Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Padre Cosme, mártir em El Salvador, beato da Ordem Franciscana

26/01/2022

Notícias

O Santoral Católico tem agora impressos os nomes de dois sacerdotes e dois leigos, que sofreram o martírio no contexto do conflito armado vivido em El Salvador, há mais de 40 anos. Trata-se de Frei Cosme Spessotto (italiano), Pe. Rutilio Grande (salvadorenho) e os leigos Nelson Lemus e Manuel Solórzano (salvadorenhos), elevados aos altares, após celebração realizada no último sábado em San Salvador.

A vida do franciscano Frei Cosme Spessotto, também conhecido como Sante, foi dedicada a Deus e ao anúncio do Evangelho. Professo sacerdote da Ordem dos Frades Menores, nasceu em Mansué (Itália) e morreu em San Juan Nonualco (El Salvador) por ódio à fé, em 14 de junho de 1980. Padre Cosme confiou seu sacerdócio a Maria e antes de chegar a El Salvador, na época um dos países mais pobres da região, transcorreu 20 dias orando em companhia de outros missionários, todos jovens, decididos a servir Deus e a anunciar o Evangelho.

Foi pároco em Nunualco por 27 anos, até o martírio. Quando chegou a El Salvador, nesta localidade encravada nas montanhas, encontrou uma igrejinha de tijolos e palha. Mandou construir uma nova igreja e fundou uma escola paroquial para mais de mil crianças. Organizou cursos de corte e costura para as mulheres e visitava com frequência as localidades nas redondezas de sua paróquia. A todos repetia que a vocação de cada cristão é a de se fazer santo. Na época o país estava dilacerado pela guerra civil e sofria muita violência. Padre Cosme ajudava todos indiscriminadamente e sem considerar a filiação política. Ele se opôs a qualquer tentativa de instrumentalização. Suas únicas referências autênticas são o Evangelho, o próximo necessitado de ajuda e de receber a Palavra do Senhor. Ele não cedia a nenhuma pressão. Por causa disso, foi morto por dois assassinos em 14 de junho de 1980, mesmo ano do martírio do então arcebispo de San Salvador, Monsenhor Oscar Romero.

Martírio como Dom Romero
O assassinato do Padre Cosme aconteceu alguns minutos antes da missa. É um evento dramático que o missionário franciscano já havia previsto. “Tenho a sensação – escreveu o Padre Cosme alguns dias antes de morrer – de que de um momento para o outro os fanáticos vão me matar”. “Que o Senhor, no momento oportuno, me dê forças para defender os direitos de Deus e da Igreja”. Morrer como mártir seria uma graça que eu não mereço. Lavar com sangue derramado pela causa de Cristo todos os meus pecados, defeitos e fraquezas de minha vida seria um dom gratuito do Senhor. Já a partir deste momento, eu perdoo e peço ao Senhor a conversão dos autores da minha morte”.

Para o pároco de Mansuè, padre Cosme é um campeão da fé
Na vida do novo beato havia três amores “brancos”: a Eucaristia, a Imaculada Virgem Maria e o Papa. O pároco de Mansuè, cidade natal de padre Ugo Cettolin, lembra-nos o novo beato e o cenário dramático em que o assassinato ocorreu em 1980 em El Salvador.

Padre Cettolin: A situação já era difícil para o arcebispo Dom Romero. E era difícil para os que pregavam, ensinavam e testemunhavam o amor de Deus e o amor ao próximo. O Padre Cosme queria que sua igreja fosse uma luz somente para o Evangelho e não para outros propósitos.

Alguns dias antes de ser assassinado, Padre Cosme havia escrito: “Morrer como mártir seria uma graça que eu não mereço”…

Padre Cettolin: Esta é uma frase de seu testamento, que é exibida aqui na igreja em Mansuè.

Após a ordenação sacerdotal em 1948, o Padre Cosme expressou o desejo de ser missionário. Então ele saiu de Gênova e chegou a El Salvador…

Padre Cettolin: Ele queria ajudar as pessoas a viver a vida cristã e a superar as oposições e tensões que existiam, e que ainda hoje existem em muitas partes do mundo. Ele estava ali para o povo. Se hoje admiramos tantos campeões esportivos e tantas estrelas de cinema, temos que admirar mais ainda esses campeões como o Padre Cosme disposto a dar sua vida para ajudar as pessoas a acreditarem em Jesus Cristo.


Fonte: Vatican News (texto de Amedeo Lomonaco)