bom dia’ ou ‘boa noite’. Dizia uma das opções e olhava bem para a pessoa: se ela desse uma risada, me desculpava e falava corretamente a saudação. O que me custou mesmo foi comer todo dia arroz e feijão. Mas foi somente no início. O jeito e a jovialidade do povo brasileiro me fizeram superar todas “essas diferenças do meu mundo”.

Site Franciscanos – O que o motivou a ser missionário na missão Tirió?

Frei José – Cheguei ao Brasil com o desejo de me tornar missionário. Por 30 anos, trabalhei em vários conventos e paróquias da nossa Província, do Espírito Santo até Santa Catarina, e gostava muito do serviço que podia oferecer ao povo. Porém, dentro de mim, havia um questionamento se seria missionário ou não. A nossa Província já estava empenhada na fundação de Angola e, passada a guerra civil neste país, comecei a pensar na possibilidade de ser missionário lá. Cheguei até a fazer o pedido oficial para me juntar aos outros nossos frades missionários em Angola, mas esperei por três anos e não obtive resposta. Um dia, Frei Vitório Mazzuco, que na época era o Vigário Provincial, disse-me que a Missão Tirió estava procurando missionário. Disse a ele que já conhecia os índios Tiriós devido a um breve contato que tive com eles durante as férias do meu primeiro ano em Petrópolis. Então, ele me disse na hora que eu era candidato, já que a Província de Santo Antônio estava pedindo ajuda para esta missão. As palavras do Papa Bento XVI em Aparecida sobre a nova evangelização, começando pela Amazônia, motivaram-me e confirmaram os meus anseios. A partir deste momento, recebi a devida licença e parti para a minha tão sonhada missão.

Site Franciscanos – Fale um pouco dessa sua experiência de nove anos entre os indígenas e de como era a Missão Tirió.

Frei José – A Missão Tirió fica bem ao Norte do Brasil, perto da divisa com o Suriname, a antiga Guiana Holandesa. A missão iniciou-se há 50 anos, quando um franciscano descobriu um grupo nômade de 80 adultos com apenas duas crianças de idade inferior a 15 anos. Ele comunicou a descoberta às autoridades e a FAB (Força Aérea Brasileira) respondeu afirmando que se os franciscanos conseguissem fazer com que os índios se assentassem naquela região, iriam construir perto da aldeia um pequeno aeroporto e lhes garantiria o livre acesso. Com a promessa da construção da pista e aceitação do acordo por parte dos Tiriós e dos frades, iniciou-se a Missão Tirió.

Fui muito bem recebido pelos frades e pelos índios. Os frades da aldeia eram da Província de Santo Antônio. Na comunidade havia um padre de 77 anos e dois irmãos leigos. O padre tinha problemas cardíacos e foi se tratar, porém, devido a seu estado de saúde não mais retornou para a missão. Dos irmãos, um era dois anos mais novo que o padre. Sendo cearense e filho de vaqueiro, sabia trabalhar com animais, com a terra e as plantações. O outro, da mesma idade que o padre, era um alemão, profissional de mão cheia, pois sabia trabalhar com a carpintaria, eletricidade, mecânica etc. Cederam-me um quarto e em tudo participei da comunidade com eles. Nosso dia começava sempre com a oração da manhã. À tarde havia a Missa com os índios e à noite a oração do Terço.

     Santa Missa na Missão Tirió

O número de índios aumentou muito devido a dois fatores: a volta das famílias que haviam migrado para longe e a chegada dos Xiquianos e Kaxuianos. No total, havia mais ou menos 1.300 índios. Eles moravam em vinte pequenas aldeias, quase todas nas margens dos rios de onde se tirava o principal alimento: os peixes. Algumas aldeias já possuíam canoas de alumínio com motor e, se a pesca não desse resultado por ser época imprópria, eles recorriam à caça. Se ainda assim não encontrassem nada para caçar, as crianças buscavam frutas no meio do mato. Tinham pequenas roças de mandioca brava e milho. Quando os povos cresceram, Frei Paulo lhes ensinou a plantar árvores frutíferas, batata doce, feijão e ananás (abacaxi). Com a ajuda de um grande fazendeiro benfeitor, que mostrou como criar bois e aumentar o rebanho, os índios conseguiram dois bois brancos. Com o decorrer do tempo, este fazendeiro distribuiu um pequeno rebanho para as aldeias principais.

Nesses 9 anos realizei em torno de 300 batizados de crianças, ministrei muitos cursos bíblicos na aldeia principal e em aldeias bem longínquas que duravam normalmente uma semana. Para chegar a esses locais, utilizava bicicleta ou a garupa de moto. Se fosse uma aldeia distante, somente poderia me deslocar através de canoa ou, com muita sorte, com auxilio de pequenos aviões. Normalmente, só havia caminho até 20 km da aldeia principal. Depois disso, só através de picada (trilha) feita pelo índio. Havia também uma grande dificuldade nas comunicações, pois cada uma das três etnias tinha a sua própria língua e cultura. O Tirió era, porém, a língua predominante e fiz muitos esforços para aprendê-la. Consegui falar umas poucas palavras e o Pai Nosso. Na missa também se rezava as partes fixas em Tirió, o Evangelho eu lia em português e depois alguém traduzia para Tirió, assim como o sermão. Ajudei vários grupos de jovens a se prepararem para fazer a 1ª comunhão, uma vez que eles já sabiam um pouco de português. Mas com as crianças não cheguei a este ponto. No meu último ano na missão, um professor quis se tornar catequista. Então dei a ele um grupo de doze crianças que, para minha alegria, chegou a fazer a 1ª Comunhão quando eu ainda estava lá.

Site Franciscanos – Hoje, como o sr. vê o descaso com a causa indígena no Brasil, uma vez que eles são ameaçados por mineradoras e agora por um vírus mortal?

Frei José – Na pergunta anterior, mencionei a tribo Kaxuianos. Antigamente, o habitat deles era a bacia Amazônica perto de um grande afluente. Não muito longe deles, instalou-se uma mineradora multinacional e os Kaxuianos começaram a trabalhar nela recebendo um bom salário. Porém, as consequências foram terríveis, pois as famílias e aldeias inteiras morreram de doenças da civilização, principalmente de tuberculose. Como o índio tem baixa imunidade para essas doenças, muitos padeceram, mas graças à ajuda de irmãs enfermeiras na missão, muitos se recuperaram.

Fiquei sabendo que muitos Tiriós foram infectados pelo vírus da Covid-19. A Cáritas do Brasil enviou máscaras e outros materiais e equipamentos para socorro. Com esta ajuda e graças também do empenho do pessoal da saúde nas aldeias, todos os índios escaparam do coronavírus ameaçador. Acredito que hoje, como ontem, se todos os responsáveis ajudarem os índios, haverá vida e futuro para eles. Se os responsáveis se omitirem, haverá o contrário.

Site Franciscanos – Que lições o sr. teve nessa missão com os indígenas? O que chamou sua atenção nesse Brasil mais desconhecido?

Frei José – Vi que a presença de uma comunidade franciscana ajudou a um grupo de Tiriós a não desaparecer e lhes deu um novo ânimo e uma nova perspectiva de futuro. Com eles, aprendi a viver a vida mais simplesmente, sem ter a necessidade de tantas coisas. Esta vida simples só foi possível quando era partilhada na comunidade e quando todos tinham o mesmo ideal de vida fraterna. Notei ainda que os filhos, nascidos do cruzamento de diferentes raças e etnias, eram muito mais espertos do que os outros. Em geral, os filhos dos indígenas começavam a andar aos 9 ou 10 meses de idade e também bem cedo aprendiam a falar bem alto.

Desejo que muitos confrades jovens tenham a oportunidade de viver essa experiência missionária junto aos índios por um período de pelo menos um ano. Sim, confrades jovens, pois com mais idade é muito mais difícil de aprender outra língua.

Site Franciscanos – Qual a importância para o sr. do Sínodo para Amazônia?

Frei José – Este Sínodo não caiu do céu, pois o Papa Bento de XVI, estando no Brasil em 2007, chamou a atenção para a devastação da Amazônia e para as ameaças à dignidade de seus diversos povos. Em Aparecida, ele chamou a todos para uma nova evangelização do Norte ao Sul do Brasil, a começar pela Amazônia. Estas palavras do Papa emérito me encorajaram muito na minha caminhada missionária. O Papa Francisco desenvolveu essas ideias e convocou o Sínodo Extraordinário da Amazônia e lhe deu três objetivos: Encontrar novos caminhos para anunciar o Evangelho aos povos que lá vivem; uma atenção aos povos indígenas com acento no respeito a seus direitos e culturas; e a atenção à ecologia integral e a este pulmão da humanidade. O Papa Francisco foi, inclusive, ao Peru para falar diretamente com os povos amazônicos e escutar os seus justos anseios.

Chamou-me ainda atenção que muitos índios, homens e mulheres, participaram com voz ativa nos diálogos sinodais. Gostei das colocações do Papa Francisco no documento final e, principalmente, do seu encorajamento para os futuros trabalhos do Sínodo da Amazônia entre seus povos, línguas e culturas tão diferentes. Agora, começou o tempo de colocar em prática os novos caminhos da Igreja na Amazônia.

Site Franciscanos – Como o senhor vê o Pontificado do Papa Francisco?

Frei José – Como eu disse antes, o Papa Francisco, um sul-americano, falou sobre a Amazônia. Na Europa, ele fala, muitas vezes, em favor dos imigrantes, homens, mulheres e crianças que estão fugindo das guerras, misérias, fome e entre tantos outros motivos de seus países de origem. Infelizmente, alguns países da Europa fecharam as suas fronteiras para não aceitar a entrada desses imigrantes. Porém, o Papa alerta para que eles sejam acolhidos.

O país mais novo do mundo, o Sudão do Sul, mal conseguiu a sua independência e logo se viu mergulhado numa guerra civil entre as duas principais tribos. O Papa Francisco conseguiu convencê-los a participarem de uma conferência de paz e, quando eles foram ao Vaticano, num gesto de reconciliação, Francisco se ajoelhou e beijou os pés dos dois líderes que estavam lutando um contra o outro. Um gesto de um Papa de 83 anos!

Estamos ainda na pandemia, quantos hospitais em nossa terra, graças ao Vaticano, receberam máscaras, ventiladores etc.? E não somente aqui no Brasil, mas também na África e em tantos outros países para enfrentar a Covid-19? Acho que o Papa Francisco tem muita coragem e um coração que bate em favor dos mais fracos. Este Papa escolheu São Francisco de Assis como seu ideal. Ele é a consciência do mundo atual.

Site Franciscanos – O que o senhor diria para um jovem que quer ser frade menor?

Frei José – Diria a ele que a “messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Jesus sempre está chamando. Em seguida, iria ler para ele a história do jovem rico e depois cantaria a canção do Pe. Zezinho, que fala:

“Se ouvires a voz do vento, chamando sem cessar,
se ouvires a voz do tempo, mandando esperar:
A decisão é tua, a decisão é tua.
São muitos os convidados, são muitos os convidados.
Quase ninguém tem tempo. Quase ninguém tem tempo.
Se ouvires a voz de Deus chamando sem cessar,
se ouvires a voz do mundo querendo-te enganar:
O trigo já se perdeu, cresceu ninguém colheu.
O mundo passando fome, passando fome de Deus.
A decisão é tua! A decisão é tua!”

Em seguida, iria contar a ele um pouco do que vivi nas missões e lhe pediria que rezasse pela sua própria vocação para que esta não fique apenas numa ideia ou sonho passageiro, mas que seja colocada em prática. Paz e Bem!


Entrevista a Moacir Beggo, com foto principal do aspirante Samuel Cavalcanti

Imagens da Missão do Arquivo pessoal de Frei José.