Frei José Francisco dos Santos

O terceiro dia do congresso amanheceu com muita chuva. Todos participamos de modo especial da alegria do povo sertanejo cearense, isto é, do que significa uma manhã chuvosa no sertão. Neste espírito de gratidão, as atividades do dia iniciaram-se com a Eucaristia no Mosteiro das Irmãs Clarissas. O encontro se estendeu fraternalmente, como dizem os de língua espanhola, com um “rico” café da manhã oferecido pelas irmãs a todos os presentes. A liturgia foi animada pela Conferência Bolivariana, composta pelos países da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Frei Mário Ortega, Presidente da Conferencia e Ministro Provincial do Equador, presidiu a celebração. Em sua exortação, destacou que “somos chamados a partilhar a Palavra e viver juntos na claridade de Deus”. É a mesma palavra partilhada que nos anima em nossa caminhada missionária. Neste contexto um “congresso como este nos fortalece e enriquece”.

No primeiro momento da manhã, a provocação ficou por conta de Frei Almir Ribeiro Guimarães, que falou sobre A Missão Compartilhada com os Leigos e a Família Franciscana. Frei Almir iniciou sua colocação partilhando uma preocupação: situações que deveriam acontecer espontaneamente em nossa vida e missão podem tornar-se prisioneiras da formalidade de um documento. Ilustrou o contexto, fazendo a memória de vários frades que passaram por Petrópolis na época de sua juventude, os quais deixaram marcas profundamente franciscanas em sua vida pessoal e da comunidade. Em seguida, contextualizou sua reflexão com especial atenção à missão compartilhada com os irmãos da terceira ordem. “O primeiro laicato que nos desafia a aproximarmos são os nossos irmãos da OFS”, disse. O mundo vive uma transformação profunda. Não é mais possível uma fraternidade com ênfase devocional. É necessário superar uma laicato “devocionalista” e promover uma formação e acompanhamento em vista de uma maturidade evangélica mais plena.

Em seguida tivemos a partilha da experiência missionária do casal Marco e Maribel. Leigos equatorianos que compõem uma família com quatro filhos. Destacamos inicialmente a disposição de ir pelo mundo a anunciar e testemunhar o Evangelho. Já moraram em vários países inclusive no continente africano. Mesmo com todos os desafios de cuidar de uma família cultivam os ideais de evangelizar inspirados em Francisco de Assis.

Enfrentam situações adversas que vão desde a problemática da moradia, trabalho e sustento até o desafio de estruturar a formação e educação dos filhos. Terminaram a exposição concluindo que não se é missionário somente quando vamos a algum lugar ou fazemos alguma coisa.

O missionário vive em estado de missão. Ser missionário é um jeito de viver. A missão é um projeto de vida.
Na parte da tarde tiveram continuidade às diversas oficinas iniciadas no dia anterior. À noite houve a apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos frades da Conferência Bolivariana concluindo com apresentações da diversidade cultural daqueles países.