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Papa encerra Jornada da Juventude Asiática

17/08/2014

Papa Francisco

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O Papa Francisco celebrou neste domingo, 17 de agosto, a Missa final da 6ª Jornada da Juventude Asiática, ponto alto de sua viagem à Coreia do Sul. Na homilia, ele refletiu sobre o tema da Jornada, evocando o testemunho dos mártires e convidando os jovens a seguirem pelo caminho de Jesus, sem ter medo de levar a sabedoria da fé.

O evento teve como tema “A glória dos mártires resplandece sobre vós”, palavras que, segundo Francisco, dão consolo e força. Ele recordou que os mártires da Coreia e de toda a Ásia entregaram os seus corpos aos perseguidores, mas para os fiéis entregaram o testemunho de que a luz de Cristo afugenta as trevas.

Falando da outra parte do tema – “Juventude da Ásia, levanta-te!” – o Santo Padre explicou a responsabilidade dos jovens de espelharem o amor de Deus no mundo. “Como jovens que não apenas vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande Continente, tendes o direito e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social!”

Concentrando-se sobre a palavra “juventude”, Francisco destacou que esta é uma fase repleta de otimismo, energia e boa vontade. Os jovens devem deixar que Jesus transforme tal otimismo em esperança cristã, a energia em virtude moral e a boa vontade em amor genuíno que sabe se sacrificar.

O Pontífice ressaltou ainda que os jovens não são apenas o futuro da Igreja, mas também uma parte necessária do presente. Dessa forma, ele os convidou a se aproximarem cada vez mais de Deus, gastando os anos da juventude na edificação de uma Igreja mais santa, mais missionária e mais humilde.

MULTIDÃO NA BEATIFICAÇÃO DOS MÁRTIRES – O coreano Paul Yun Ji-Chung e seus 123 companheiros mártires foram beatificados neste sábado, 16, pelo Papa Francisco, na Missa celebrada na Porta de Gwanghwamun, em Seul, Coreia do Sul.

Cerca 800 mil fiéis, vindos de toda a Coreia, participaram da celebração que beatificou cristãos da primeira geração de vítimas da perseguição religiosa no país.

Íntegra da Missa final deste domingo da Jornada da Juventude

Queridos jovens amigos!

“A glória dos mártires resplandece sobre vós”: estas palavras, que fazem parte do tema da VI Jornada Asiática da Juventude, são de consolação para todos nós e dão-nos força. Jovens da Ásia, vós sois herdeiros dum grande testemunho, duma preciosa confissão de fé em Cristo. Ele é a luz do mundo, é a luz da nossa vida! Os mártires da Coreia, e tantos outros em toda a Ásia, entregaram seus corpos aos perseguidores; mas, a nós, entregaram um testemunho perene de que a luz da verdade de Cristo afugenta todas as trevas e o amor de Cristo triunfa glorioso. Com a certeza da sua vitória sobre a morte e da nossa participação nela, podemos enfrentar o desafio de ser seus discípulos hoje, nas nossas situações de vida e no nosso tempo.

As palavras, sobre as quais acabamos de refletir, são uma consolação. A outra parte do tema desta Jornada – “Juventude da Ásia, levanta-te!” – fala-vos de um dever, de uma responsabilidade. Consideremos brevemente cada uma destas palavras. Antes de mais nada, a expressão “da Ásia”. Reunistes-vos aqui, na Coreia, vindos de toda a parte da Ásia. Cada um de vós possui um lugar e um contexto próprios, onde sois chamados a espelhar o amor de Deus. O Continente Asiático, permeado de ricas tradições filosóficas e religiosas, continua a ser uma grande delimitação que espera o vosso testemunho de Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6). Como jovens que não apenas vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande Continente, tendes o direito e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social!

Além disso, como jovens asiáticos, vedes e amais, a partir de dentro tudo o que é belo, nobre e verdadeiro nas vossas culturas e tradições. Ao mesmo tempo, como cristãos, sabeis também que o Evangelho tem a força de purificar, elevar e aperfeiçoar este patrimônio. Através da presença do Espírito Santo, que vos foi dado no Batismo e selado na Crisma, podeis, em união com os vossos pastores, apreciar os inúmeros valores positivos das diferentes culturas da Ásia. Além disso, sois capazes de discernir aquilo que é incompatível com a vossa fé católica, o que é contrário à vida da graça enxertada em vós com o Batismo, e os aspectos da cultura contemporânea que são pecaminosos, corruptos e levam à morte.

Voltando ao tema desta Jornada, detenhamo-nos agora sobre a palavra: “Juventude”. Vós e os vossos amigos estais cheios do otimismo, de energia e de boa vontade, característicos desta estação da vossa vida. Deixai que Cristo transforme o vosso natural otimismo em esperança cristã, a vossa energia em virtude moral, a vossa boa vontade em amor genuíno que sabe sacrificar-se! Este é o caminho que sois chamados a empreender. Este é o caminho para vencer tudo o que ameaça a esperança, a virtude e o amor na vossa vidas e na vossa cultura. Assim a vossa juventude será um presente para Jesus e para o mundo.

Como jovens cristãos – quer sejais trabalhadores ou estudantes, quer tenhais já iniciado uma profissão ou respondido à chamada para o matrimônio, a vida religiosa ou o sacerdócio –, não constituís parte apenas do futuro da Igreja: sois uma parte necessária e amada também do presente da Igreja! Permanecei unidos uns aos outros, aproximai-vos cada vez mais de Deus, e, juntamente com os vossos Bispos e sacerdotes, gastai estes anos na edificação duma Igreja mais santa, mais missionária e humilde, uma Igreja que ama e adora a Deus, procurando servir os pobres, os abandonados, os doentes e os marginalizados.

Muitas vezes, na vossa vida cristã, sereis tentados – como os discípulos no Evangelho de hoje – a afastar o estrangeiro, o necessitado, o pobre e quem tem o coração despedaçado. E no entanto são sobretudo pessoas como estas que repetem o grito da mulher do Evangelho: “Senhor, ajuda-me!” A invocação da mulher cananeia é o grito de toda a pessoa que está à procura de amor, aceitação e amizade com Cristo. É o gemido de tantas pessoas nas nossas cidades anônimas, a súplica de muitos dos vossos contemporâneos, e a oração de todos os mártires que ainda hoje sofrem perseguição e morte pelo nome de Jesus: “Senhor, ajuda-me!” Muitas vezes, é um grito que brota dos nossos próprios corações: “Senhor, ajuda-me!” Demos resposta a esta invocação, não como aqueles que afastam as pessoas que pedem, como se a atitude de servir os necessitados se contrapusesse a estar mais perto do Senhor. Não! Devemos ser como Cristo, que responde a cada pedido de ajuda com amor, misericórdia e compaixão.

Finalmente, a terceira parte do tema desta Jornada – “Levanta-te!” – fala duma responsabilidade que o Senhor vos confia. É o dever de estarmos vigilantes, para não deixar que as pressões, as tentações e os pecados – os nossos ou os dos outros – entorpeçam a nossa sensibilidade à beleza da santidade, à alegria do Evangelho. O Salmo Responsorial de hoje convida-nos repetidamente a “estar alegres e cantar com alegria”. Ninguém que esteja a dormir pode cantar, dançar, alegrar-se. Queridos jovens, “o Senhor nosso Deus nos abençoou” (Sal 67, 8); d’Ele, “alcançamos misericórdia” (cf. Rom 11, 30). Com a certeza do amor de Deus, ide pelo mundo, fazendo com que, “em consequência da misericórdia usada convosco” (Rom 11, 31), os vossos amigos, os colegas de trabalho, os concidadãos e todas as pessoas deste grande Continente “alcancem finalmente misericórdia” (cf. Rom 11, 31). É justamente por esta misericórdia que somos salvos.

Queridos jovens da Ásia, faço votos de que, unidos a Cristo e à Igreja, possais seguir por esta estrada que certamente vos encherá de alegria. E agora que estamos para nos aproximar da mesa da Eucaristia, dirijamo-nos à Maria nossa Mãe, que deu ao mundo Jesus: Sim, ó Maria nossa Mãe, desejamos receber Jesus! No vosso carinho maternal, ajudai-nos a levá-Lo aos outros, a servi-Lo fielmente e a honrá-Lo em todo tempo e lugar, neste país e na Ásia inteira. Amém.


Encontro com os Bispos na sede da Conferência Episcopal Coreana

Queridos Irmãos Bispos!

Com grande afeto, a todos vos saúdo e agradeço a Dom Peter U-il Kang as palavras fraternas de boas-vindas que me dirigiu em vosso nome. É uma bênção para mim estar aqui e poder conhecer pessoalmente a vida dinâmica da Igreja na Coreia. A vós, como pastores, compete a tarefa de guardar o rebanho do Senhor. Sois os guardiães das maravilhas que Ele realiza no seu povo. Guardar é uma das tarefas confiadas especificamente ao Bispo: cuidar do povo de Deus. Hoje quero refletir convosco, como irmão no episcopado, sobre dois aspectos centrais da guarda do povo de Deus neste país: ser guardiães da memória e guardiães da esperança.

Ser guardiães da memória. A beatificação de Paul Yun Ji-chung e dos seus companheiros é uma ocasião para agradecer ao Senhor que, a partir das sementes lançadas pelos mártires, fez brotar uma colheita abundante de graça nesta terra. Vós sois os descendentes dos mártires, herdeiros do seu heróico testemunho de fé em Cristo. Além disso, sois herdeiros de uma tradição extraordinária, que teve início e cresceu amplamente graças à fidelidade, perseverança e trabalho de gerações de leigos. É significativo que a história da Igreja na Coreia tenha começado por um encontro direto com a Palavra de Deus. Foi a beleza intrínseca e a integridade da mensagem cristã – o Evangelho e o seu apelo à conversão, à renovação interior e a uma vida de caridade – que impressionaram a Yi Byeok e aos nobres anciãos da primeira geração, sendo a essa mesma mensagem, à sua pureza, que a Igreja na Coreia olha, como num espelho, para se descobrir autenticamente a si mesma.

Hoje, a fecundidade do Evangelho na terra coreana e a grande herança transmitida por vossos antepassados na fé podem-se reconhecer no florescimento de paróquias ativas e movimentos eclesiais, nos sólidos programas de catequese, na solicitude pastoral pelos jovens e nas escolas católicas, nos seminários e nas universidades. A Igreja na Coreia é estimada pelo seu papel na vida espiritual e cultural da nação e pelo seu vigoroso impulso missionário: de terra de missão, a Coreia tornou-se hoje terra de missionários; e a Igreja universal continua a beneficiar de tantos sacerdotes e religiosos que enviastes pelo mundo.

Ser guardiães da memória significa algo mais que recordar e aprender com as graças do passado; significa também tirar dela os recursos espirituais para enfrentar, com clarividência e determinação, as esperanças, as promessas e os desafios do futuro. Como vós mesmos observastes, a vida e a missão da Igreja na Coreia não se medem, em última análise, em termos exteriores, quantitativos e institucionais; mas antes devem-se julgar à luz clara do Evangelho e do seu apelo a converter-se à pessoa de Jesus Cristo. Ser guardiães da memória significa dar-se conta de que o crescimento vem de Deus (cf. 1 Cor 3, 6) e, ao mesmo tempo, é fruto de um trabalho paciente e perseverante, tanto no passado como no presente. A nossa memória dos mártires e das gerações passadas de cristãos deve ser realista, não idealizada nem «triunfalista». Olhar para o passado sem ouvir a chamada de Deus à conversão no presente não nos ajuda a prosseguir na caminhada; antes, pelo contrário, acabará por travar ou até mesmo deter o nosso progresso espiritual.

Além de ser guardiães da memória, vós, queridos irmãos, sois chamados também a ser guardiães da esperança: a esperança oferecida pelo Evangelho da graça e da misericórdia de Deus em Jesus Cristo, a esperança que inspirou os mártires. É esta esperança que somos chamados a proclamar a um mundo que, apesar de sua prosperidade material, busca algo mais, algo maior, algo mais autêntico e que dá plenitude. Vós e os vossos irmãos sacerdotes ofereceis esta esperança com o vosso ministério de santificação, que não apenas conduz os fiéis às fontes da graça na liturgia e nos sacramentos, mas constantemente os impele a agir em resposta a Deus que chama a tender para a meta (cf. Fil 3, 14). Guardais esta esperança, mantendo viva a chama da santidade, da caridade fraterna e do zelo missionário na comunhão eclesial. Por esta razão, peço-vos que permaneçais sempre ao lado dos vossos sacerdotes, encorajando-os no seu trabalho diário, na sua busca da santidade e na proclamação do Evangelho de salvação. Peço-vos que lhes transmitais a minha saudação afetuosa e a minha gratidão pelo generoso serviço em favor do povo de Deus.

Se abraçarmos o desafio de ser uma Igreja missionária, uma Igreja constantemente em saída para o mundo e, em particular, para as periferias da sociedade contemporânea, teremos necessidade de cultivar aquele «prazer espiritual» que nos torna capazes de acolher e identificar-nos com cada membro do Corpo de Cristo (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 268). Neste sentido, é preciso mostrar particular solicitude, nas nossas comunidades, pelas crianças e os idosos. Como podemos ser guardiões de esperança, se negligenciamos a memória, a sabedoria e a experiência dos idosos e as aspirações dos jovens? A este respeito, quero pedir-vos que cuideis de modo especial da educação dos jovens, sustentando na sua indispensável missão não apenas as universidades, mas também as escolas católicas de todos os graus, a começar pelas escolas primárias, onde as mentes e os corações jovens são formados no amor de Deus e da sua Igreja, no bem, no verdadeiro e no belo, para serem bons cristãos e honestos cidadãos.

Ser guardiães da esperança implica também garantir que o testemunho profético da Igreja na Coreia continue a expressar-se na sua solicitude pelos pobres e nos seus programas de solidariedade especialmente a favor dos refugiados e migrantes e daqueles que vivem à margem da sociedade. Esta solicitude deveria manifestar-se não somente através de iniciativas concretas de caridade – que são muito necessárias –, mas também no trabalho constante de promoção em nível social, ocupacional e educativo. Podemos correr o risco de reduzir o nosso empenho com os necessitados simplesmente a uma dimensão assistencial, ignorando a necessidade que tem cada um de crescer como pessoa e poder expressar com dignidade a sua própria personalidade, criatividade e cultura. A solidariedade com os pobres deve ser considerada como um elemento essencial da vida cristã; através da pregação e da catequese, fundadas sobre o rico patrimônio da doutrina social da Igreja, essa solidariedade deve permear os corações e as mentes dos fiéis e refletir-se em todos os aspectos da vida eclesial. O ideal apostólico de uma Igreja dos pobres e para os pobres encontrou uma expressão eloquente nas primeiras comunidades cristãs da vossa nação. Espero que este ideal continue a moldar o caminho da Igreja coreana na sua peregrinação para o futuro. Estou convencido de que, se sobressair na Igreja o rosto do amor, cada vez mais jovens se sentirão atraídos para o coração de Jesus, sempre inflamado de amor divino na comunhão do seu místico Corpo.

Queridos irmãos, um testemunho profético do Evangelho apresenta alguns desafios especiais para a Igreja na Coreia, uma vez que esta vive e trabalha no meio de uma sociedade próspera mas cada vez mais secularizada e materialista. Em tais circunstâncias, os agentes de pastoral são tentados a adotar não apenas modelos eficazes de gestão, programação e organização, inspirados no mundo dos negócios, mas também um estilo de vida e uma mentalidade guiados mais por critérios mundanos de sucesso e até mesmo de poder do que pelos critérios enunciados por Jesus no Evangelho. Ai de nós, se a cruz ficar esvaziada do seu poder de julgar a sabedoria deste mundo (cf. 1 Cor 1, 17)! Exorto-vos, a vós e aos vossos irmãos sacerdotes, a rejeitar esta tentação em todas as suas formas. Queira o Céu que possamos salvar-nos da mundanidade espiritual e pastoral que sufoca o Espírito, substitui a conversão com a condescendência e acaba por dissipar todo o fervor missionário (cf. Exort. ap. Evangelii Gaudium, 93-97).

Queridos Irmãos Bispos, com estas reflexões sobre a vossa missão como guardiães da memória e da esperança, quis encorajar-vos nos vossos esforços por aumentar a unidade, santidade e zelo dos fiéis na Coreia. A memória e a esperança nos inspiram e guiam para o futuro. Recordo-vos a todos nas minhas orações e exorto-vos a confiar sempre no poder da graça de Deus: «O Senhor é fiel: Ele vos sustentará e guardará do Maligno» (2 Tes 3, 3). Possam as súplicas de Maria, Mãe da Igreja, levar ao seu pleno florescimento nesta terra as sementes lançadas pelos mártires, irrigadas por gerações de fiéis católicos e transmitidas a vós como uma promessa para o futuro do país e do mundo. A vós e a quantos estão confiados ao vosso cuidado pastoral e à vossa guarda, concedo de coração a Bênção Apostólica.

Viagem Apostólica à Coreia do Sul
Encontro com os Bispos da Coreia na sede da Conferência Episcopal Coreana
Quinta-feira, 14 de agosto de 2014


Fonte: Rádio Vaticano