No coração de Deus também há lugar preferencial
23/10/2015
Frei Gustavo Medella
Nas filas de bancos, supermercados, elevadores, assim como no ônibus e no metrô, existem os lugares preferenciais, para idosos, grávidas, pessoas com deficiência, como as dificuldades motoras, a cegueira etc. Trata-se de um benefício garantido por lei e pautado no bom senso, no espírito de cuidado e atenção para aqueles que mais precisam. Respeitar os lugares preferenciais é questão de cidadania. Feliz a sociedade que consegue chegar a este ponto de maturidade, protegendo os que são mais frágeis.
Na lógica de Deus, todos são considerados filhos e filhas igualmente amados. No entanto, é àqueles mais fragilizados que o Senhor se volta com maior atenção, tal qual a mãe de muitos filhos, que ama a todos, mas se volta preferencialmente para aquele que mais está precisando em determinado momento. A partir deste raciocínio, pode-se compreender com mais clareza o conceito de “opção preferencial pelos pobres”, muito presente na Igreja da América Latina e atualmente propagado em todo o mundo pelo Papa Francisco.
Ocupar-se mais de quem mais precisa não é uma predileção que se baseia em mera simpatia ou no interesse de se receber algum benefício em troca, mas um senso profundo de justiça que só pode brotar do Coração amoroso de Deus, conforme descreve o Profeta na 1ª Leitura deste 30º Domingo do Tempo Comum: “Eis que eu o trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: são uma grande multidão os que retornam” (Jr 31,8).
A mesma solicitude Jesus manifesta ao cego Bartimeu, mendigo que, fitando Jesus com os olhos do coração, vê n’Ele a presença do Filho de Davi, o ungido de Deus que traria a salvação de seu povo. O coração aberto à manifestação amorosa de Deus tocou o coração do Cristo, que olhou para o cego com amor e restitui a ele a vista.
Este é Jesus Cristo, homem e Deus, aquele a quem a Igreja deseja servir e de quem ela quer atualizar a presença. Como membros desta Igreja, seguidores de Jesus, não podemos jamais fechar nossos olhos e os nossos corações, precisamos estar atentos ao que o Mestre nos pede e nos recorda através do profetismo do Papa Francisco. Continuemos sonhando e trabalhando por uma Igreja mãe, serva, companheira, cuidadora, especialmente ocupada em trabalhar por aqueles que mais precisam, os descartáveis de nosso tempo, que jazem desconsolados nas periferias da existência. Eles têm lugar preferencial no Coração de Deus e também o devem ter no nosso.