Fórum Franciscano: “Se a Amazônia perecer, todos nós vamos perecer”
05/07/2019
Manaus (AM) – “Se a Amazônia perecer, todos nós vamos perecer porque o Planeta não vai resistir”. A frase de Frei Atílio Dalla Costa Battistuz, frade franciscano missionário na Amazônia há mais de sete anos, foi um dos muitos alertas dados durante o Fórum Franciscano Para o Sínodo Pan-Amazônico, no Centro Arquidiocesano São José, em Manaus (AM), desde o dia 4 de julho. O encontro, promovido pela Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), teve a colaboração do bispo arquidiocesano de Manaus, Dom Sérgio Castriani; de Moema Miranda, da Ordem Franciscana Secular (OFS); Frei Luiz Carlos Susin (OFMCap); Frei Florêncio Vaz (OFM); e dos assessores da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). Da Custódia Franciscana São Benedito da Amazônia, participam 12 frades.
Frei Atílio Battistuz, missionário na Prelazia de Marajó e frade desta Província da Imaculada, também destacou que está na hora de se conhecer a Amazônia “com o coração” e não se contentar somente com o que se aprende nos livros, filmes, na TV, jornais e revistas.
No mapa, mostrou todo o espaço que ocupa a Amazônia na América do Sul, um ecossistema fundamental para o planeta e para o clima e está sob grave ameaça, segundo o frade. “Não somos os únicos na Amazônia, mas ela engloba os países da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, num total de 40% da América do Sul”, explicou o frade, que depois de ser missionário no projeto da Ordem dos Frades Menores por 6 seis, aceitou o convite de Dom Evaristo Spengler para ser missionário na Prelazia de Marajó.
Para Frei Atílio, este grande santuário da natureza corre o risco de acabar. “É a última grande floresta tropical que ainda existe. A Amazônia representa 34% de todas as florestas nativas que ainda existem”, explicou, lembrando grande diversidade de povos na Amazônia. “São mais 300 povos indígenas na Amazônia, com culturas diferentes e que resistem às explorações e sofrimentos causados a eles”.
Nos últimos anos, o desmatamento e a destruição da floresta continuam acontecendo de forma criminosa. Uma área correspondente a dois campos de futebol da floresta amazônica brasileira é desmatada a cada minuto. “É a última grande floresta tropical que ainda existe. A Amazônia representa 34% de todas as florestas nativas que ainda existem no mundo”, explicou.
Frei Atílio também recordou que o planeta Terra está enfrentando um problema muito sério com relação ao meio ambiente, o chamado aquecimento global e estudos recentes mostram que é necessária uma mudança de postura se quisermos viver ainda. “Se a Amazônia perecer, todos nós vamos perecer porque o Planeta não vai resistir”. O frade lembrou a teoria Gaia, também conhecida como Hipótese de Gaia, que é uma tese que afirma que o planeta Terra é um ser vivo. Segundo o criador desta hipótese, James Lovelock, a Terra estaria reagindo às ações negativas que vem sofrendo pelo homem. “Gaia é um conceito muito próximo da nossa experiência franciscana, muito próximo dos povos indígenas e de Deus”. Segundo o frade, a ciência está confirmando hoje o que Francisco de Assis intuiu há 800 anos.
ABERTURA
“Como filhos e filhas de Francisco de Assis, não podemos ficar alheios às contradições sociais da realidade contemporânea, com as quais somos chamados a nos confrontarmos, em especial quando devemos colaborar na preservação de toda a biodiversidade e no respeito aos povos originários que vivem na Amazônia”, expressou o presidente da CFFB, Frei Éderson Queiroz (OFMCap).
O evento teve início no dia 4 com a apresentação e boas-vindas do presidente da CFFB, Frei Éderson Queiroz (OFMCap). Logo após, o Arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani, fez a apresentação do Sínodo Pan-Amazônico, de como é ser igreja na Amazônia e do que o Papa Francisco espera da igreja na Amazônia.
À tarde, Frei Luiz Carlos Susin (OFMCap) abordou temas como mudança de hábitos, conversão pastoral, ecológica e eclesial na Amazônia. Frei Florêncio Vaz falou sobre a Ecologia Integral Franciscana, e Frei João Messias, OFM, testemunhou sua vivência com os Munduruku, experiência missionária na Prelazia de Itaituba com mais de 58 comunidades indígenas que vivem numa relação de pertença com a Floresta e estão ameaçados pela extração de minérios e outros impactos socioambientais.
Ir. Clarice Barri, Ir. Catequista Franciscana, abordou a mobilidade humana em Assis, área de Fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru.
“Perspectivas e desafios para a Conferência da Família Franciscana do Brasil” foi o tema central do Fórum, que promoveu debates, estudos e conferências.
Fonte: Site da CFFB