Érika Augusto

Aparecida (SP) – Terminou neste domingo, 22, o 6° Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), que reuniu 500 pessoas, entre bispos, padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral, em Aparecida (SP). O tema escolhido para esta edição foi Comunicação e Igreja. Durante os quatro dias de encontro, os participantes refletiram sobre os diferentes aspectos da comunicação no âmbito eclesial. Apesar de não ser o tema do encontro, a situação política nacional foi assunto recorrente em todas as falas. Neste domingo não foi diferente.

Às 8h, o grupo se misturou a multidão que enchia os corredores da Basílica para a Celebração Eucarística, que contou com a presidência de Dom Darci José Nicioli, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo da Arquidiocese de Diamantina.

Em sua homilia, Dom Darci lamentou a secularização percebida na sociedade e o aumento de um sentimento religioso, em detrimento do compromisso pastoral. “Parece que Deus é somente um detalhe, que serve só para as emergências da vida. Passado o perigo, Ele não tem mais sentido, não é um referencial. Parece que não há nenhum compromisso com os valores do Evangelho”, lamentou.

Dom Darci durante a abertura do Encontro

E afirmou que o Evangelho proclamado neste 16° domingo do Tempo Comum é como uma fotografia do Brasil em que vivemos, “o povo faminto de tudo. De justiça, educação, saúde, com fome de sentido e de rumo para as suas vidas. É preciso que restauremos as nossas forças”, afirmou.

Para Dom Darci, a oportunidade de reverter este cenário nacional está nas mãos da população, através das eleições de outubro. “É preciso manter viva a esperança e não confiar naqueles que se apresentam como salvadores da pátria. Atenção! O tempo que vivemos é muito propício para isso. Não confiar nos falsos pastores, aqueles que são embevecidos pela idolatria do poder e não buscam o bem do povo, mas garantir a si mesmo a vida e a sobrevida de seus grupos de poder”, alertou. No final de sua homilia, ele pediu que os presentes tenham “responsabilidade cidadã e compromisso cristão” na hora do voto nas urnas.

O Brasil e a corrupção

Já reunidos no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, os participantes acompanharam a palestra de Bruno Brandão, do Transparência Internacional, que apresentou alguns dados sobre o Índice de Percepção da Corrupção. No estudo, feito em 176 países, o Brasil ocupa a posição 96 no ranking, caindo 17 posições desde a análise anterior, a maior queda desde o início do estudo. Uma das causas para este aumento, segundo Brandão, é o aumento nas investigações sobre a corrupção.

Já no Barômetro Global da Corrupção, um estudo que analisa a relação da população com a corrupção, apenas 11% dos brasileiros afirmaram que já usaram de algum tipo de corrupção para se beneficiar, como por exemplo, o suborno. Entre os países da América Latina e Caribe, é um dos menores índices, perdendo apenas para Trinidad e Tobago. Para comparar, Bruno afirmou que no México esta porcentagem sobe para 51%.

Segundo dados da empresa, 83% da população brasileira acredita que o cidadão comum pode fazer a diferença na luta contra a corrupção, um índice mais alto que em 77 países analisados.

Para ajudar nesta luta, o Transparência Internacional está lançando a Campanha Novas medidas contra a corrupção. Bruno Brandão explicou que após a confirmação dos candidatos às eleições em outubro, as novas medidas serão apresentadas para os mesmos. Trata-se de um pacote com 70 medidas, incluindo anteprojetos de lei, propostas de emenda à Constituição, projetos de resolução e outras normas voltadas ao controle da corrupção.

A população pode, neste primeiro momento, ajudar a difundir o projeto nas comunidades. Nas eleições, é preciso verificar se o candidato tem um passado limpo, compromisso com a democracia e se comprometeu com as novas medidas contra a corrupção.

Para saber mais, acesse o site unidoscontraacorrupcao.org.br