Na festa de 111 anos, Vozes anuncia investimento no parque gráfico
28/03/2012
Moacir Beggo
Investir para aumentar a qualidade e a produtividade. Este tem sido o caminho adotado pela indústria gráfica brasileira e não foi diferente à Editora Vozes, que na última década está modernizando o seu parque gráfico para ganhar fôlego no competitivo mercado brasileiro e internacional e manter a tradição de uma das mais antigas editoras e gráficas do país, já que neste mês (5 de março) completou 111 anos de fundação.
Para celebrar mais este aniversário, a Editora Vozes apresentará nesta sexta-feira (30/3), na sede em Petrópolis (RJ), a nova encadernadora de livros, que, através de um processo todo automatizado, executará numa única operação todos os processos, como alcear, vincar capa, dobrar orelha, colar capa, fazer corte de frente e corte trilateral.
Segundo seu diretor-presidente, Frei Antônio Moser, esta nova tecnologia “vai aumentar a capacidade de produção e, o mais importante, vai oferecer um serviço com qualidade, confiabilidade e agilidade, como sempre foi o diferencial da Vozes”. Este novo equipamento possui a capacidade de produzir até seis mil livros por hora.
A Editora Vozes, em 111 anos, responde por mais de 5 mil títulos no seu catálogo, tem 14 distribuidoras e 18 livrarias no Brasil e uma livraria em Lisboa, Portugal. Há dez anos, a administração da Editora Vozes é feita por um sistema colegiado, tendo à frente três diretores: Frei Antônio Moser, Frei Volney Berkenbrock e Frei Ludovico Garmus.
A Vozes é responsável por uma fatia do mercado editorial de livros de qualidade, referência em diversas áreas do conhecimento, entre elas, filosofia, sociologia, educação e psicologia. Segundo seu diretor-presidente, a editora é referência na formação de uma consciência de cidadania fundada sobre os valores evangélicos. “Nosso objetivo é humanizar para divinizar e divinizar para humanizar”, ressalta.
Além de obras fundamentais para o meio acadêmico e intelectual, a Editora investe em publicações na área religiosa, catequese, autoconhecimento e espiritualidade, que tem como um de seus principais autores Anselm Grün.
A editora tem duas publicações tradicionais: o Almanaque Santo Antônio e a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, editadas por Frei Edrian Pasini A Folhinha é distribuída aos lares brasileiros há 73 anos.
A Vozes também possui o Selo Nobilis, uma linha editorial especial que tem o objetivo de publicar obras diferenciadas com uma qualidade superior e alto valor agregado.
Um pouco de história
Sua história começa com a iniciativa de um frade, Frei Inácio Hinte, que adquiriu, em Petrópolis, uma velha impressora Alauzet dos padres lazaristas. Para isso, contou com o apoio de Frei Ciríaco Hielscher, que foi o responsável pela construção do primeiro Convento Franciscano de Petrópolis e o fundador da Escola Gratuita São José, da qual foi o primeiro diretor. Como guardião do convento, foi também o primeiro responsável pela Editora Vozes, assinando a ata da reunião de fundação da editora, em 5 de março de 1901. A editora nasceu com o nome de Typographia da Escola Gratuita São José.
Tocada a mão pelo Irmão Frei Matias Hermanns e sob a direção técnica de Frei Inácio Hinte, a restaurada Alauzet funcionou pela primeira vez imprimindo cartões de visita para o guardião Frei Ciríaco.
Quando Frei Ciríaco foi transferido, o novo guardião Frei Celso Dreiling continuou apoiando a Typographia, deixando Frei Inácio como responsável. Ele ainda incentivou a compra das máquinas Sollo e Phoenix, que substituíram a Alauzet. A máquina Sollo dispensava a ação humana para tocar a alavanca de impressão, pois ela possuía um motor. Estas duas máquinas aumentaram a capacidade de produção da Typographia, possibilitando o atendimento ao aumento de pedidos de livros, especialmente aos escolares.
Por muitos anos, os funcionários que auxiliavam Frei Inácio na Typographia da Escola Gratuita São José eram alunos ou ex-alunos da própria escola, que destacavam-se nos estudos e iam aí trabalhar. Entre os primeiros livros publicados pela Typographia estão: “O primeiro livro de leitura”, editado pelos professores da Escola Gratuita São José, “A vida e o culto de Santo Antônio”, de Frei Luís Reinke, “Cecília”, de Frei Basílio Röwer, “Breves meditações para todos os dias do anno”, de Frei Pedro Sinzig, e “Manná: o alimento da alma devota”, um livro de orações populares escrito por Frei Ambrósio Johanning.
Em 1939, ela ganhava uma nova razão social: Editora Vozes Ltda. Tinha 50 funcionários e várias máquinas. Neste ano, o grande lançamento foi a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus. Frei Ludovico Gomes de Castro deu outro impulso em 1963, com novos equipamentos, como a máquina “offset”, que aumentou a produção e permitiu a impressão de um caderno de 64 páginas de cada vez. Em 1968 tinha quatro filiais no Brasil.
Durante a década de 70 viria nova expansão gráfica e comercial. A Editora comprava a impressora Speed Master, uma guilhotina Guarani, de fabricação nacional, e outras máquinas da marca Heidelberg para fazer capas. Durante o período de repressão, a editora destacou-se pela corajosa publicação de obras em defesa da liberdade, como “Tortura Nunca Mais” e a “Voz dos Vencidos”. Em 1989, a editora tinha 600 funcionários e 30 lojas.
Mas o mercado editorial entrou em crise no final do século passado e, junto a dificuldades internas, a Vozes sofreu a pior crise de sua história. A partir de 1999 assumiu a empresa a diretoria formada por uma gestão colegiada, que equilibrou as finanças e, dentro de uma economia globalizada, investe para atravessar mais um século.