Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Profissão Solene de Frei António Boaventura Zovo Baza em Luanda

30/08/2009

Notícias

Por Frei Vitório Mazzuco Filho

Luanda (Angola) – As cinco comunidades da Paróquia de São Lucas se prepararam intensamente para este momento. Um tríduo movimentou o povo. No primeiro dia, o tema foi a Vocação de São Francisco, onde foi mostrado o contexto histórico e biografias, as guerras da juventude, o abraço ao leproso, a cruz de São Damião, lugar da fala da inspiração. No segundo dia, destacou-se o Carisma Franciscano, a vida fraterna, o amor à Igreja, a pobreza e os pobres, a mística da paz e a fraternidade universal e a ecologia. No terceiro dia, a diversidade daVida Franciscana e a Família Franciscana em Angola. A reflexão trouxe o sentido da vida consagrada, os frades, as irmãs, a vida contemplativa, as irmãs Clarissas, os franciscanos leigos, a OFS e a Juventude Franciscana, simpatizantes e devotos.

Assim, o povo foi compreendendo o que é a profissão solene e saber da força missionária do carisma franciscano e clariano presente nas diversas famílias religiosas em Angola: A Ordem dos Frades Menores, a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, as Clarissas, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, Irmãs Franciscanas de São José, Irmãs Franciscanas Missionárias da Natividade de Nossa Senhora, Servas Franciscanas Reparadoras, Irmãs Catequistas Franciscanas, Irmãs Missionárias de Nossa Senhora, Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo, Irmãs Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, Religiosas Escravas da Santíssima Eucaristia e da Mãe de Deus, Irmãs Franciscanas da Santíssima Trindade, Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, Pequenas Irmãs da Sagrada Família, Franciscanas Missionárias de Nazaré, Franciscanas da Visitação, Franciscanas de Nossa Senhora da Vitória, Ordem Franciscana Secular, Juventude Franciscana (Jufra), GeoFrater, Juventude Eucarística Franciscana, bela família, fraterna, espiritual e missionária.
Tríduo realizado, a preparação intensificou: chegaram os frades das diversas partes da Missão, Frei Laerte a cuidar da liturgia, os corais, acólitos, as mamás preparando comidas e sumos, a arrumação do Kimbo São Francisco, detalhes todos para deixar tudo ajeitado, prático e confortável. Havia clima de festa e celebração. Na África, as coisas não acontecem sem um mínimo de intensidade. Cada acontecimento é pleno de expectativa e participação. Como diz um antigo poema local: “Que exprimam com fervor – Os ardentes Votos seus!”

Mensagem de congratulação
PAZ E BEM!
É uma honra e grande alegria ver-vos aqui; a vossa presença, manifesta a estima solidariedade para comigo na realização dos meus votos Solenes. Quero agradecer em primeiro lugar a Deus que é a razão da minha existência e deste acontecimento. Neste momento, permitam-me que faça minhas, as palavras da exortação Apostólica do Papa João Paulo II no documento vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo nº 57 de 1987: “O homem é interpelado na sua liberdade pela chamada que Deus lhe faz para crescer, amadurecer e dar fruto. Ele terá que assumir a própria responsabilidade”. É a esta responsabilidade tremenda e sublime que eu hoje assumo livre e conscientemente. Dirijo os meus agradecimentos a todos os confrades da ordem franciscana que são o meu elo de ligação no aprofundamento da vocação missionária pela aderência a vivência evangélica seguindo nosso Senhor Jesus Cristo nas pegadas do Seráfico pai São Francisco de Assis. Às irmãs Franciscanas hospitaleiras, são insuficiente as minhas palavras para exprimir a vossa obra solidária, caritativa e hospitaleira; porém, é necessário que eu diga com muita estima, a minha gratidão! Grande louvor, vai para os meus pais e familiares que foram a força motora que me fez crescer na sabedoria e graça da fé cristã. É através deles que alcancei este mistério. Dou graças a Deus pelas orações fervorosas das irmãs Clarissas que dedicam grande parte do seu tempo na invocação do Senhor para  o fortalecimento do nosso sim, para o bem das almas e do mundo.
Afáveis confrades Capuchinhos, que o meu agrado chegue a todos vós, presentes e ausentes, pela acolhida e acompanhamento do meu retiro preparatório na fraternidade do vosso noviciado, em Lubango. Louvado seja Deus, pelos benfeitores e amigos que têm nos ajudado muito com os bens materiais; assim como os colegas da caminhada pela força encorajadora em momentos dificeis desta longa busca!
Por fim, exprimo a minha gratidão, do fundo do meu coração a toda paróquia de São Lucas pelo espaço e empenho na organização deste evento. Obrigado por terdes feito grande esforço na realização deste dia tão importante para mim e para vós. É uma alegria para todos nós. Que Deus vos conceda a graça da felicidade e paz nas vossas vidas.
Luanda, 30 de Agosto de 2009.
Frei António Boaventura Zovo Baza

Chegou o domingo, dia 30 de Agosto, um sol tímido criava luz e sombras entre os arvoredos na secura outonal do Kimbo. O colorido ficou por conta das vestes. O povo estava arrumado por fora e por dentro. Às 9 horas, a procissão de entrada saiu da sede da Missão e dirigiu-se ao palco altar; muitos corais, atabaques, chocalhos, guitarra e baixo elétrico, a percussão ritmada das palmas, as belas vozes com o característico e vigoroso timbre negro, a fé estampada no rosto e no riso do povo, veio o cortejo de frades, sacerdotes, ministros, acólitos compenetrados, escoteiros, campainhas, turíbulo, incenso e símbolos a trazer Frei António Boaventura Zovo Baza, sua mãe Maria Tereza, seu tio Antonio representando seu pai, seus familiares e a sua definitiva família de frades. O segundo frade professo solene da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) caminhava decidido para os votos. A missa campal criou o espaço ideal para a multidão de mais de mil fiéis. Há um mistério único quando o ritual romano recebe o tom africano. Todos nós aprendemos a ser solenes e simples ao mesmo tempo, festivos e profundos, a marcar com palmas o rito que se faz ritmo. Os cantos fluem como um mantra tribal que repete, repete, repete palavras da Verdade do Mistério para que, num momento, a gente possa se encontrar com este Mistério. Dentro de nós e no corpo, a alma dança!
Frei Atílio Batistuz fez os comentários; Frei Laerte, o cerimoniário; Frei Angelo José Luiz, o Mestre que apresenta o formando temporário que dirá palavras perpétuas; Frei Sebastião Kremer, pároco, atento, enfim tudo abriu-se para unir o missal, a rubrica, o cerimonial e o jeito afro de embalar mistagogia e liturgia. A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum era mais do que comum. A segunda leitura foi lida em kikongo, uma das línguas locais. Após o Evangelho, um momento muito forte: Joana Ângelo, Maria Miguel, Natália Joana da OFS fizeram a primeira profissão; Ana Domingos, Ana Maria, Antónia Fernandes, Conceição Domingos, Dionísia João, Domingos Gama e Susana Mateus renovaram a profissão na OFS.
O Ministro Nacional da OFS, o Irmão Domingos, recebeu os compromissos. Frei Vitório Mazzuco OFM, Vice-Provincial, recebeu, em nome da Ordem e da Província da Imaculada Conceição, os votos perpétuos de Frei António Boaventura.
Foi edificante ouvir dos leigos da OFS e de nosso confrade as palavras ditas com clareza, firmeza, convicção e fé: “A experiência do tempo de formação confirmou em nós a convicção de que o Senhor nos chama a viver o Evangelho, seguindo os passos de São Francisco de Assis. “É emocionante ver irmãos e irmãs pedindo a força para viver os compromissos de vida evangélica, a observância do Santo Evangelho, segundo a Regra de Vida e as Constituições. Teve entrega da Regra de Vida, do Tau dos eleitos, a assinatura no altar, a Ladainha de todos os Santos, o diálogo, o “Quero!” nítido e convicto, as promessas, a bênção solene e a consagração do Professo, o acolhedor abraço da paz.
Na procissão das ofertas, a beleza do recolho e da tâmula, as oferendas vindo nas cestas, bacias, no equilíbrio das cabeças, nos braços e nos passos da dança, no canto inesquecível. A Liturgia Eucarística, a Comunhão, o pós-Comunhão, as falas, avisos, homenagens e agradecimentos.
A Bênção Final, a Bênção da nova e grande imagem de São Francisco esculpida ali no próprio Kimbo e plantada num pedestal para acolher, olhar, proteger e rezar junto com os fiéis; a bênção e a entronização da imagem de Nossa Senhora de Lourdes na gruta do Kimbo.
Procissão, vivas, cantos, Aves Marias, o Ângelus, as lágrimas regando rostos e o pó que se levantava no movimento de pessoas e passos. A emoção e a devoção. Francisco de Assis e Mama Muxima fazendo o ceú abrir-se para aquele povo!
Assim foi a Profissão Solene de Frei António Boaventura Zovo Baza, semente e árvore do Carisma Franciscano plantado no chão de Angola, nesta festa celebrativa inesquecível na Paróquia São Lucas, em Palanca, Luanda. Em louvor de Cristo. Amém!