Papa: A mulher contemplativa dá à Igreja lições de silêncio, missão e mística
16/11/2023
A Pontifícia Academia Mariana Internacional organizou um Congresso Internacional em torno de Maria de Jesus de Ágreda, evento que se celebra no âmbito da cátedra de Santa Beatriz de Silva, da ordem da Imaculada Conceição.
Esta cátedra, instituída pela Pontifícia Academia Mariana Internacional, disse Francisco, é uma bela iniciativa, não só pelo que representa em favor do estudo do mistério da Imaculada Conceição, mas também por nascer sob o impulso de uma Ordem contemplativa feminina. A este respeito, Francisco saudou as irmãs contemplativas que vieram por este motivo.
E falando de Madre Ágreda, o Papa recordou que ela foi uma mulher excepcional definida pela Congregação como “enamorada pela Escritura”, “mística mariana” e “evangelizadora da América”. A partir daí, o Santo Padre refletiu sobre as três lições que as mulheres contemplativas podem dar à Igreja: silêncio, mística e missão.
A primeira lição em silêncio:
Com esta atitude de escuta, de acolher no coração a voz do Amado, a Palavra eterna do Pai, é uma atitude para todos, disse o Papa, mas especialmente para as mulheres. A mulher sabe ouvir e possui habilidades especiais de escuta vocacional.
A segunda lição é a mística:
A este respeito, Francisco disse que é um trato com Deus que nasce dessa atitude de escuta, dessa leitura encarnada da Sagrada Escritura.
“Uma experiência, podemos dizer, extática, sim, mas entender que “êxtase” significa sair de nós mesmos, sair do nosso conforto, do eu egoísta que sempre busca nos dominar. Se trata de abrir espaço para Deus, para que, dóceis ao Espírito Santo, o hóspede do Rei, possamos recebê-lo em nossa casa. Esse é o exemplo de Maria, que o acolheu no seu Coração imaculado antes que no seu ventre virginal”.
Neste sentido, o Pontífice destacou que os contemplativos nos ensinam, através de um caminho de ascese, abandono e fidelidade, a alegria de viver só para Deus. E às vezes a contemplação faz-se no silêncio, diante do Senhor, o que contrasta com este mundo sempre cheio de palavras, de notícias, é toda uma indústria de comunicação externa, mas, disse o Papa, a comunicação interna, no silêncio é tão necessária.
A terceira lição é missão:
Madre Ágreda e as religiosas Concepcionistas, que foram as primeiras freiras a chegar à América, dão-nos a prova deste espírito missionário de vida contemplativa, afirmou, que Santa Teresa do Menino Jesus destacaria mais tarde. Não é por acaso que outra grande mística, Santa Rosa de Lima, seja a primeira santa do continente.
Por isso era compreensível, enfatizou por último, que Madre Ágreda sentisse o chamado do Senhor a rezar por aquelas almas que ainda não O conheciam, e que esta oração fosse fecunda nas almas daqueles que, segundo os missionários, encontraram-se dispostos a receber o batismo.
“Normalmente não temos consciência do poder da oração intercessora em nossas vidas, como dizem que os índios tiveram conhecimento da intervenção de Madre Ágreda. Mas, como Maria nos ensina nas bodas de Caná, nós também podemos reconhecer de onde vem o vinho novo e através daqueles que nos sustentam com a sua oração e nos edificam com o seu exemplo. E não esqueçamos o grande gesto de Maria, que nos revela as bodas de Caná, Maria nunca faz assim, Maria aponta para o Filho: “Faça o que Ele lhe diz! Ela nos leva a Jesus, ela o gera em nós, e devemos imitar essa bela atitude, apontando também para o Senhor”.
O Papa expressou a sua surpresa como, “mesmo sem formação específica, algumas irmãs alcançaram um conhecimento notável da Escritura e, na escola da oração, beberam dela como de uma fonte viva. Por isso, chamá-las “enamoradas” da Escritura é uma expressão que vai além do elogio ao seu uso nos seus escritos, é ver o próprio Cristo que lhes fala e nos fala através da sua Palavra, pedindo-nos que, como Maria, guardemos tudo no coração (cf. Lc 2). ,51)”.
Fonte: Vatican News