O Pão da Vida: sustento na dura caminhada
06/08/2015
Frei Gustavo Medella
“Dorme, que passa!”, diz o ditado. São muitos os que buscam no sono um alento para a dor, para o fome, o cansaço, o desânimo… Quando não há mais o que se fazer, o que resta é dormir. Elias esperava encontrar no sono o fim da própria vida depois de um dia inteiro de exaustiva caminhada pelo deserto. Sua esperança era que Deus levasse embora sua vida enquanto dormia, pois deseja a morte para si. Julgava-se um fracassado…
Quantos não são aqueles que jazem neste torpor sonolento por se julgarem desafortunados, infelizes, insatisfeitos, frustrados. O negócio não está dando certo, o casamento vai de mal a pior, os amigos sumiram todos e o que resta é a solidão e o desalento. Melhor dormir do que suportar a dura realidade do próprio limite, da própria dor.
E é neste sono que Deus se manifesta a Elias. Não oferece a ele muita certeza, mas lhe dá o pão necessário para seguir em frente e a água que renova as energias do profeta. O anjo lhe acorda para comer. Gesto de carinho e preocupação: “Levanta-te e come” (1Rs 19,5). Elias come, mas quer voltar para o sono do desalento e aí Deus intervém uma segunda vez, novamente na figura do Mensageiro, e lhe exorta: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1Rs 19,7).
É este mesmo Deus que, em Jesus, quer ser a força de seu povo. Comer do Pão da Vida é revestir-se da força de Cristo para seguir a dura caminhada da existência. É buscar disposição e força para seguir, ainda que o caminho pareça difícil e longo: “Eu sou o Pão da Vida. Quem comer deste Pão viverá eternamente” (Jo 6, 48.51). É encontrar as pistas necessária para solucionar os grandes dramas ou, diante de problemas aparentemente insolúveis, ter a criatividade de trilhar novos caminhos.
Em sua Carta aos Efésios, São Paulo apresenta algumas posturas e ações que certamente são efeitos diretos que o Pão da Vida realiza na caminhada daqueles que com Ele se alimentam. Quem comunga do Corpo de Cristo e com o Cristo se compromete encarna na própria história as sábias instruções do Apóstolo: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-nos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo” (Ef 4,32). Caminhar desta forma é menos cansativo. Buscar o alimento certo é sinal de sabedoria e maturidade. Não desanime! Levante-se e coma, pois o caminho é longo.