Quando o maior, o melhor, o notável, é serviço
12/06/2015
Frei Gustavo Medella
“O melhor do melhor do mundo” era o nome de um quadro do Programa Pânico na TV em que o personagem se autodeclarava o melhor do mundo em atividades das mais absurdas possíveis, como o melhor em botar menos a língua para fora, em abrir e fechar o nariz, dançar sem música, elogiar o trabalho dos outros, a mudar mais rápido e outras atividades muito esquisitas. De certa forma, é uma sátira ao sonho humano de ser grande, notável, o maior, se possível for. É a carência que comanda cada coração em busca de reconhecimento e atenção.
No entanto, insistentemente, Jesus vem desmontar este esquema tão arraigado na interioridade humana. Mostra com insistência que o Plano de Deus passa necessariamente pelo que é silencioso, discreto, pequeno, porém profundamente ativo e perseverante. É a semente que dia a dia cresce na quietude, sem estardalhaço, trabalhando com afinco os elementos que a terra lhe oferece, sem exigir mais ou menos daquilo que a generosidade do solo lhe oferece. E assim ela cresce, até se tornar um grande pé de mostarda (Mc 4,31-32) ou um imenso cedro no alto da montanha (Ez 17,22-24).
Quem aprende a crescer como semente, mesmo quando se torna grande, não se faz prepotente ou arrogante, mas, humildemente se coloca como servidor, a exemplo da mostarda e do cedro, que produzem alimento, sombra, folhagem a serviço do ser humano e também dos pássaros e demais animais. E assim é a Igreja: grande à medida que se coloca a serviço da humanidade, sem preocupação em ser a melhor do melhor do mundo no que quer que seja.
Atendendo ao apelo do Papa Francisco, se conseguirmos ser uma Igreja da acolhida, do encontro, do diálogo, da promoção da paz e do serviço, seremos automaticamente “grandes”. Agora, se nosso foco for nos transformarmos em uma instituição poderosa, cheia de ostentação, autorreferencial e autoritária, estaremos condenados a nos distanciar de Cristo, tornando-nos peregrinos cada vez mais distantes do Senhor (Cf. 2Cor 5,6-10).