Frei Gustavo Medella

Eis que mais um ano litúrgico se encerra. Mais uma vez somos colocados diante da figura de Cristo Rei, o Rei-Pastor que cuida e chama ao cuidado. A figura do pastor, em relação ao rebanho, está associada a três ações centrais: guiar, cuidar e nutrir. Jesus as assumiu se reservas, consumiu sua vida na execução destas tarefas, que podem ser aglutinadas num só verbo: salvar.

O mistério da Salvação vivido e proposto por Cristo torna-se carne e vida quando se concretiza na história humana. E é neste passo do processo que se tornam corresponsáveis todos aqueles que decidiram entregar-se ao seguimento do Senhor Jesus. O cumprimento da profecia que se lê na Solenidade de Cristo Rei (Ez 34,11-12.15-17) depende decisivamente de nossa adesão. É através de cada um de nós, cuidados por Deus e chamados a ser seus cuidadores, que a salvação chega ao rebanho. Com o Senhor, somos ovelha e pastor, chamados à corresponsabilidade de “procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a de perna quebrada, fortalecer a doente e vigiar a ovelha gorda e forte” (Cf. Ez 34,16).

Não devemos olhar para alto de braços cruzados, pois o próprio Mistério da Encarnação nos faz olhar para chão e para os lados, nos leva a perceber que o maior milagre ocorre em nosso coração, quando ele se torna sensível à necessidade de nossos irmãos e irmãs e nos lança de corpo e alma no serviço aos necessitados. Esta é a lição de Cristo-Rei-Servo-Pastor, que sejamos seus seguidores em palavras, gestos e atitudes. A adesão a este chamado do Mestre serve, inclusive, de critério para definir a qualidade de nossa vida e a intensidade de nossa realização plena, conforme podemos ler no Evangelho que a liturgia nos apresenta nesta Solenidade de Cristo Rei (Mt 25,31-46).

Imagem no alto de Cláudio Pastro