Moacir Beggo

São Paulo (SP) – Em fevereiro de 1942, portanto há setenta anos, a Editora Vozes fundava na capital paulista a sua terceira filial. O ponto na Rua Senador Feijó era estratégico, já que ficava ao lado da Catedral da Sé e bem próximo do Convento São Francisco, então sede da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Nesta quinta-feira (29/11), a Livraria Vozes se mudou para a Rua José Bonifácio, 114, na mesma região central. Afinal, a livraria não deixaria um ponto que hoje é dominado pelas editoras católicas e do qual ela foi pioneira.

O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, deu a bênção ao novo espaço da Livraria e agradeceu aos seus confrades, especialmente ao diretor Frei Antônio Moser, que abriu a celebração, e aos parceiros e parceiras que estão à frente deste trabalhado evangelizador. Além do Ministro, estavam presentes os Definidores Frei João Mannes e Frei Mário Tagliari.

Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial

Frei Fidêncio informou aos presentes que o trabalho com a comunicação e a educação faz parte das frentes de evangelização da Província da Imaculada que foram definidas no recém-encerrado Capítulo Provincial e lembrou que São Francisco era um homem bastante cioso das palavras. “Ele entendia que a boa Palavra escrita deve ser multiplicada, porque através da palavra multiplicada todas as pessoas também tinham acesso à sabedoria. E a sabedoria das sabedorias é, sem dúvida alguma, conhecer a essência do mistério do amor de Deus”, observou, pedindo a Deus que o novo espaço seja um lugar de bênção e que “espalhe as bênçãos de Deus para as pessoas que aqui vierem para adquirir essa sabedoria mais profunda dos livros”.

Frei Antônio Moser agradeceu aos antigos proprietários do prédio onde a Livraria esteve por 70 anos e lembrou que, além da bênção ao novo local, o momento  era também uma confraternização de Natal das pessoas envolvidas no trabalho das três lojas e uma distribuidora da Editora Vozes no Estado de São Paulo (3 na capital e uma em Campinas).

“Este é um momento de muita alegria”, disse Frei Antônio, agradecendo a presença do Governo Provincial, já que a Editora é uma “obra centenária da Província e da Ordem Franciscana”.

Segundo Frei Antônio, alguém poderia perguntar por que a Vozes investe num espaço maior num momento de crescimento do livro digital. “Eu diria que o livro, apesar de todas as novas mídias, continuará tendo uma importância fundamental para as pessoas. Muitos vão tomar conhecimento de trechos dos livros pela internet e acabarão adquirindo o livro”, disse Frei Moser, apostando numa convivência igualitária do livro com as novas mídias.

Frei Moser lembrou que a Editora Vozes hoje tem 111 anos e continua editando livros que atendem à alta intelectualidade do país, como o “Livro Vermelho” de Jung, que custa mais de R$ 500 reais, e livros para pessoa mais simples. “O que caracteriza a Editora Vozes, desde o início, é o seu braço cultural e o braço religioso”, explicou Frei Antônio.

A primeira filial fora de Petrópolis foi criada no final da década de 30, no Rio de Janeiro, então Capital Federal. Antes, para vender no território nacional, a editora despachava da sede seus livros pelos Correios. Em 1935, com o crescimento da empresa foram despachados 25.540 pacotes.  Em 1942, seria criada a filial de São Paulo.

Nesses 111 anos de fundação, a Editora Vozes responde por mais de 5 mil títulos no seu catálogo, tem 14 distribuidoras e 18 livrarias no Brasil e uma livraria em Lisboa, Portugal.
Há dez anos, a administração da Editora Vozes é feita por um sistema colegiado, tendo à frente três diretores: Frei Antônio Moser, Frei Volney Berkenbrock e Frei Ludovico Garmus.