Sorocaba (SP) – O arcebispo de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, não falou muito na ordenação presbiteral de Frei Alisson Zanetti, neste sábado (28), na Igreja Bom Jesus dos Aflitos em Sorocaba (SP). Mas também não precisou. Suas mensagens foram curtas e profundas. Um verdadeiro itinerário para o recém-ordenado sacerdote, que parte agora para a Missão de Angola.

Como era de se esperar, a Igreja Bom Jesus estava bonita e lotada, com o povo das três paróquias que a Fraternidade Franciscana de Sorocaba atende. O presbitério também foi tomado totalmente pelos confrades de Frei Alisson e sacerdotes da Arquidiocese. O governo da Província da Imaculada Conceição esteve presente com o seu Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel; o Vigário Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit; os Definidores Frei César Külkamp, Frei Mário Tagliari e Frei Samuel Ferreira de Lima. O povo, contudo, não se limitou a Sorocaba. Um ônibus veio da Baixada Fluminense, onde Frei Alisson exerceu suas atividades pastorais no período da formação teológica.

Fazendo referência à primeira leitura, Dom Eduardo lembrou que o padre, o bispo, assim como Jeremias – “Me seduziste, Senhor, e agora?” – no decorrer de suas vidas vão enfrentar problemas e dificuldades. “Mas o fogo do Espírito há de queimar no coração de quem passa por essa crise e de fazer ainda mais persistente, mais teimoso, pregador da Palavra de Deus”, ensinou.

Elogiando Frei Alisson pela decisão de ser missionário e pregador da Palavra de Deus em Angola, disse que é preciso levar a Palavra “como quem tem autoridade”: “Jesus ensina com autoridade segundo o Evangelho deste domingo. Autoridade de quem vive profundamente o que fala. Esse é o nosso grande desafio; para nós, padres, e para vocês que têm fé”, disse. Segundo ele, quem se esforça para viver a Palavra de Deus pode pregar com autoridade.

Dom Eduardo, comentando a segunda leitura, fez uma referência também ao lema escolhido por Frei Alisson: “Lavai os pés uns dos outros”. Segundo o bispo, a caridade, o amor que vem de Deus, se traduz naquilo que o Evangelho diz: lavar os pés, como Jesus fez. “O lava-pés é o sinal do Cristo Senhor, que não veio para dominar, mas para servir, para devolver a cada ser humano a sua dignidade. O lava-pés, na verdade, se cumpre plenamente quando Jesus morre na cruz. O momento supremo da manifestação da caridade divina pela humanidade. E ninguém mais compreendeu isso do que São Francisco de Assis. A Eucaristia é a presença desse amor, o amor do Cristo que morre por nós. Ressuscitado em cada eucaristia, Ele está presente com todo amor porque Ele se ofereceu na cruz”, enfatizou.

Por fim, falou diretamente a Frei Alisson: “Servindo o povo, distribuindo a Palavra, seja a Eucaristia o grande amor de sua vida, a grande fonte, o lugar também da entrega cotidiana da própria vida nas mãos do Pai; entrega esta que se traduz depois no serviço aos irmãos!”.

E finalizou: “Que Deus o abençoe e que você possa ser muito feliz fazendo com que o ministério presbiteral que, como bispo em nome de Cristo, confio a você, seja vivido no espírito de Francisco de Assis: no despojamento, na humildade, na dedicação com aqueles que mais sofrem. E você começará de uma forma muito bonita em Angola, uma terra muito sofrida. A Igreja se alegra com a sua ordenação! Queremos pedir a Nossa Senhora, nossa Mãe, que cuide do seu ministério, para que em todos os momentos, especialmente os mais difíceis, você sinta ainda mais forte a presença de Jesus em sua vida!”

Animado e alimentado com a Palavra de Deus, Frei Alisson foi chamado pelo diácono Diego Melo para frente do altar: “Queira se aproximar o que será ordenado presbítero, Frei Alisson Luiz Zanetti”.

O RITO

O rito da ordenação presbiteral começou antes da homilia de Dom Eduardo, com chamada do candidato. Animado e alimentado com a Palavra de Deus, Frei Alisson foi chamado pelo diácono Frei Diego Melo para frente do altar: “Queira se aproximar o que será ordenado presbítero, Frei Alisson Luiz Zanetti”.

Os pais, Claudete e Luiz, acompanharam o filho até o altar e se despediram dele com um abraço e a bênção. Frei Alisson, então, respondeu: “Aqui estou!”.

Ao pedido do Ministro Provincial ao bispo para que ordenasse Frei Alisson, Dom Eduardo perguntou: “Podes dizer se ele é digno deste ministério?”

E ouviu a seguinte resposta de Frei Fidêncio: “Sim. Dom Eduardo, para atender o pedido de Frei Alisson Zanetti, o Conselho Provincial se reuniu no dia 28 de setembro de 2011 e leu atentamente o relatório preparado pela equipe formadora de Petrópolis. Tivemos em mãos uma síntese da caminhada vocacional de Frei Alisson, apreciamos as motivações pessoais apresentadas por ele, ouvimos, também, a consulta feita ao povo de Deus, onde Frei Alisson desempenhou seu ministério presbiteral, e, finalmente, ouvido o parecer da equipe formativa da Teologia, nós o consideramos apto para o ministério presbiteral”. Dom Eduardo: “Que coisa boa! Com auxílio de Nosso Senhor Jesus Cristo e Salvador, nós escolhemos esse nosso irmão para a Ordem do Presbiterato! Graças a Deus!”

Na sequência, diante da Igreja, Frei Alisson manteve um diálogo com o bispo, onde manifestou o seu consentimento a respeito do seu chamado ao ministério presbiteral, suas funções e o seu modo de vida.

Depois, de joelhos, colocou suas mãos nas mãos do bispo e prometeu obediência a ele e ao seu legítimo superior. Em seguida, prostrado, em sinal de total dedicação a Deus, o eleito e toda a assembleia cantaram a Ladainha de Todos os Santos, pedindo assim a intercessão daqueles que nos precederam na fé.

Veio, então, o momento central da ordenação: a imposição das mãos e a prece da ordenação.

Cada momento ou gesto do rito foi explicado detalhadamente por Frei Pedro da Silva, o animador vocacional da Província. Segundo ele, pela imposição das mãos do bispo e a prece é conferido ao eleito o dom do Espírito Santo, que o transforma e o capacita para a sua missão.

“Em silêncio, primeiro o bispo, depois todos os sacerdotes, um por um, impõe as mãos sobre a cabeça do eleito. Nós acompanhamos em total silêncio”, pediu.

Terminado este momento, Frei Alisson recebeu as vestes de presbítero (casula e estola), trazidas pela irmã Francine, o cunhado Marcos e a pequena sobrinha Sophie. Frei Alisson foi revestido dos paramentos próprios do presbítero com a ajuda de Frei Sílvio Werlingue, Frei Gilberto Piscitelli e Frei Cid Tadeu Passos, representando as três paróquias franciscanas em Sorocaba, atendidas pelos frades.

O bispo, agora, ungiu com o óleo da crisma a palma das mãos do novo presbítero e amarrou suas mãos, que foram desatadas pelos pais. Frei Alisson, então, deu a sua primeira bênção aos pais, enquanto era saudado pela assembleia. Terminado o rito, Frei Alisson já pôde participar como concelebrante da Eucaristia.

AGRADECIMENTOS

O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, agradeceu a Dom Eduardo por presidir a celebração, a fraternidade, a comunidade, confrades e a família, deixando por último o novo presbítero.

“Frei Alisson, muito obrigado a você por mais um sim entre tantos que já deu, a começar pelo seu batismo. E hoje esse sim à Igreja de Deus, para servi-la no sacerdócio de Jesus Cristo. Obrigado também pelo seu sim missionário. São Francisco diz que quando um frade pede para ir em missão, o Ministro não pode dizer não. Hoje, me chamou muito a atenção a grande presença de frades que trabalharam e trabalham na Missão, além de nosso querido Frei Mvula, que vai fazer amanhã a sua primeira profissão na Ordem Franciscana. Mvula significa chuva. Que você Alisson seja uma “chuva de bênçãos” para a Missão de Angola”, desejou.

Tranquilo e sereno, como é do seu feitio, característica que herdou dos pais, Frei Alisson não economizou nos agradecimentos. Mas se emocionou ao falar de Frei Wilson Zanetti, seu primo e frade desta Província falecido em 2008. Abraçado à irmã de Frei Wilson, Neide Zanetti, ele confessou: “A minha vocação eu devo, primeiro, a Deus e depois ao Frei Wilson. Então, agora, ao dar um abraço de todo o coração a Neide, quero abraçá-lo também!”.

Num gesto simbólico, em procissão foi trazida a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que em vida pertenceu ao Frei Wilson.

Frei Alisson celebrou neste domingo, às 10 horas, na mesma igreja de Bom Jesus dos Aflitos a Primeira Missa. Na Missão de Angola, como vigário paroquial, ele vai residir na Fraternidade de São Damião, em Malange.