Papa Francisco: glória e cruz sejam inseparáveis
29/06/2018
Cidade do Vaticano – O Santo Padre presidiu na manhã desta sexta-feira (29/6), na Praça de São Pedro, à solene celebração Eucarística por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Durante a cerimônia, o Papa entregou os Pálios sagrados aos 30 Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano, entre os quais um brasileiro: Dom Airton José dos Santos, arcebispo de Mariana (MG).
Em sua homilia, Francisco retomou a Tradição Apostólica, perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho. E precisamente sobre o Evangelho de hoje, pôs em realce a pergunta que Jesus fez aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Tomando a palavra, Pedro respondeu: “Tu és o Messias”, o Ungido, o Consagrado de Deus. E o Papa disse:
“Muito me apraz saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus “ungia” seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e aliviar quem estava perdido: ungia os mortos, os enfermos, as feridas, o penitente. Unge a esperança! Assim, todo pecador, derrotado, doente, pagão se sentiam membros amados da família de Deus”.
Ir a todos os cantos
Como Pedro, disse o Papa, também nós podemos confessar, com os nossos lábios e o coração, não só o que ouvimos, mas também a nossa experiência concreta de termos sido ressuscitados, socorridos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. E acrescentou: “O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida e chegar a todos, ainda que pudesse colocar em perigo o próprio “nome”, as comodidades, a posição, o martírio”.
Tentação à espreita
Perante este anúncio tão inesperado, Pedro reage a ponto de se tornar pedra de tropeço no caminho do Messias e até ser chamado “Satanás”. Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão, afirmou o Papa, significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados pelos “sussurros” do maligno, que poderão ser pedra de tropeço para a nossa missão:
“Quantas vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor! Jesus toca a miséria humana; convida-nos a estar com Ele e a tocar os sofrimentos dos outros. Confessar a fé, com a boca e o coração, exige identificar os “sussurros” do maligno; discernir e descobrir as “coberturas” pessoais e comunitárias, que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contato com a sua existência concreta”.
Não separar a glória da cruz
Jesus, frisou Francisco, sem separar a cruz da glória, quer resgatar seus discípulos e a sua Igreja dos triunfalismos vazios de amor, de serviço, de compaixão e de povo. Contemplar e seguir a Cristo exige deixar o nosso coração abrir-se ao Pai e a todos com quem Ele se identificou: Ele jamais abandona o seu povo! O Papa concluiu sua homilia, com a exortação:
“Confessemos com os nossos lábios e com o nosso coração que Jesus Cristo é o Senhor! Este é o nosso canto, que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a certeza e a alegria de saber que a Igreja não brilha com luz própria, mas com a de Cristo: ‘Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim’.” (A homilia na íntegra pode ser conferida no link: https://is.gd/AjBXVl)
ANGELUS
Após a celebração Eucarística nesta sexta-feira (29/06), Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus com os numerosos fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua alocução mariana, o Santo Padre disse:
“Hoje, a Igreja peregrina, em Roma e no mundo inteiro, retorna às raízes da sua fé e celebra os Apóstolos Pedro e Paulo. Seus restos mortais, que descansam nas duas Basílicas a eles dedicadas em Roma, são muito queridos aos romanos e aos numerosos peregrinos que aqui os veneram!”
O Filho do Deus vivo
O Papa recordou o diálogo de Jesus com seus discípulos, narrado na liturgia da festa de hoje: “O que o Povo diz sobre o Filho do Homem? E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Este é um episódio fundamental para o nosso caminho de fé. A resposta do povo, ou seja, a opinião pública corrente, é verdadeira, mas parcial; Ao invés, Pedro, – a Igreja de todos os tempos, – responde a verdade, pela graça de Deus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. E Francisco explicou:
“Durante os séculos, o mundo definiu Jesus em diversos modos: um grande profeta da justiça e do amor; um mestre sábio de vida; um revolucionário; um sonhador dos sonhos de Deus… Porém, a resposta de Pedro, homem humilde e cheio de fé, resume toda a verdade evangélica: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
De fato, afirmou o Papa, Jesus é o Filho de Deus!” Eis a experiência de Pedro e de todo cristão, que brota da Santíssima Trindade. Mas a partir da resposta de Pedro, Jesus também lhe respondeu: “Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei a minha Igreja…”. É a primeira vez que Jesus pronuncia a palavra Igreja, que, com amor, a define “minha Igreja”, a nova Comunidade de fiéis. E Francisco concluiu:
“Por intercessão da Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que o Senhor conceda à sua Igreja, a Roma e ao mundo inteiro ser sempre fiel ao Evangelho, ao qual os Santos Pedro e Paulo consagraram as suas vidas”.
Patriarcado Ecumênico de Constantinopla
Ao término da oração mariana do Angelus, o Santo Padre recordou aos fiéis, presentes na Praça São Pedro, a solene celebração da Eucaristia, que presidiu com os novos Cardeais, criados no Consistório desta quinta-feira (28/6), e a bênção dos Pálios sagrados, entregues aos Arcebispos Metropolitanos, nomeados neste ano, provenientes de diversos Países.
A todos o Papa renovou seus agradecimentos e fez votos para que possam, com entusiasmo e generosidade, prestar sempre seu serviço ao Evangelho e à Igreja.
O Santo Padre concluiu seu saudação aos fiéis, recordando, de modo particular, a presença de uma Delegação do Patriarcado Ecumênico, que, por ocasião da Solenidade de São Pedro e São Paulo, é enviada pelo Patriarca Bartolomeu para participar desta celebração. “Que esta tradicional presença, exortou Francisco, seja um ulterior sinal do caminho de comunhão e fraternidade que, graças a Deus, caracteriza as nossas Igrejas”.
Fonte: Vatican News