Ministro Geral envia mensagem aos capitulares
14/11/2018
Agudos – Os 133 capitulares voltaram para a Sala São Francisco às 20h30 desta quarta-feira, 14 de novembro, para dar encaminhamentos dos trabalhos nos próximos dias. Além de definir os secretários – Frei Rodrigo Silva, Frei Robson Scudella e Frei Sandro Roberto da Costa – e os moderadores – Frei Vitório Mazzuco, Frei Paulo Pereira e Frei Ivo Müller – e os escrutinadores – Frei Olivo Marafon, Frei Carlos Körber, Frei Paulijacsson Moura e Moacir Longo -, o destaque da noite foi a mensagem do Ministro Geral, Frei Michael Perry, aos capitulares.
Também foram apresentados os cinco nomes homologados pela Cúria Geral para o ofício de Ministro Provincial. São eles: Frei César Külkamp, Frei Gustavo Medella, Frei João Mannes, Frei Mário Tagliari e Frei Paulo Pereira.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA DO MINISTRO GERAL
Rev. Frei Miguel Kleinhans, ofm
Visitador Geral da Província da Imaculada Conceição do Brasil
Roma, 23 outubro de 2018.
Caríssimos confrades da Província da Imaculada Conceição do Brasil, o Senhor lhes dê a sua Paz!
Com minha saudação, espero que todos vocês estejam cheios de entusiasmo para a celebração deste Capítulo da fraternidade provincial. Transmito meu agradecimento ao Frei Fidêncio Vanbömmel e ao Frei César Külkamp pelo serviço prestado nos últimos três anos como Ministro e Vigário Provincial, respectivamente. Agradeço aos Freis Definidores que serviram à Fraternidade no último triênio, ao Frei Miguel Kleinhans, Visitador Geral, que se dedicou à Visita Canônica com disponibilidade e empenho, mesmo passando por um momento difícil com sua saúde.
Saúdo a todos vocês confrades capitulares desejando que a presença e a força do Espírito Santo os inspire nas resoluções e decisões deste Capítulo.
Com esta comunicação, desejo animá-los no caminho de crescimento na vida religiosa franciscana e da vivência plena do nosso carisma no mundo de hoje. Nosso CPO (Conselho Plenário da Ordem), celebrado em Nairóbi no último mês de junho, refletiu sobre nossa situação atual neste mundo que muda rapidamente. Nos colocamos à escuta do que Deus nos pede hoje como frades menores. Estamos bem conscientes de que Deus nos chama a viver e agir profeticamente como fraternidade contemplativa no mundo. Mas, para que nossa vida franciscana seja autêntica, precisamos aprender sempre de novo a escutar os confrades, dar ouvido aos sonhos e às desilusões de cada um. Precisamos ouvir bem o que Deus nos diz hoje através dos acontecimentos e renovar nosso amor pela Santíssima Trindade e pela nossa Ordem.
Em minha carta ao Capítulo Provincial celebrado em janeiro de 2016 já havia expresso minha preocupação relativa à vida fraterna na Província que pode melhorar. Frei Miguel Kleinhans observou que existe já um bom espírito fraterno, com boa comunicação, divisão de tarefas, encontros fraternos e os confrades se querem bem. Contudo, ainda prevalecem fatores individuais que podem impedir a comunhão fraterna. Existem os frades que se sentem simples “funcionários franciscanos”. Por isso, é fundamental que se continue promovendo a construção da fraternidade tanto em nível provincial como em nível local, iniciando já no primeiro ano e formação e seguindo durante todo o período da Formação Permanente. Para o outro Capítulo pedi e repito que continuem desenvolvendo e observando o Projeto Fraterno de Vida que ajuda e muito todos os confrades em sua caminhada como consagrados franciscanos na construção de uma vida mais fraterna. Nos relatórios preparados pelas Conferências ao CPO 2018, ficou evidente que em muitas partes do mundo nossa Ordem carece de um Projeto Fraterno de Vida e ainda reina o individualismo ou o clericalismo sem comunhão fraterna. Esta Província tem o potencial para crescer na comunhão fraterna e isto depende de cada confrade e da animação nos guardianatos e na Fraternidade inteira. Será um passo importante se os confrades decidirem por ações concretas para vivenciar nos próximos anos o tema do Capítulo, “Minoridade Franciscana, lugar de encontro e comunhão”.
É importante um bom discernimento pessoal e comunitário sobre a qualidade da vida fraterna, pois depende dela também o bem-estar de cada confrade na Província e na Ordem. Na pesquisa feita em nossa Ordem em 2012, dificuldades na vida fraterna e na vida espiritual apareceram como duas ameaças à identidade vocacional. De fato, 46% das respostas provindas de todas as partes do mundo indicaram falta de comunicação interpessoal, além de notáveis problemas de relações interpessoais, de exercício distorcido da autoridade e falta de assumir a evangelização em fraternidade (! 48,5%).
Na vida espiritual, a referida pesquisa apontou que 41% dos frades não cuidam suficientemente da vida de oração pessoal, especialmente devido a muito trabalho, a relações fraternas e acompanhamento de Ministros e Guardiães não adequados. Frei Miguel testemunha que na Província muitos frades têm “uma vida profunda de oração e devoção”. Eu também já escrevi a vocês para o Capítulo anterior que é essencial para o religioso ter uma vida de oração intensa, sem deixar que as atividades de evangelização, de trabalho ou de entretenimento ocupem todo o tempo em detrimento da oração, meditação, leitura orante e contemplação. Agora reitero minha exortação para que todos os confrades cuidem da vida de oração com o devido apreço, buscando alternância de ação e contemplação.
Convido todos vocês a iniciarem uma reflexão sobre o fenômeno dos abandonos da Ordem, envolvendo todos os frades da Província e também da Fundação, para tentar identificar alguns fatores que contribuem à perda da vocação franciscana. A Província de vocês foi atingida seriamente nos últimos anos, e talvez o Espírito de Deus está falando a vocês. Vocês podem contar com a Cúria Geral e com o Serviço da Perseverança e Fidelidade. Frei Caoirnhin O’Laoide (Frei Kevin), Definidor Geral para a Conferência Anglófona é o coordenador deste Serviço.
Sabemos do grande empenho dos confrades da Província na área da Evangelização e Missão. Agradeço e exorto para que todos continuem atuando em fraternidade, seja nas paróquias e santuários, seja nas obras sociais, no Brasil e em Angola. Mesmo que seja necessário um frade ser nomeado “pároco” ou “reitor” ou “diretor” ou ainda outros serviços, é necessário que tudo seja feito em fraternidade, pois com a profissão renunciamos tudo e não podemos tomar posse de nada. Frei Miguel percebeu que existe um perigo de se criar um “império empresarial na gestão autônoma” em detrimento do carisma franciscano. De fato, nenhum frade pode distanciar-se da minoridade e todos indistintamente precisam colocar-se “a serviço de Deus, da Igreja e da humanidade”.
Agradeço também todos os confrades empenhados na missão em Angola, na Fundação Imaculada Mãe de Deus. As vocações continuam chegando e temos que agradecer a Deus pelo chamado e aos vocacionados pela resposta generosa. Contudo, Frei Vitor Quematcha, Visitador Assistente, percebeu a necessidade de atenção especial na Formação Permanente e Inicial. Certamente, o que tange a identidade do frade menor deverá ser bem e constantemente trabalhado para que cresça sempre mais a vivência do carisma e diminua a tendência ao clericalismo. Seria importante iniciar um estudo sobre o futuro da Fundação em Angola, assim como sobre a possibilidade de começar um processo de preparação dos frades para a criação de uma Custódia dependente.
Seguindo as orientações do Papa Francisco (especialmente EG e LS), é importante dar ouvidos às recomendações do Visitador Geral em relação à ação evangelizadora, atuando como “frades menores” junto com os milhares de pobres e miseráveis, reforçando as opções de minoridade e solidariedade. Por outro lado, quero animá-los para que cada vez mais exista o empenho na formação dos leigos como cristãos evangelizadores.
Quanto à Formação Permanente e Inicial, quero insistir no protagonismo de cada confrade no empenho pela conversão constante que vai além do receber ou adquirir informações, na necessidade de todos os Guardiães assumirem o papel de animadores e promotores locais da Formação de todos e no acompanhamento personalizado dos frades no período da Formação Inicial. Como já escrevi também, eu continuo preocupado com mentalidade clericalista que não condiz com nossa vocação e carisma, mesmo aos confrades vocacionados ao sacerdócio. Peço que os formadores sejam insistentes em apresentar nossa identidade de “irmãos menores” consagrados a serviço do Reino.
Suplicando todas as bênçãos de Deus pela intercessão de São Francisco e Santa Clara,
Frei Michael A. Perry, OFM
Ministro Geral e Servo
Equipe de Comunicação do Capítulo: Frei Augusto Gabriel, Frei Clauzemir Makximovitz, Frei Gabriel Dellandrea e Moacir Beggo