Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O clamor dos povos indígenas marca o 2º dia do congresso

24/04/2013

Notícias

Por Rosângela Pezoti, especial para este site

Confira o relato da Coordenadora do Setor de Articulação do Sefras, Rosângela Pezoti.

O segundo dia (23/04) do II Congresso de Evangelização e Missão da América Latina e Caribe começou, após uma noite de chuva depois de quase três anos de seca na região, com a oração da manhã trazendo a memória da Páscoa e o testemunho dos sinais de vida que acontecem nos trabalhos e na missão.

No período da manhã, foram refletidos dois temas que, me parecem, polêmicos e instigantes no contexto de discussão sobre a “nova evangelização” proposta como tema do Congresso: a evangelização nas paróquias e santuários e o diálogo inter-religioso e ecumênico.

A reflexão sobre a evangelização em fraternidade e minoridade nas paróquias foi realizada por Frei Flávio Chávez, do México e Frei Nelson Müller, do Brasil, que apresentou uma experiência de paróquias no Rio Grande do Sul. Frei Rubens Tierrablanca, guardião da fraternidade da Turquia, trouxe elementos sobre a dimensão ecumênica e inter-religiosa na evangelização.
No período da tarde, os congressistas receberam a visita da Tribo dos Pitaguaris que estão nas cidades de Maracanaú e Pacatuba, no estado do Ceará.

O testemunho da representante da tribo, Rosa, trouxe as dificuldades que a tribo enfrenta na demarcação das suas terras, que já ocorreu, mas que aguarda a ação do Poder Público na indenização dos posseiros e a sua retirada. Apresentou, também, a luta que a tribo vem travando com a ocupação de uma pedreira localizada nas terras indígenas, para a sua não reativação. A reativação, além dos danos à saúde dos indígenas, causaria danos ambientais graves à região. Sua fala no congresso foi um importante indicativo das realidades que exigem “novos franciscanos e uma nova evangelização”, permeada pela indignação e pelo compromisso para a mudança da realidade social.

O Pagé da Tribo dos Pitaguaris tratou da relação que os indígenas têm com um Deus de “muitos nomes”, mas que nos “dá o movimento, a água, as sementes, os animais e toda a natureza para estar junto aos homens”. A tribo, para encerrar sua participação, dançou e cantou o Toré, um canto de agradecimento e que quer “acarinhar Deus e demonstrar amor”.
Após esta presença marcante, iniciaram-se os trabalhos em 13 oficinas que terão continuidade nos próximos dias.

A celebração Eucarística, realizada na Igreja de Nossa Senhora das Dores, encerrou os trabalhos do dia. Significativo foi o canto escolhido para esta celebração que sintetiza o compromisso de quem se coloca a serviço dos irmãos em missão: “É Jesus este pão de igualdade, viemos pra comungar, com a luta sofrida do povo que quer ter vez, ter voz e lugar. Comungar é tornar-se um perigo, viemos pra incomodar, com a fé e a união nossos dias vão chegar”.