Semana missionária para ordenação de Frei Laurindo
15/12/2011
Por ocasião da ordenação presbiteral de Frei Laurindo Lauro da Silva Jr, oito frades, recém-saídos da Teologia, acompanham Frei Pedro da Silva na semana Missionária em Itapoá, em Santa Catarina. De terça a domingo, a cidade receberá vários franciscanos que vêm testemunhar a fraternidade, conhecer o povo e, com ele, semear paz e bem.
Itapoá é uma cidade do litoral norte catarinense. Pertinho do Paraná. Povo bom, alguns pescadores e gente que busca sossego depois das labutas do dia a dia e encontram aí um recanto onde a vida corre diferente. A cidade oscila entre a calmaria da baixa temporada e o tempo em que os veranistas enchem as ruas e casas. A padroeira é a mesma de nossa Província, a Imaculada conceição.
Como um trabalho de visitação em toda a paróquia seria inviável, o próprio povo decidiu priorizar duas comunidades: Nossa Senhora dos Navegantes e São Francisco. A primeira é onde participam o Sr. Laurindo e Dona Elza, pais de Frei Laurindo, o Júnior. A São Francisco é vizinha e nada melhor para os franciscanos se encontrarem com a comunidade que tem por padroeiro o Poverello.
Missão é sempre uma mexida na vida da Igreja, os frades e os missionários da comunidade local têm sempre uma surpresa onde entram. Entre sorrisos, lágrimas, cafés acolhedores e diplomáticas dispensas dos irmãos da Assembleia de Deus ou dos Adventistas, o Reino se constrói e a fé se edifica. Em cada casa, preces e o convite a participar desse momento tão especial na vida do Júnior.
A chegada – terça-feira, 13 de dezembro
Em Curitiba, na rodoferroviária, um ônibus esperava pelos frades. O caminho curto foi alongado pelas obras na rodovia. O motorista, Sidnei é ativo na comunidade. No caminho contou um pouco mais sobre a cidade que conhecíamos apenas pelas descrições do Frei Laurindo Júnior. Logo ao desembarcar, a equipe missionária ficou admirada com a recepção: Na casa dos familiares do ordinando havia peixe, molho de camarão, violão, e muita simpatia. O povo cantava: “Seja bem-vindo, bem-vindo seja ole-leá”.
No primeiro dia, as conversas, o conhecimento das pessoas, a preparação. Os frades todos tomados de sincera gratidão pelo modo como fomos acolhidos. Uma senhora cedeu sua casa e teve a delicadeza de comprar novas roupas de cama, toalhas, sabonetes, tudo. Deixou um único pedido: que escrevêssemos mensagens numa das paredes da casa. Na preocupação de que faltassem os meios para tanto, providenciou uma caixa de lápis de cor para facilitar o trabalho. A cada visita, mais alguém oferecia algum quarto. Sinal de que este povo é muito hospitaleiro e o Senhor há de recompensá-lo por isso (Mt 25).
O padre
Nas tratativas para organizar a ordenação de Frei Laurindo, figura importante foi Padre Sérgio, o atual pároco. Filho da terra, fez questão que a ordenação ocorresse antes de sua iminente transferência para Joinville. Pensou em cada detalhe: desde a ornamentação da Igreja até os paramentos do ordinando.
Explicou com muito empenho a toda a comunidade o sentido da ordenação. Recebeu Frei Pedro da Silva por três vezes. Em todas elas foi realmente muito solícito em organizar a ordenação em plena comunhão com a comunidade paroquial. Está será realmente uma festa da Igreja toda que está em Itapoá. A ele nosso antecipado agradecimento.
A presença franciscana
Coisa que para nós tem muito sentido é saber que a semente do franciscanismo já foi plantada aqui. Quando ainda era pertencente à paróquia de Garuva, Itapoá foi atendida por Frei José Bertoldi, o Bepe. Foi ele quem batizou Frei Laurindo. Na cidade estão presentes também três irmãs franciscanas de Santa Clara e, para nossa surpresa, um casal de franciscanos seculares, Sr. Clodoaldo e Dona Maria, com sua presença discreta dão testemunho de fraternidade na Comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes.
Primeiro dia do Tríduo
Depois de um dia intenso de visitas, as atividades apostólicas culminaram na celebração da Eucaristia presidida por Frei Pedro da Silva. A liturgia foi pensada de modo que toda a comunidade refletisse sobre a grande vocação de todos à vida, o grande sonho de Deus: a vida em abundância a todos.
Preparamos uma surpresa para Frei Laurindo, o Júnior. Para evidenciar que a vocação nasce na simplicidade do quotidiano, fomos até sua casa procurar alguns elementos que simbolizassem sua caminhada. Contamos com a cumplicidade de sua família. Graças a Deus, Dona Elza guarda com carinho as fotografias e lembranças de vários eventos marcantes. Numa caixinha, encontramos as velas do Batismo e da Primeira Comunhão do Frei Laurindo. Também algumas fotografias suas dos tempos de escola e do Seminário Santo Antônio completariam o clima nostálgico. O problema seria conseguir pegar tudo isso sem que Frei Laurindo percebesse. Com muito custo, desculpas aqui e ali, levamos à missa várias fotografias que entraram com o pão e o vinho no ofertório. Era a vida do filho de pescador que se oferecia ao Senhor no altar da vida.
Na celebração, no momento previsto para que reafirmasse sua adesão à fé, Frei Laurindo recitava o Credo segurando uma velinha antiga, já marcada pelo tempo, a vela de seu batismo. Agora, não são mais os pais que seguram essa vela, mas ele mesmo. Quem a trouxe, em passos trêmulos foi Dona Zilda, uma das catequistas da comunidade. Foram momentos de intensa emoção. Frei Laurindo, mesmo tentando disfarçar a emoção, ficou com os olhos marejados. Depois da celebração, uma pequena confraternização com pastéis, salgadinhos e refrigerante… Louvado seja Deus.
Segundo dia do Tríduo
Este dia foi dedicado à família. Foi o dia de Frei Laurindo declarar solenemente a Frei Pedro da Silva, delegado do Ministro Provincial, que tinha plena consciência das obrigações decorrentes do ministério de presbítero. Reafirmando assim o valor de sua profissão dos conselhos evangélicos. A celebração, presidida por Padre Sérgio, pároco de Itapoá, foi bastante envolvente. Difícil lembrar quanto tempo durou, mas é certo que passou de duas horas.
Também neste dia procuramos preparar uma surpresa. Frei Pedro teve a ideia de fazer uma bênção das alianças aos pais do ordinando. Tudo preparado, só eles não sabiam que além da bênção haveria uma renovação do consentimento. Impossível não se emocionar. Vários casais da pastoral familiar da comunidade se reuniram em torno do casal, Laurindo e Elza, e acompanharam devotamente a bênção proferida por padre Sérgio. Após a missa, um cachorro-quente caprichado e muita conversa sobre o dia de missão.
Às 23h, o povo ainda reunido no salão tocava gaita (a conhecida sanfona) e violão e cantava parecendo pedir a Deus que o dia durasse mais um pouco. A comunidade de Barra do Saí celebrou com muita festa este dia.