Santo Antônio fez da sua vida um instrumento de Deus
10/06/2018
São Paulo (SP) – Neste sábado, 9 de junho, a Paróquia Santo Antônio do Pari acolheu mais uma vez o pregador Frei Clauzemir Makximovitz, que veio do Convento São José de Lages (SC) para pregar o 10º dia da Trezena de Santo Antônio. O tema “O Santo da Paciência” conduziu a reflexão do frade na Celebração Eucarística das 18 horas.
Frei Clauzemir, que se recuperou muito bem de um acidente grave que sofreu em Santa Catarina, iniciou sua pregação destacando que tem certas tragédias, situações, acontecimentos, que nada têm a ver com a Vontade de Deus ou com seu plano para nosso futuro. “Aos poucos vamos aprendendo que Deus sonha, sim, com nossa felicidade, tem um projeto de realização especial para cada um de nós, mas Ele conta conosco para isso, respeita nossa liberdade, pois só através dela é que é possível a verdadeira realização de nossa vocação”, notou.
“Assim sendo, algumas coisas que acontecem são reflexo do mau uso de nossa liberdade, reflexo do mal que deixamos existir mesmo nas entrelinhas de nossas escolhas. Algumas coisas, entretanto, não têm nenhum sentido ou motivo aparente, não tem causa, culpado ou razão. Nos vemos pequenos diante de tudo isso, diante de uma realidade que por vezes nos sufoca. Aprender a lidar com tudo isso, é também o que chamamos santidade. E eu tenho a impressão que necessariamente essa santidade começa com muita paciência”, situou o frade.
“A simples capacidade de não se desesperar diante de tamanha fragilidade já é uma virtude”, disse, explicando que paciência tem em sua etimologia pathos, que significa dor, sofrimento. “Agravante ainda é que vivemos em um tempo multifuncional, agitado e exigente demais. Sofremos coletivamente da chamada síndrome do pensamento acelerado, somos inquietos, desconfiados e muito cobrados o tempo todo. Lidar com uma situação adversa sem se exaltar é cada vez mais difícil, e quando não, difícil é resolver a situação de modo que se gostaria”, constata.
Para Frei Clauzemir, ter paciência tem a ver com onde colocamos nossa confiança. “Paciência tem a ver com confiança, tem a ver com centralidade, com segurança. Se buscamos respostas imediatas para tudo, não conseguimos. Mas se o nosso relacionamento com Deus é íntimo o suficiente, nosso coração se aquieta, se torna manso, e descobrimos que mesmo no olho do furação, “cede o mar embravecido” para citar o responsório de Santo Antônio”, ensinou.
Para o frade, paciência é sempre algo a ser buscado, construído, trabalhado. “Mesmo quando é uma virtude nata, deve ser comedida, pois ser paciente não é ser indolente, insensível ao que ocorre ao redor. Paciente, ao contrário, é participar, é sentir, é assumir”, acrescentou.
O pregador também disse que paciência tem a ver com ordem, como toda virtude. “Significa colocar as coisas em seu devido lugar, valorizar aquilo que tem real valor. Um exemplo disso é se pudéssemos medir nossa paciência em casa. O que é necessário para nos tirar do sério? Para que situações não temos a menor paciência? Será que elas não tem mesmo nenhum valor? E para que coisas sempre temos tempo e disposição? Para a televisão, a novela, o futebol, o celular, a internet… Para que coisas mais nossa paciência nunca finda? Não sejamos moralistas de apenas apontar isso de forma negativa, mas equilíbrio sempre é necessário. E essas coisas são um excelente indicador de quão bem anda distribuído nosso esforço em sermos pacientes”, constata o frade.
“Como franciscano, Santo Antônio não se deixava abalar pelas dificuldades mesmo da vida fraterna, desentendimentos entre os frades, cobranças do povo, dificuldades e privações que ele passava. Mas isso tudo não lhe veio pronto, foi fruto de uma intensa caminhada pessoal, de santificação e de quem queria de fato, fazer da sua vida um instrumento de Deus”, completou Frei Clauzemir.
Neste dia 10 de junho, a Trezena acontecerá às 18 horas e terá como tema “Santo Antônio o Santo dos Pobres”. Também neste domingo a partir das 17 horas, e nos próximos dias (13,16,17/06), acontece a festa externa com barracas e comidas típicas. Prestigie!