Pe. Luiz Camilo: É o amor que faz com que a gente caminhe com esperança
19/10/2022
Guaratinguetá (SP) – No quarto dia de Novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), o missionário redentorista Padre Luiz Camilo Junior, presidiu a Santa Missa, às 19h30, e destacou na sua homilia o tema do dia: “Frei Galvão, Administrador Fiel da Caridade”.
O reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, concelebrou e acolheu Pe. Camilo e a todos os fiéis devotos do primeiro santo brasileiro. Na festa deste ano, estão sendo recordados os 200 anos da passagem de Frei Galvão para a eternidade, com o tema: “É morrendo que se vive para a vida Eterna”. O gesto concreto deste terceiro dia da Novena foi a doação de açúcar.
Pe. Camilo contou que era a primeira vez que celebrava no Santuário Frei Galvão: “É uma alegria e uma bênção estarmos aqui!”, disse.
Pe. Camilo abriu sua reflexão contando um “bonito testemunho” de um senhor que ouviu quando ele ainda era seminarista. “Esse senhor me disse que por muitos anos precisou mendigar para ter o pão de cada dia. Ele morava em São Paulo e lá na av. Paulista, que é a avenida dos grandes bancos e das grandes empresas, ele passava todo dia esperando a caridade de alguém: uma coxinha, um pão com ovo, um guaraná, um suco, enfim… Ele disse que nunca faltou: sempre alguém ou jogava uma moeda aos seus pés ou lhe entregava um lanche. E assim ele foi sobrevivendo. Mas um dia uma pessoa fez algo muito maior do que dar um lanche ou jogar umas moedas. A pessoa sentou-se ao lado dele e, ao sentar-se ao seu lado, o primeiro gesto foi perguntar o seu nome. E quando ele disse o seu nome, a pessoa segurou sua mão e disse: ‘Prazer em conhecê-lo, irmão!’ Ele falou que aquele gesto transformou toda a sua vida”.
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Segundo o celebrante, há muitos anos dependendo da doação de um pão, de um salgado para viver, aquele homem que sentou ao seu lado, perguntou o seu nome, olhou para os seus olhos e segurou na sua mão, deu a ele muito mais do que um lanche pode oferecer: “Deu a ele a dignidade de saber que ele existia”.
“Por isso, todas vezes que refletimos sobre a dimensão da caridade cristã – e caridade não é o momento em que realizamos algo bonito em favor de alguém – ela deve ser uma constante em nossa vida. Não é exercer a caridade só de vez em quando. A caridade deve ser a nossa identidade. Nós pertencemos a Cristo e o amor dele deve ser revelado ao mundo através de nós”, disse o missionário, lembrando o tema deste quarto dia da novena: “Frei Galvão, Administrador Fiel da Caridade”.
“O homem revestido de amor é capaz de enxergar o outro como igual, e tratá-lo como irmão. Se no mundo de hoje, às vezes, nós somos ainda tão marcados por preconceitos, julgamentos, indiferenças, é porque nós estamos despidos do amor do Cristo. Se realmente o amor do Cristo revestisse o nosso coração, como revestiu o coração de Frei Galvão, nós enxergaríamos e trataríamos todas as pessoas como irmãos e irmãs. Como fez aquele homem junto com aquele pobre, na frente de um grande banco”, lembrou.
“Mas, quando alguém, movido por amor – porque apenas quem ama é capaz de segurar nas mãos daqueles que o mundo não mais enxerga -. apenas quem ama tem a coragem de se colocar do lado e demonstrar num olhar, num sorriso, num aperto de mão que a vida desta pessoa tem valor. Então, a caridade é muito mais do que dar algo para alguém. É claro que quem tem fome precisa de pão, quem está com frio, precisa de roupa, mas a caridade é muito mais do que dar algo, é dar-se ao outro e acolher o outro na nossa vida”, frisou.
Para o celebrante, é fácil quando alguém bate na sua casa e pede um prato de comida. “Você vai lá, procura um tupperware ou um potinho de sorvete que é descartável, preenche de arroz, feijão, um pedacinho de carne, uma salada ou legumes, chega no portão entrega para ele, entra para dentro e fecha a porta. A caridade não é apenas saciar a fome do estomago das pessoas. A caridade é oferecer amor que devolva a quem no mundo sofre tanto, a dignidade de saber que a vida dele tem valor. E mesmo que grande parte do mundo não seja capaz de enxergar os pobres e sentir compaixão pelo ser humano que sofre, Deus vê a todos. Ninguém é invisível ao olhar do Pai. Ninguém é esquecido no coração do pai”, confortou.
Para Pe. Camilo, os santos enxergam isso. “Frei Galvão, conhecendo um pouco da sua história – o Frei Diego conhece infinitamente mais do que eu – com certeza vocês, fiéis devotos, conhecem a história deste santo, era alguém que encontrou na caridade uma forma bonita de servir a Cristo. Como vai dizer São Paulo na Carta aos Coríntios, mesmo que eu doe todos os meus bens para os pobres, mas se eu não tiver amor por eles, os bens doados não significam nada. Apenas quem ama se coloca ao lado do necessitado e apenas quem ama é capaz de deixar as marcas do amor de Deus na vida daquele que sofre por um mundo que ainda não sabe amar”, ressaltou.
Frei Galvão, frisou o celebrante, é a imagem bonita da caridade de Cristo junto aos pobres. “Há uma frase bonita que eu li dele de um escritor que fala: ‘Frei Galvão é o homem cujo o coração é de Deus, mas suas mãos e os seus pés são dos irmãos, dos pobres e dos sofredores’. Aquele que entregou o coração inteiro a Deus, sem reservas, sem guardar algo de si, mas se fez todo nas mãos do Senhor, transforma suas mãos e seus pés em ofertório de alegria, compaixão e caridade aos seus irmãos, principalmente aos pobres. Então, são mãos que partilham o pão, são pés que caminham apressadamente para ajudar. É a presença do amor que faz diferença na vida de quem tanto sofre, mas que um pequeno gesto de amor é capaz de transformar”, disse.
“Por isso, nesse tempo bonito da novena de Frei Galvão, vamos deixar que a devoção a ele não seja apenas um ato de piedade, mas que a devoção em Frei Galvão seja também a coragem de viver a caridade que em sua época ele viveu”, observou.
Segundo Pe. Camilo, o Evangelho de Mateus, no capítulo 25, vai trazer o grande ensinamento de como será o nosso julgamento. “As pessoas ficam com medo quando se fala do dia do julgamento. O Evangelho de hoje mesmo diz: sejam vigilantes. Nesta noite Deus poderá te visitar e como você está? No teu coração existe bondade, caridade, compaixão? Você tem como Frei Galvão mãos e pés a serviço do irmão? Ou o teu coração é um pouco egoísta, um coração que guarda mágoas, um coração que é indiferente, um coração que é ambicioso, orgulhoso? Se Deus hoje se coloca diante do seu coração, ele encontra caridade dentro de você? Se ele encontra, que alegria, porque ouviremos do Senhor: Vinde, benditos de meu pai, eu tive fome e vocês me deram de comer; eu tive sede e vocês me deram de beber; eu estava preso e vocês foram me visitar; eu era peregrino e vocês me acolheram em casa; eu estava doente, e cuidaste de mim”, questionou.
Para Pe. Camilo, não são as nossas belas orações, não são as roupas que usamos e os símbolos religiosos que carregamos, não são os bonitos hinos que entoamos que vão nos dizer que lugar estaremos diante do Cordeiro quando o Senhor perguntar: como foi a justiça e a caridade na sua vida?
“Ninguém será medido pelas grandes rezas que fez. Nós seremos julgados pela caridade que pautou nossa vida nessa terra. Vinde benditos porque eu sofria no pobre e a tua caridade o confortou, deu a ele esperança, deu a ele dignidade. A caridade devolve para o ser humano a vida, porque maior que a fome de pão, maior que a sede da água, a fome que nós todos temos é a fome de vida e apenas o amor alimenta a vida, porque quem ama se compromete com a vida do outro”, frisou.
“Hoje, no mundo, marcado por tantas indiferenças, nós compreendemos que o oposto do amor não é o ódio, mas o oposto do amor é a indiferença, quando o sofrimento das pessoas não tocamn mais o meu coração, quando a dor do outro não atinge mais a minha alma. E eu, que sou devoto de Frei Galvão e passo diante de quem está sofrendo, e em vez de cruzar os braços e fingir que não o vejo, fazer como aquele homem fez, aproximar, perguntar o nome, apertar a mão e oferecer amor. Vinde benditos de meu Pai porque eu estava sozinho e você foi presença de amor na minha vida”, reforçou.
Por isso, Frei Galvão é administrador fiel da caridade, porque ele compreendeu que, para anunciar o Evangelho, para falar do reino de Deus para as pessoas, eu não posso fazer promessas de coisas que acontecerão num tempo que ainda não sei. Eu preciso dar amor no agora da vida. Porque é o amor que faz com que a gente caminhe com esperança. O amor nos dá esperança”, concluiu, pedindo: “Vivamos também a bonita caridade que Frei Galvão viveu. Por isso, ao olhar para o Frei Galvão, eu enxergo muito de São Francisco de Assis. Todos os franciscanos se encantam por aquele homem que tinha tudo, mas que deixou tudo para se fazer na vida de todos a grandeza daquilo que o ladrão não rouba e a traça não corrói: o tesouro do amor”.
PRIMEIRA MISSA DA NOVENA
Frei Galvão, Um homem totalmente apaixonado por Deus
A primeira Missa do quarto dia de Novena em preparação à Festa de Frei Galvão, no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), teve na presidência Padre Halan de Melo, do Santuário Pai das Misericórdias, da Canção Nova, às 15h, destacando o tema do dia: “Frei Galvão, Administrador Fiel da Caridade”.
Como vigário da Fraternidade do Santuário, Frei Leandro Costa Santos concelebrou e acolheu Pe. Halan e a todos os fiéis devotos do primeiro santo brasileiro.
Pe. Halan, ao iniciar a sua reflexão, lembrou que o tema da Novena está em sintonia com a liturgia da Palavra: o Evangelho de hoje aborda a parábola do administrador que é chamado a ser fiel a Deus. “Esse administrador que Frei Galvão foi como homem de Deus, como homem que tinha o seu coração totalmente apaixonado por Deus”, disse o celebrante.
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“Veja que bonito nós ouvimos na primeira leitura: o nosso Deus é Deus próximo de nós. Este Deus que outrora era um Deus invisível, que se fez visível em Jesus Cristo e que veio habitar o nosso meio, que veio morar conosco, que veio montar a sua tenda em meio a nós para se mostrar como um Deus acessível. Agora em Cristo Jesus, nós temos acesso ao coração de Deus. E não somente acesso ao coração de Deus. Nós, em Cristo Jesus, nos tornamos herdeiros do céu que Deus tem para nós. Por isso que esse Deus que é acessível, ele comunica o céu para nós”, refletiu Pe. Halan.
Segundo ele, essa é a cardade cristã. “O próprio Cristo, que não faz caridade, mas ele é a própria caridade, ele se faz próximo de nós, ele vem de encontro à nossa indigência, à nossa pequenez, à nossa fraqueza, à nossa miséria. Ele veio próximo de nós, estende a mão para nós, devolve a nós a nossa dignidade, mostrando que somos filhos de Deus”, disse.
Para Pe. Halan, a caridade cristã é esse movimento de transbordar do nosso coração, de aproximar-se do outro para mostrá-lo o quanto Deus o ama, para mostrar o quanto Deus é amado. “É isso que nós contemplamos em Frei Galvão, como grande administrador da caridade, homem fiel a Deus. Ele fez a experiência do amor de Deus na sua vida, se aproximava como um bom franciscano dos pobres, dos enfermos, para mostrar a eles o quanto eram amados por Deus. O administrador é aquele que revela o segredo do patrão. Nós como administradores de Deus, dos dons, dos benefícios que Deus nos deu, nós aprendemos com Frei Galvão, como administrador da caridade, que devemos transbordar, revelar o mistério de Deus para aqueles que estão ao nosso redor, para aqueles que convivem conosco, para os mais necessitados, para os pobres”, ensinou.
“Por isso quanto mais nós amamos e somos devotos de um santo, mais próximos a Deus nós estamos. Porque os santos não se revelam a si mesmos, os santos revelam Deus. Por isso Frei Galvão foi um administrador fiel da caridade. Um administrador fiel do amor misericordioso, bondoso, de Deus”, frisou.
Segundo o celebrante, o primeiro aprendizado desta liturgia nessa tarde é reconhecer o Deus próximo de nós. “Ele se aproximou e, ao se aproximar de cada um de nós, com seu amor, com sua bondade, com sua misericórdia, continua nos aproximando de nós através do cuidado dos santos porque eles estão à nossa disposição para cuidar de nós, para receber de nós as nossas preces e levar ao Pai”, indicou.
“E nós aprendemos que a caridade cristã é esse movimento de sair de nós mesmos para se aproximar do outro, para mostrá-lo o quanto ele é amado por Deus. O amor de Deus, o rosto de Deus revelado na pessoa de Cristo, continua sendo revelado no rosto de cada um de nós.
Pelos nossos gestos, pela nossa gratuidade, pela nossa generosidade, pela nossa solidariedade, pela vida nossa que vai transbordando, pela vida nossa que vai comunicando o que nó recebemos de Deus”.
Mas Pe. Halan lembra que não podemos ter o coração aberto para Deus e os olhos fechados para os irmãos: “Vou vigiar e viver somente para Deus, mas esquece do próximo”. Segundo ele, a verdadeira religião agradável a Deus, que os santos viveram, foi uma religião que o coração é voltado para Deus, mas pisando nesta terra, ela é orientada pelos valores do Evangelho: bondade, misericórdia, caridade, generosidade, solidariedade e justiça.
“É isso que contemplamos em Frei Galvão. Creio que vocês conhecem melhor do que eu a história e a vida dele, mas sem dúvida nós reconhecemos um homem totalmente apaixonado por Deus, porque aprendeu com São Francisco ter um coração enamorado pelo criador de todas as coisas. Ter um coração totalmente atraído por Deus, mas um coração atraído por Deus fez com que sua vida fosse semeando, multiplicando os valores do Evangelho, os critérios do reino de Deus”, explicou.
“Nesta tarde, o nosso coração se volta para Frei Galvão e pedimos que nos ensine a amar a Deus de todo o coração”, completou.
VISITA AO PRESÍDIO
Hoje, dia 19, as atividades da Semana Missionária tiveram continuidade durante a Festa de Frei Galvão. A visita foi ao ao Presídio P1 de Potim. Levando uma mensagem de paz e conforto, os missionários manifestaram a pessoa de Jesus Cristo presente na vida de Frei Galvão.
PROGRAMAÇÃO
20 de outubro – Quinta-feira (Gesto concreto: Pó de café)
07h00 – Missa
09h00 – Missão: Visita ao Presídio P2 de Potim
15h00 – Missa do 5° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Servo de Deus inflamado pela Fé”.
19h30 – Missa do 5° dia da Novena – Tema: “Frei Galvão, Servo de Deus inflamado pela Fé”.
19h00 – Barraquinhas de Doces e Salgados
21h00 – Show com Davi Sanfoneiro
Equipe de Comunicação do Santuário Frei Falvão
Festa de Frei Galvão 2022