Papa Francisco recorda um ano da tragédia em Brumadinho
25/01/2020
Cidade do Vaticano – Aos fiéis reunidos para a I Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte a Brumadinho, o Papa Francisco pediu orações às vítimas, solidariedade aos familiares e a proteção do meio ambiente. “Neste primeiro aniversário da tragédia de Brumadinho, rezemos pelos 272 irmãos e irmãs que foram soterrados. E lamentamos a contaminação de toda a bacia fluvial. Ofereçamos nossa solidaridade às famílias das vítimas, um apoio à Arquidiocese e a todas as pessoas que estão sofrendo e que necessitam de nossa ajuda. Com a intercessão de São Paulo, que Deus nos ajude a recuperar e proteger a nossa casa comum.”
A Arquidiocese, presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), organizou a Romaria “pela Ecologia integral” com o intuito de “rezar e refletir, caminhar e celebrar, conscientizar e indignar, cantar e esperar”.
Milhares de fiéis estão reunidos desde a manhã deste 25 de janeiro (dia da tragédia) para momentos de oração, de conscientização com as comunidades indígenas e um ato em memória das vítimas.
Mais de uma vez, o Pontífice mencionou o drama da região, seja em pronunciamentos públicos, seja em momentos privados com autoridades civis e eclesiásticas. O Santo Padre mantém-se constantemente informado também através de seus colaboradores no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Papa recebe o colete dos voluntários
Em fevereiro do ano passado, o então presidente da CNBB, Card. Sérgio da Rocha, teve a oportunidade de entregar ao Papa o colete utilizado por voluntários em Brumadinho. A entrega ocorreu à margem do encontro para a proteção dos menores na Igreja.
“O Papa expressa a sua solidariedade, a sua oração, acolhendo esta veste com muita atenção. Isto é, o Papa se interessou para saber melhor da própria situação em Brumadinho e expressou sua oração, sua solidariedade. Que este testemunho de atenção do próprio Papa em relação a Brumadinho motive toda a Igreja no Brasil a ter a mesma solidariedade, a querer sempre mais estar unida aos irmãos e irmãs que ali estão, mas também a oferecer a sua contribuição para que situações como ocorreu lá jamais aconteçam novamente no Brasil”, disse o cardeal ao Vatican News.
Luta por uma nova ordem
Minas Gerais, como no Brasil, ou em qualquer lugar, – enfatiza o presidente da CNBB -, “a mineração não pode continuar mais fazendo o que ainda continua a fazer apesar de avanços conseguidos em legislações com trabalhos importantes. É preciso avançar muito, há muito o que modificar. É preciso exercitar a solidariedade, esse é o grande ganho da missão aprendida neste tempo, a solidariedade entre pessoas. Ao mesmo tempo uma grande luta, uma luta por uma nova ordem nos princípios da ecologia integral”.
Dom Walmor recorda que a “arquidiocese de Belo Horizonte desse o primeiro momento se fez e se faz presente na vida das famílias, das comunidade de fé do povo de Brumadinho e de todo o seu município e de todos aqueles atingidos por esta tragédia-crime”. Ao mesmo tempo criamos, – sublinha -, ampliando no Vicariato episcopal, uma seção para a questão ambiental, também enfrentado por nós no Santuário da Piedade, no grande e importante complexo da Serra da Piedade.
“Nós sofremos como Igreja o impacto da ganância pelo lucro, pelo dinheiro”, acrescenta. “Mas estamos trabalhando do ponto de vista jurídico estrutural, organizacional, de conscientização, levando junto nossa presença amorosa e solidária e o nosso empenho por um novo tempo e por uma nova ordem”.
Lições a serem aprendidas
O arcebispo de Belo Horizonte afirma que Brumadinho “significa para nós lições a serem aprendidas, compromisso com o novo tempo. Fácil não é, porque enfrentar o sistema e tudo aquilo que está organizado, como vemos, por exemplo, a defesa midiática feita por quem cometeu o crime, para convencer as pessoas de que fez o que devia fazer ou está fazendo o que tem obrigação de fazer. No entanto, esperamos do Ministério Público que se posiciona nesta direção, a condenação dos responsáveis. É preciso, ao pecador, o perdão, mas a quem cometeu o crime a pena.
Dom Walmor destaca ainda: “nós vamos continuar trabalhando nesta direção e ao mesmo tempo, e sobretudo, reconstruindo vidas para que nós possamos dar testemunho da vida plena que ele Cristo veio trazer e é para todos nós”.
A força do amor do nosso Deus
Na conclusão de suas palavra o olhar para os que sofrem por causa desta tragédia-crime: “Continuem neste caminho em união profunda com os horizontes desafiadores postos a nós pelo amado Papa Francisco: uma nova economia, a economia de Francisco, um novo pacto para a educação, o trabalho para a ecologia integral, um novo tempo para todos nós”. “Por isso ao celebramos neste dia 25 de janeiro um ano da tragédia-crime nós reverenciamos as vítimas, nos solidarizamos e nos fazemos próximos e comprometidos com as famílias enlutadas e nos fortalecemos para uma luta que continua e será vencida na força do amor do nosso Deus”.
Fonte: Vatican News