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Ao Celebrar 30 anos, a Semana Social Brasileira reafirma sua luta pelos Direitos Humanos

18/01/2021

Notícias

Esperançar: 30 anos das Semanas Sociais Brasileiras” é o tema comemorativo do trigésimo aniversário de realização das Semanas Sociais Brasileiras (SSB), lançado nesse dia 15 de janeiro, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Pastorais Sociais e Movimentos Populares. A celebração ocorre em meio à realização da 6ª SSB, que iniciou a mobilização nacional em 2020 e vai até 2023. O tema debatido pela 6º SSB é “Mutirão Pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho”.

A reportagem é publicada por Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros – CNBB, 15-01-2021.


Ao completar 30 anos desde seu “nascimento”, em 1991, a Semana Social Brasileira enfrenta desafios que entram também para a área do que nem sempre é possível tocar ou mensurar. Ari Alberti explica. “Temos que ressignificar os valores: a solidariedade, a generosidade, a partilha, a ética… Reviver entre nós essa experiência. Oxalá a Semana Social, o Grito, consigam ser esse espaço onde o povo está bravamente partilhando a luta do dia a dia, da sobrevivência dos mais pobres, da produção alternativa e orgânica etc. Precisamos ter espaço para socializar as experiências que alimentam sim a luta, a esperança”.

Precisamos ter espaço para socializar as experiências que alimentam sim a luta, a esperança”.

Não bastassem os desafios apresentados pelos contextos econômicos, político e social, a 6ª Semana Social Brasileira, esse processo de formação cidadã permanente, acontece em meio a uma pandemia que até o momento em que este texto era fechado já tinha vitimado 202 mil pessoas no Brasil. Ela entra para a história como a primeira Semana Social Brasileira a ser realizada, quase que exclusivamente, de modo virtual, um cenário de desafios e oportunidades frentes às bolhas e aos algoritmos.

Alessandra Miranda, secretária-executiva da 6ªSSB, conta em entrevista feita por plataforma digital, o palco das atividades dessa semana, como tem sido essa experiência em tempos de isolamento, polarizações e desgoverno. “A pandemia nos fez mudar o planejamento e passamos a atuar dentro de limites, porque sabemos que as comunidades não têm acesso à internet, e porque também não é da cultura de grande parte da sociedade estar conectado, se encontrar e celebrar pelas redes sociais”, avalia Alessandra.

Mas como alguém que enxerga o copo metade cheio, a secretária-executiva observa que as exigências desse novo tempo empurraram Igrejas e movimentos sociais a aprenderem técnica e criativamente a lidarem com as redes sociais e estarem presentes no mundo virtual, afim de alcançar outros públicos.

“Os movimentos e as pastorais sociais aprenderam muito na perspectiva técnica. Hoje mesmo, depois dessa crise sanitária, a gente sabe que em muitos momentos não precisaremos nos reunir e encontrar. Com certeza os movimentos e pastorais estão se adaptando para dar conta de uma linguagem mais atrativa e efetiva, porque a comunicação estava muito interna, e com esse boom da necessidade das redes sociais a gente teve de aprender a trabalhar nelas e o desafio é furar as bolhas e chegar aos grupos que pensam diferente de nós”.

Alessandra revela que, caso a pandemia se alongue pelo ano de 2021, o que é provável, a 6ª SSB se estenda por mais um ano para garantir que de fato as discussões e debates cheguem a mais e mais pessoas e de modo presencial. A ideia é que, assim como a cartilha sobre as eleições de 2020 puderam aquecer o debate nos municípios, que a Semana Social colabore ainda mais com as reflexões sobre o peso do voto em 2022.

“Quisemos aproveitar as eleições para refletir que terra, teto e trabalho são direitos. No caderno “Mutirão de eleições pela vida” quisemos motivar as cidades a debaterem a gestão dos municípios e nos preparando para as eleições de 2022, porque percebemos que as eleições municipais são como que um termômetro para as eleições de 2022. Temos uma grande perspectiva de que a gente encerre de maneira formal a Semana gerando um grande debate nessa perspectiva”.

O acesso da população brasileira à vacina contra a Covid-19 também está entre os temas que devem ocupar a pauta da Semana Social em 2021. “Lançamos enquanto CNBB uma nota sobre a importância da vacinação para todos os brasileiros e migrantes que vivem no país. O tema é Mutirão pela Vida, então várias questões urgentes entram na pauta para fazermos grandes mobilizações, porque a Semana Social tem isso, e a defesa do SUS sempre esteve em nossa agenda”, conclui Alessandra.

Ela também destaca a exigência da Semana Social de alimentar a fé, o ânimo dos que buscam a construção coletiva de um Estado democrático, livre e soberano. “A dinâmica da mística independe de religião, porque unimos outras experiências de fé e não-fé, da mística libertadora, do engajamento e de trazer a dinâmica da fé relacionada com a política”.

“Não podemos cair em um pessimismo que não nos ajude a caminhar e não nos ajude a organizar. “Esperançar” é perceber que nós podemos fazer incidência política, é cuidar da saúde mental, é promover o mutirão pela vida, uma forma de cuidado individual e coletivo.”

Ter esperanças e lutar para que nosso país torne-se um Estado mais justo tem sido um grande desafio e, para Alessandra, tal constatação merece atenção. “Não podemos cair em um pessimismo que não nos ajude a caminhar e não nos ajude a organizar. “Esperançar” é perceber que nós podemos fazer incidência política, é cuidar da saúde mental, é promover o mutirão pela vida, uma forma de cuidado individual e coletivo, sobretudo em um tempo de pandemia que mexe tanto com a gente”, finaliza “esperançando” a secretária-executiva da 6ªSSB.

A 6ª Semana Social Brasileira segue em Mutirão pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho.

No site da 6ª Social Brasileira é possível acompanhar as notícias e ter acesso aos subsídios em preparação à semana: www.ssb.org.br e para fazer o download de materiais para redes sociais da comemoração dos 30 anos de sua realização aqui neste link.