O Coral dos Canarinhos continua lançando sementes por onde passa.  No último dia 29 de junho, o grupo encantou o público que lotou a Igreja de Santa Teresa, em Teresópolis (RJ), para acompanhar a edição especial do Música na Matriz, abrindo a programação do 133º aniversário da cidade.

O evento marcou também o anúncio da criação do Projeto Meninos Cantores de Teresópolis, idealizado por Rogério Mello Alves, da obra social Fazendo a Diferença. A ação conta com o apoio das Secretarias Municipais de Cultura e de Educação. De acordo com o site Diário, a iniciativa tem como proposta formar um coral com 40 alunos da rede pública municipal de ensino, com idade entre 9 e 12 anos, para atender adolescentes e crianças seguindo os moldes do IMCP (Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis). Segundo o secretário municipal de cultura, Ricardo Guarilha, a qualidade do concerto apresentado na edição especial deste ano do Música na Matriz atestou a importância de iniciativas que valorizam a arte e a cultura, especialmente entre o público jovem.

Com regência do Maestro Marco Aurélio Lischt, o repertório transitou do clássico ao pop e pela MPB, com músicas sacras, como ‘Ave verum Corpus’ (Wolfgang Amadeus Mozart) e ‘Allelujah’ (George Frideric Handel); hits internacionais, como ‘Your song’ (Elton John) e ‘All you need is love’ (The Beatles), e sucessos da MPB, como ‘Conversa de botequim’ (Noel Rosa) e ‘Aquarela do Brasil’ (Ary Barroso). A canção ‘Andança’ (Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós) encerrou o espetáculo.

Frei Marcos Antonio de Andrade, Presidente do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP) e Definidor Provincial, ressaltou que os Canarinhos por serem hoje o Coral de Meninos mais antigo em funcionamento do Brasil, fundado por Frei Leto Bienias, em 1942, inspirou outros Corais pelo Brasil. O frade salientou que o projeto educacional e formativo do Instituto foi construído com muito trabalho e lapidado ao longo de décadas de uma bela e rica história; e disse estar feliz com essa nova semente que começa a florescer em Teresópolis.

“Desde o início da nossa fundação, os Canarinhos nasceram como uma iniciativa de um Coro Litúrgico que estivesse ligado a um processo educacional em suas múltiplas áreas. Os frades sempre foram zelosos para que a formação humana e franciscana fosse componente essencial dos aprendizados dos nossos coralistas. Acreditamos também que a arte a cultura são partes fundamentais da formação sólida do ser humano e na transformação do nosso mundo”, afirmou o frade.

O Presidente do Instituto também salientou que a música ajuda na nossa relação com o divino. “Desde os primórdios da humanidade as religiões fazem uso da música. Há algo nela que toca no íntimo de nós e que nos ajuda a entrarmos em contato com o transcendente. Um Coral Litúrgico deve ter essa missão: elevar nossas preces e louvores a Deus e ajudar para que possamos estar em sintonia com o mistério que celebramos. Nas vozes de nossos coralistas ressoa a voz de toda a Igreja que canta e louva o Bom Senhor!”

Frei João Manoel Zechinatto, que atua no Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, explicou que a música é talvez o que mais apareça no trabalho do instituto, mas ela é um dos componentes de uma proposta de educação integral que permeia a missão do projeto. “Em cada apresentação levamos o todo da nossa missão, acreditando sempre que a música e a cultura são formas de engrandecermos o espírito e fazer do mundo um lugar mais belo e bom de se viver. Essa integralidade é fundamental em nossa ação como proposta de evangelização através da educação”, afirmou.

Quando perguntado sobre a relação da música com o carisma franciscano, o Frei João foi esclarecedor. “Uma cena muito interessante de São Francisco, que nos narra suas hagiografias, é um momento em que ele usa pedaços de gravetos como um instrumento musical. Não havia nenhum som que pudesse ser escutado com os ouvidos, mas uma melodia que brotava do coração, do íntimo do seu ser. Um Instituto de Meninos Cantores que tenha a espiritualidade franciscana como pano de fundo é um espaço no qual, mais do que simplesmente cantar, o indivíduo possa cantar com o coração e tenha no canto uma razão de expressão do sublime e do transcendente! Não é só saber cantar, mas é ter uma razão nobre e sublime do porquê cantamos”, concluiu.

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Adriana Rabelo