Ordenação presbiteral de Frei Alisson Zanetti
24/01/2012
Por Moacir Beggo
Filho de Claudete Oliveira e Luiz Antônio Zanetti, Frei Alisson nasceu no dia 28 de novembro de 1978 em Sorocaba, conhecido polo industrial no interior de São Paulo. Ele será ordenado presbítero no dia 28 de janeiro, às 19h30, na Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, pelas mãos de Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, arcebispo Metropolitano de Sorocaba. A primeira Missa será celebrada nesta Paróquia, no dia seguinte, às 10 horas, e terá como pregador Frei F. Reinert. A Igreja Bom Jesus dos Aflitos fica na rua Péricles Pilar, 80, na Vila Hortência, em Sorocaba.
Frei Alisson ingressou no Seminário de Ituporanga em 1992, onde concluiu o ensino fundamental. Em agudos, fez os três anos do Ensino Médio a partir de 1994 e, antes do Noviciado, fez um ano de experiência no Postulantado Frei Galvão (1997) até receber o hábito franciscano no ano seguindo, quando deixou o Noviciado. Mas retornou em 2003, fazendo alguns meses no Postulantado e recebendo o hábito novamente em 2004.
Cursou Filosofia até 2007 e fez os estudos teológicos até 2011 em Petrópolis. Professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono dia 4 de dezembro de 2010.
Comunicações – Fale um pouco da história de sua vocação.
Frei Alisson – Minha vocação aconteceu em dois momentos, sendo o primeiro aos treze anos de idade quando, acompanhando Frei Wilson Zanetti, de saudosa memória, no processo final da sua formação (Profissão Solene, Ordenações diaconal e presbiteral), despertou em mim o encanto por Francisco e pela Vida Religiosa. O segundo momento foi na fase adulta, já aos vinte e quatro anos de idade, quando, depois de um tempo de amadurecimento e crescimento pessoal, decidi retornar para onde eu considero como meu segundo ventre: a Província Franciscana da Imaculada Conceição.
Comunicações – O que significa para você a ordenação presbiteral?
Frei Alisson – Num primeiro momento significa a realização de um sonho que foi interrompido e depois retomado com afinco. Eu nem tenho noção de como deve ser consagrar o Corpo e o Sangue de Cristo e somente o sacramento da Ordem pode me possibilitar isso. Depois significa ser sinal desse Corpo e Sangue num mundo onde as pessoas buscam algo diferente e esse diferencial é Ele: Jesus Cristo.
Essa acredito ser uma das mais desafiadoras tarefas do sacerdote, de ser sinal de Jesus e principalmente nas realidades mais sofridas. E depois sacerdócio, mais que a realização de um sonho, significa repetir dois gestos realizados por dois grandes mestres: o mestre da vida e maior de todos, Jesus, e o mestre espiritual Francisco de Assis. Jesus antes da sua hora derradeira celebrou o lava-pés e Francisco beijou o leproso.
A ordenação sacerdotal para mim significa isso: lavar os pés do povo que tanto merece e precisa como também oferecer o ósculo para o leproso que se apresenta nas mais variadas realidades com as mais diversas faces.
ATIVIDADES PASTORAIS |
2005 – Cotolengo – Casa de Deficientes Mentais em Curitiba Estágios: Leprosário São Roque – Piraquara – Pr e ITF – Biblioteca 2006 – Comunidade Bom Jesus – Ferraria- Campo Largo PR Estágios: Convento São Boaventura, Campo Largo – PR e Pró-Vocações Franciscanas – São Paulo 2007- Comunidade Bom Jesus – Ferraria, Campo Largo PR Estágios: Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Forquilhinha – SC e Leprosário São Roque – Piraquara – PR 2008 – Pastoral: Comunidade Santíssima Trindade – Petrópolis – RJ Estágios: Paróquia Nossa senhora da Boa Viagem – Rocinha- RJ e ITF – Biblioteca 2009 – Paróquia Nossa Senhora da Viagem Viagem – Rocinha – RJ Estágios: Retiro em Campo Largo e Rodeio para a Profissão Solene e Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem – Rocinha- RJ 2010 – Hospital Tavares de Macedo – Leprosário de Vendas das Pedras – Itaboraí – RJ. Estágios: Pastoral Vocacional auxiliando nos cursos para casais animadores vocacionais de diversas paróquias dos estados do Sul Estágio: Angola – África 2011 – Paróquia Santa Clara – Imbariê – Duque de Caxias. |
Comunicações – Como foi o estágio na Missão de Angola?
Frei Alisson – Angola eu diria que é um pedaço do céu na terra, o jardim do Édem bíblico onde Deus pode ser sentido e transmitido com toda a quentura humana. É o lugar onde pode-se fazer o melhor mestrado e doutorado de Teologia nas suas mais diversas áreas. O aprendizado humano que lá um religioso e um sacerdote pode receber, numa universidade não é ensinado. Os melhores doutores e doutoras estão lá, nas aldeias onde a vida é primitiva mas a fé é viva e sempre revigorada. Na Europa e até mesmo no Brasil podem estar as melhores “cabeças pensantes da Teologia” mas em Angola estão os verdadeiros mestres e mestras de espiritualidade e Teologia, onde ensinam na prática a teologia da vida que foi cunhada num passado de guerra.
Comunicações – O que diria a um jovem sobre o sacerdócio?
Frei Alisson – Como franciscano é preferível falar a partir de uma visão franciscana que acredito ser encantadora para o jovem hodierno. Então eu convidaria o jovem de hoje a olhar para a forma como Francisco foi um homem apaixonado por Deus, e mais ainda, como ele conseguiu trazer essa paixão pelo Amado presente na sua vida. Ele foi um homem embriagado de amor pelo Pai e pelo Filho e entregou a Ordem ao Espírito Santo, sendo Ele o ministro geral. Um homem trinitário. Isso fez Francisco ser um homem livre e solto em Deus. Ele não nutria um amor utilitário por Deus por sentir que Deus o amava de graça, sem cobranças. Objetivamente falando sobre o sacerdócio, para um jovem ou para os jovens, eu vou no raciocínio de Francisco, dizendo que a única pessoa pela qual vale a pena sofrer e viver de amor hoje é Jesus Cristo. O matrimônio é belo mas o amor entre um casal pode enfraquecer e acabar enquanto o amor por Deus só tende a aumentar sempre, reciprocamente, tanto de Deus pelo ser humano quanto do ser humano por Deus. Basta nutri-lo.