Dom Cappio: “O nosso sacerdócio deve estar aberto ao mundo”
18/10/2021
O segundo dia da Novena foi marcado por quatro celebrações eucarísticas. Dentre elas, a missa das 9h30, em ação de graças pelos 50 anos de vida sacerdotal de Dom Frei Luiz Flávio Cappio e Frei Walter Hugo, frades franciscanos. Nas missas das novenas (15h e 18h), recordou-se a minoridade de Frei Galvão, na vivência de sua vocação.
“Sacerdote é um profeta missionário”.
“Sacerdote é um profeta missionário”. Esta foi a frase que marcou a pregação, na missa das 9h30, do Jubileu de ordenação presbiteral de Dom Frei Luiz Flávio Cappio (bispo da Diocese de Barra – BA) e de Frei Walter Hugo, aqui no Santuário Frei Galvão. Belos cinquenta anos de vivência da vocação presbiteral na Igreja. Dom Cappio e Frei Water, são frades da Província da Imaculada Conceição, província dos mesmos religiosos que estão à frente do Santuário.
O Bispo lembrou as santas missões. Os missionários e missionárias, neste mês de outubro. “Sobretudo hoje, dia internacional das missões”, disse Dom Cappio.
“Toda a autoridade foi dada a mim… Vão e tornam todos os meus discípulos”. Uma ordem de Jesus dada a todos os que se sentem chamados a segui-Lo como discípulo. Lembrou o bispo. “Não basta segui-Lo. É preciso que façamos das pessoas discípulos de Jesus Cristo. O discípulo espalha a palavra, a semente do Evangelho. Essa palavras caem em variados terrenos. Os frutos que nascerão dessa árvore, serão conforme a qualidade do terreno. Apesar do terreno, não podemos excluir ninguém. Os pequenos e pobres são prediletos de Jesus. A estes, em especial, o Bom pastor acolhe, abençoa, alimenta e encaminha para as estradas da vida… Os pequenos devem as meninas de nossos olhos.. Como mãe que ama com estremecimento todos os filhos. Essa é nossa postura e missão. Essas foram palavras do bispo dizendo da missão do sacerdote.
Continuou o bispo: “Ser discípulos até os extremos da terra. A missionariedade é iluminada pelo Espírito Santo. Como sacerdotes, somos apenas seus instrumentos. É o Espírito Santo que reina, anuncia e celebra por meio de nós. É o Espírito Santo que fala com nossas bocas. Abraça com os nossos braços. Sente e ama com o nosso coração… O Espírito Santo é o grande profeta do Pai. É o Espírito Santo que nos impele e encoraja e nos consola… Não devemos colocar barreiras nas obras do Espírito Santo… O sacerdote age por meio do Espírito Santo, recebido da Igreja. Sacerdote-profeta da Igreja movido pelo Espírito… O Espírito é para a Igreja, como o sangue para o corpo… O Espírito é o candeeiro onde o Espírito Santo brilha… Santos e mulheres de Deus, foram os que se abriram ao Espírito de Deus. São Frei Galvão e Santa Dulce foram abertos ao sopro. Estes foram atentos aos pobres. Entregaram-se às moções do Espírito e assim anunciaram com ousadia o Evangelho. Essa é a missão do sacerdote”.
Citando Dom Oscar Romero, lembrou: “‘Conhecemos o profeta quando ele fala’. Exortou o povo pedindo atenção ao tempo, e acolher no tempo em que se vive a sua história e cultura”. Falando da formação dos futuros sacerdotes, disse que a formação deve garantir a abertura ao mundo e não a exclusão e divisão. O nosso sacerdócio deve estar aberto ao mundo”. Contudo, muito consciente da atualidade, Dom Cappio recordou que a lida com a diversidade cultural é o maior desafio de hoje em dia.
“O sacerdote deve estar marcado pela diaconia… ‘O maior seja aquele que serve’. Existe um clericalismo insano e maldito. Malditos ou carreiristas. Malditos que fazem da simonia sua maneira de administrar as coisas de Deus. Que fazem do ministério espaço da vaidade e do ministério… Felizes os que se colocam verdadeiramente como pobres em Espírito… Felizes os que usam do poder para servir mais. Feliz quem não faz de seu ministério uma ostentação. Felizes os que sabem usar “os curingas para fazer canastras nos jogos da vida”. Disse o bispo: “As pessoas só escutam o sacerdote quando ele é uma verdadeira testemunha”.
Frei Walter Hugo, jubilando, que vê o mundo a partir da poesia, declamou uma de suas poesias. Cujo trecho é belo citar: “Espalhar as flores e não os espinhos… Vale mais a flor do que espalhar a tragédia da dor”.
Próximo da conclusão da missa, entrou um grupo de folia de Reis, exaltajdo os feitos de Deus na vida do Santo brasileiro. O grupo é de Lagoinha,da cidade de Guaratinguetá.
“Radical é quem tem profundidade na vida”
A missa das 15h foi presidida por Frei Leandro Costa, colaborador do Santuário. Os paraninfos desta celebração foram os motociclistas. Frei Leandro, pregador, recordou o tema deste segundo dia da Novena: “Frei Galvão e a minoridade”. Convidou os fiéis a viverem a radicalidade do Evangelho, a partir do batismo e da eucaristia (cálice). Deu evidência ao “solo” de Frei Galvão, isto é, o carisma franciscano. “Radical é aquele que assume com sinceridade sua vocação”.
“O carisma franciscano é uma opção para todos”
Missa das 18h, missa presidida por Frei Diego, reitor do Santuário. Estiverem presentes irmãos e irmãs do carisma franciscano. Inclusive irmãos leigos, leigas da Ordem Franciscana Secular. Nesta mesma celebração as Irmãs Seráficas recordaram 100 anos de presença no Brasil.
“260 anos da profissão perpétua de Frei Galvão na Ordem dos Frades Menores”, lembrou o frade. Em sua pregação, Frei Diego lembrou uma das admoestação de São Francisco, que recorda: “… torna-se vergonhoso ao frade lembrar os feitos dos santos sem ao menos imitá-lo”. “Os votos feitos por Frei Galvão, e que os frades e freiras também fazem, são indicativos para uma vivência desprendida e disponível, isso é a vivência pobre”. Lembrando o segundo, a obediência, Frei Diego disse: “Obedecer, é ouvir. É escutar o evangelho num mundo surdo e rebelde. Obedecer antes de tudo a vontade de Deus que se manifesta na Igreja… A promessa da castidade, terceiro voto, é abrir o coração a Deus. Muito além da ideia reduzida da “não relação sexual”, o que é redutível e pequeno”. Finalizando, Frei Diego convidou todos os fiéis a aderirem o carisma, e votos experimentados por Frei Galvão.
No lado de fora da Igreja foram colocadas cadeiras e sistema de vídeo e som para que os fiéis pudessem participar. No mesmo ambiente, após os atos celebrativos ou mesmo antes, houve a festa externa com comidas típicas, e ação entre amigos.