Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Não podemos abrir mão dos valores franciscanos”

30/11/2015

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“Não queremos uma educação proselitista. Mas jamais podemos abrir mão dos nossos valores franciscanos que devem convergir para o Messias, isto é, à sua Boa-Nova enquanto caminho existencial que perpassa pelo itinerário das Bem-aventuranças”. Com esse pedido, o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, abriu nesta segunda-feira, 30 de novembro, o Congresso Internacional de Educação Franciscana em Curitiba.

Frei Fidêncio acolheu os participantes do 5º Encontro de Centros de Estudos Franciscanos Superiores Ibero-Americanos e o 1º Congresso Nacional de Educadores Franciscanos da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) durante a Celebração Eucarística, às 8 horas, na Igreja Bom Jesus dos Perdões, localizada ao lado do Colégio Bom Jesus e Centro Universitário FAE.

Entre os concelebrantes, Frei Cesare Vaiani, secretário para a Formação e Estudos da Ordem Franciscana; Frei Valmir Ramos, Definidor da Ordem Franciscana para a América Latina; Frei Carlos Alberto Breis Pereira, Ministro Provincial da Província de Santo Antônio e presidente da Conferência dos Frades Menores do Brasil;

Na sua homilia, Frei Fidêncio destacou a festa de Santo André Apóstolo e Mártir na liturgia de hoje e exortou os educadores e educadoras franciscanos a continuarem a missão evangelizadora na educação franciscana.

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ÍNTEGRA DA HOMILIA

Em nome do Senhor iniciamos este Congresso de Educação Franciscana. E o iniciamos Eucaristicamente na certeza de que temos muito a partilhar e compartilhar, permitindo que Cristo seja o centro deste Congresso.

Aqui estamos para a primeira partilha do dia! Para esta partilha, a Liturgia de hoje apresenta-nos Santo André, o primeiro dentre os doze apóstolos a se tornar discípulo de Jesus, com Simão, seu irmão.

Da vida deste Apóstolo desejo colher três participações significativas que encontramos no Evangelho de São João. Estas três participações julgo serem importantes para todos nós, mas especialmente significativas aos participantes deste Congresso Franciscano, uma vez que abraçamos uma MISSÃO EVANGELIZADORA que perpassa o rico universo da educação. E se abraçamos esta missão, é porque acreditamos numa EDUCAÇÃO FRANCISCANA que é ESPERANÇA na construção de uma NOVA HUMANIDADE.

fradesO apóstolo Santo André nos é apresentado como um interlocutor (aquele que é ‘ponte’ – mediação) entre pessoas e o Salvador. Três dessas interlocuções (mediações) são muito significativas: A primeira, segundo o Evangelista São João, se dá entre seu irmão Simão Pedro e Jesus: “Achamos o Messias… e o levou até Jesus” (Cf. Jo 1, 40-42). Os dois abandonam tudo e segue a Jesus. A segunda acontece por ocasião do milagre da multiplicação dos pães. Diz André ao Senhor: “Está aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isso para tanta gente?” (Jo 6,9). A terceira, já no contexto pascal, quando Jesus e os discípulos estavam em Jerusalém, é a André que Filipe se dirige quando “alguns gregos” manifestaram o desejo de “querer ver Jesus”.

Creio que nós, educadoras e educadores franciscanos, abraçamos esta missão de sermos interlocutores da esperança na construção de uma nova humanidade. Por isso, penso, que em cada interlocução/mediação do Apóstolo S. André também nós nos situamos, quando:

1. Conduzimos a existência humana ao encontro do Messias: O que isso significa para nós, interlocutores de uma Educação Franciscana? Para além de uma educação que transmite os conteúdos, acreditamos numa educação que seja mensageira de valores. Não queremos uma educação proselitista. Mas jamais podemos abrir mão dos nossos valores franciscanos que devem convergir para o Messias, isto é, à sua Boa-Nova enquanto caminho existencial que perpassa pelo itinerário das Bem-aventuranças. Conduzir a Jesus é conduzir as pessoas aos valores supremos da vida. Conduzir a Jesus é permitir às pessoas crescerem na liberdade, a fazerem opções claras e a tomarem decisões acertadas na esperança de uma ‘nova humanidade’.

2. A segunda interlocução de André se dá num momento crucial: a fome. Onde conseguir pão para tanta gente? Como oferecer uma educação adequada a tantas pessoas privadas deste direito? Como saciar tantas pessoas famintas e sedentas de um saber que dá sabor e sentido à vida? Não podemos nos intimidar! Um menino tinha apenas cinco pães e dois peixes. E isso não era pouco! Era o tudo. Para Jesus, o tudo deste menino foi a possibilidade da plenitude, da saciedade de todos!

missa O nosso mundo seria tão diferente e muito melhor se acreditássemos mais no tudo da possibilidade de cada pessoa, mesmo se no coração persistisse um pouco da incredibilidade de André: ‘mas isso é muito pouco para tanta gente’! O milagre da saciedade não é barriga cheia, o milagre da saciedade é a construção desta nova humanidade que se dá na soma da partilha. Logo, devemos ser educadores interlocutores que pensam a vida a partir do milagre da partilha como antídoto contra todas as formas de apropriação, de ganância e de egoísmo.

3. A terceira interlocução refere-se ao diálogo e à abertura a outras culturas (representados pelos gregos). Sem perdermos a nossa identidade franciscana na educação, somos chamados pelo Messias a sermos mediadores que promovem o diálogo com o ‘diferente’ do nosso cotidiano. Diálogo que o próprio Cristo buscou ao ir à “Galileia dos gentios”. Dialogar com diferentes religiões, raças e culturas. Dialogar para crescer na fidelidade da própria identidade neste mundo multicultural (ex. Cartas de São Francisco, após sua viagem ao Oriente).

Para concluir evoco um verso da 1ª Leitura desta celebração Eucarística: “QUÃO BELOS SÃO OS PÉS QUE ANUNCIAM O BEM” – Vejo nesta frase um duplo caminho: de pés que saem e de pés que chegam!

Pés que saem, pés que levam, pés que anunciam, pés que proclamam valores. Contudo, precisamos estar atentos, muito atentos! Se desejamos ser interlocutores ou mediadores de uma educação com alma franciscana, na esperança de uma nova humanidade, existe também o caminho da acolhida, isto é, a atitude de um coração receptivo que acolhe os pés do mensageiro que vem, daquele que nos traz o bem.

Ninguém de nós é dono de uma verdade absoluta. Se os meus pés são felizes porque anunciam o bem, ainda mais devo me alegrar por outros pés que a mim se aproximam com o mesmo desejo: anunciar o bem.

Imagino que este Congresso tenha esta missão: No centro de tudo está o Bem-maior, o Bem-supremo, Aquele que é a Plenitude do Bem. Todos nós, na nossa missão de interlocutores, somos pés que anunciam, mas corações que acolhem. Isso nos obriga a sair da nossa auto-referencialidade para, nestes dias de Congresso, empreendermos um caminhar com pés diferentes, todos interlocutores/mediadores, que conduzem a Jesus, ao Messias, ao Salvador.

O Congresso Internacional Franciscano tem o apoio da FAE Centro Universitário, da Universidade São Francisco e do Colégio Bom Jesus.