Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Agentes refletem sobre Comunicação e Igreja

20/07/2018

Notícias

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Érika Augusto

Aparecida (SP) – Cerca de 500 pessoas, entre bispos, padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral, estão reunidas em Aparecida (SP), para o 6° Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), que acontece de 19 a 22 de julho, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida.

Na manhã desta sexta-feira (20), os participantes acompanharam três momentos de formação. Ricardo Alvarenga, doutorando e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, falou sobre a vivência comunicacional na Igreja na América Latina. Ele abordou alguns aspectos dos documentos do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e o contexto histórico e social em que as Conferências aconteceram.

Em sua fala, ele destacou que algo comum em todos os Documentos (Rio, 1955; Medellín, 1968; Puebla 1970; Santo Domingo, 1992; Aparecida, 2007) é a sensibilização e o engajamento nas questões sociais, um olhar voltado para a realidade social e eclesial dos países latino-americanos e a necessidade de uma formação crítica das comunidades.

Sobre o trabalho da Pascom, Alvarenga salientou que a função dos agentes de pastoral não pode se reduzir a uma assessoria de imprensa da paróquia. “O papel da Pascom não é simplesmente fotografar as missas, escrever o texto sobre a celebração ou fazer o cartaz do festejo, mas fomentar nas bases uma formação crítica e uma reflexão especializada sobre a recepção dos produtos dos meios de comunicação. Vemos comunidades que são verdadeiramente alienadas e que tomam algumas verdades e alguns conteúdos que saem na grande mídia como verdades absolutas, se fechando para o diálogo e para reflexões posteriores. Cada um de nós, comunicadores, somos responsáveis por promover em nossas realidades locais uma formação especializada e reflexão crítica dos nossos colegas de comunidade. A Comunicação efetivamente tem atravessado todas as relações sociais, desde sempre mas especialmente hoje. Mais do que nunca é necessário fomentar a formação e a leitura crítica da mídia”, afirmou.

Comunicadores em tempo de “fake news”
Em seguida, Elson Faxina, professor da Universidade Federal do Paraná, falou sobre a leitura crítica da mídia em tempos de “fake news”. Ele usou a mensagem do Papa Francisco para o 52° Dia Mundial das Comunicações Sociais como base para sua reflexão. Para ele, além das “fake news” existe a “facão news”. Facão é um termo usado no jogo de cartas para designar um blefe. Facão news, para ele, é quando uma notícia é veiculada somente em parte, omitindo algo.

Para Faxina, as “fake news” atendem ao desejo da pessoa que as compartilha, geralmente para afirmar algo que a pessoa gostaria que fosse verdade, sobretudo quando se trata de difamar alguma pessoa ou instituição. Ele apresentou uma matéria do jornal Estadão, onde afirma que 12 milhões de pessoas difundem notícias falsas sobre política no Brasil. Ele explicou que isso sempre existiu, mas foi potencializado com as mídias sociais. Segundo Faxina, uma das causas é a falta de empatia. “Julgamos demais e ouvimos de menos”, pontuou.

Ele apontou a importância de checar as notícias recebidas e indicou alguns sites que fazem esta verificação. Ele afirmou que a divulgação de notícias falsas atende a vários grupos e não são difundidas por acaso. “As ‘fake news’ têm interesses políticos, eleitorais, geopolíticos, econômicos, pessoais, de grupos sociais e até interesses religiosos”, acrescentou.

Para Elson Faxina, denunciar as notícias falsas é um dos desafios da Pascom hoje. Além disso, ele destacou a importância de noticiar mais o que é permanente e menos o que é eventual. “Precisamos vasculhar nossas comunidades em busca de fatos. Temos muitas notícias boas acontecendo e não sabemos identificar”, assinalou.

Encerrando a parte da manhã, o missionário redentorista Ir. Diego Joaquim, falou sobre o rádio como instrumento de evangelização e integração comunitária. Ele apresentou alguns números sobre a audiência radiofônica no Brasil e a disparidade no investimento publicitário entre a televisão e o rádio. Ele abordou os aspectos que devem diferenciar uma rádio católica de uma rádio secular, salientando que a missão principal é o serviço à comunidade local e não a um grupo restrito.

Um horizonte para as mídias católicas
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Dom Darci José Nicioli, apresentou aos participantes as Orientações Pastorais para as Mídias Católicas, o documento 111 de estudos da CNBB. Ele salientou que não é a versão final, mas que a partir dele, os grupos poderão encaminhar as sugestões e indicações. Ele afirmou que a publicação do documento final está prevista para 2019 e contará com a contribuição de especialistas.

Dom Darci, que é Arcebispo de Diamantina, anunciou também o lançamento do Guia de implantação da Pastoral da Comunicação, que é baseado no trabalho realizado em sua Arquidiocese.

Não se distanciem das conquistas democráticas, clama Dom Darci
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Na noite de quinta-feira (19), os participantes foram acolhidos por padre João Batista de Almeida, reitor do Santuário Nacional de Aparecida e por Dom Darci. Em sua fala, o arcebispo pediu dos comunicadores empenho em conhecer os novos modos de expressão e o compromisso no anúncio da verdade que liberta: Jesus Cristo. Dom Darci salientou a importância dos agentes na realidade política e social do Brasil. “O Brasil está gritando, pedindo aos comunicadores que não se distanciem das conquistas democráticas e da responsabilidade social. A realidade pede um maior engajamento, como comunicadores cristãos que somos e instiga nossa criatividade profética. Não podemos nos distanciar da realidade que vivemos, senão comunicaremos o quê?”, questionou.
Dom Darci recordou uma fala do Papa Francisco, que falava sobre a corrupção, elucidando que este não é um problema apenas vivido na política, mas em toda sociedade. “É preciso ter a vocação para servir, com um forte sentido de austeridade e de humildade. São valores que precisam nortear a busca de soluções para os nossos problemas sociais, políticos, econômicos e, por que não, para os nossos problemas comunicacionais”, afirmou o arcebispo. E acrescentou: “Conteúdos, métodos, uso de tecnologias e outras variáveis da comunicação neste cenário precisam necessariamente de vinculação ética, de modo a responder as garantias de uma democracia cada vez mais madura, mais robusta e despertar para a prática de uma cidadania que favoreça maior responsabilidade de todos, com a vida de todos”.

Ocupar o mundo das novas mídias

Dom Darci salientou a importância da Igreja assumir estes espaços como local de missão e  ocupar as novas mídias. “O mundo das novas mídias se tornou verdadeiramente um lugar de vida para as jovens gerações, especialmente. É lá que nós devemos estar. E isso é urgente”, acrescentou, citando um trecho do documento preparatório do Sínodo dos Bispos, que será realizado este ano.
Em seguida, Joana Puntel, religiosa Paulina, jornalista, membro da Equipe de Reflexão de Comunicação na CNBB, falou sobre o caminho da comunicação na Igreja, trazendo aspectos importantes dos documentos já publicados e da importância do Concílio Vaticano II para a comunicação na Igreja.