Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Mensagem do Ministro Provincial para o Natal

20/12/2025

Notícias

Irmãos e irmãs,

o Senhor vos dê a Paz!

A proximidade das festas natalinas revela, por inúmeros sinais, que o céu veio ao encontro da terra e uma grande alegria foi reservada para nós. Por esses dias, uma atmosfera propícia ao revigoramento das memórias e dos laços de afeto a todos envolve. As luzes enchem de brilho as praças, ruas e avenidas. As velas da coroa do Advento marcam tanto a espera como o caminho. Os presépios vão sendo instalados, com piedade e criatividade. A palavras de Isaías, o alerta do Batista e a figura da jovem Maria servem de moldura e preparam o grande anúncio que brota da boca dos anjos na escura e fria noite de Belém: “Eis que vos anuncio uma grande alegria que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,10-11). Esse sim, o mais eloquente sinal deste tempo que escancara o cuidado de Deus por nós.

Grande alegria é a expressão que traduz o encontro da expectativa daqueles que viviam nas trevas da incerteza, da insegurança e do medo, com a grande luz trazida pela encarnação de Deus que assume e redime a história humana. A promessa de Deus se cumpre e, através do menino colocado entre as palhas da manjedoura, a força do alto cura e transforma nossa fraqueza. Em Jesus, Deus se faz carne da nossa carne e nos oferece o dom da vida sem amarras. Entre o boi e o burro, o menino, que resplandece o brilho da glória do céu e a boa vontade dos homens da terra, conduz para o alto os olhares dos pastores e de todas as gentes. Sob a proteção de José e Maria, o Príncipe da paz é reverenciado pelos reis e sábios da terra.

A grande alegria proclamada não se deixa traduzir pelo instante de um sorriso fugaz; ela não se compreende pela satisfação momentânea, incapaz de suprir a indigência da alma; ela não diz respeito ao contentamento apenas subjetivo que não suporta a mínima contrariedade. Grande alegria é sentimento que comporta viço e fertilidade. Grande alegria é experiência que alcança, de forma suficiente, o coração e a mente de todos e em todos os tempos. Grande alegria é decisão, é escolha por atitudes que contribuem com a transformação da realidade em torno de nós. Grande alegria é compromisso com todos os seres criados, especialmente aqueles mais ameaçados. Grande alegria é convocação para que todos possam se empenhar no cuidado com o grande dom que Deus nos concedeu.

“O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu… pois nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz” (Is 9,1.5).

A fim de preparar o acolhimento criativo dos sinais do Natal, além do anúncio do anjo mencionado acima, devemos dar atenção às palavras da profecia de Isaías: “um filho nos foi dado; príncipe da paz será chamado” (cf. Is 9,1.5).

A primeira palavra que merece destaque é “filho”. Na expressão do profeta, com assertividade, se expressa a intimidade entre Deus que a tudo cria e seu filho escolhido e enviado para estar entre nós. Pelo mistério da encarnação, a filiação divina deixa de pertencer, exclusivamente, a Jesus e se torna dom para todos os homens e mulheres. Essa constatação já seria suficientemente grandiosa e poderia fundamentar todo o louvor à benignidade do Senhor. Neste tempo de sinais natalinos, a gratidão pelo dom de ser filho de Deus faz nascer uma prece: Obrigado, Senhor, pois em Jesus Cristo todos nos tornamos filhos de Deus.

Outro elemento a ser destacado é a complemento da primeira frase do texto de Isaías: “um filho nos foi dado”. O profeta apresenta o filho de Deus como dom, presente, dádiva, regalo. Um dos sinais do tempo do Natal é o costume de dar e receber presentes. Oferecer regalos é um ato que contém a nobreza dos reis. Dar presentes é gesto grandioso pois tem a marca da bondade e da generosidade. Tão louvável quanto oferecer presentes é saber como recebê-los, mais ainda, como cuidar deles. O jeito reverente de acolher uma dádiva corresponde à relevância do que nos é oferecido. O valor do presente não deverá ser medido pelo empenho de recursos financeiros para torná-lo oferenda. O presente será mais valoroso quanto mais afeto comportar. Aqui se encerra a graça maravilhosa da afirmação do profeta Isaías. Por seu desejo salvífico, por sua compaixão diante da nossa frágil condição, por todo afeto possível na relação entre o pai e seus filhos, Deus nos dá o maior de todos os presentes. O filho dado é dádiva suprema e, como tal, deve ser recebida. Todo esforço humano empregado para cuidar desse presente sem par, ainda será pouco diante da magnitude do dom. Por isso, o empenho não pode faltar e a consciência agradecida deverá ser constantemente cultivada. Afinal, se Deus nos ama tanto assim, não nos resta outra opção senão amá-lo com todas as nossas forças, com todo nosso coração e com todo o nosso entendimento. Em Jesus Cristo, a partir do presépio, o amor de Deus se faz dom, presente; por isso, a melhor forma de vivenciar o Natal é tornarmo-nos dom, presente, presença e afeto na vida dos nossos irmãos e irmãs.

Ao encerrar esta mensagem, recorro às palavras do saudoso Papa Francisco: “O dom precioso do Natal é a paz, e Cristo é a nossa paz verdadeira. Cristo bate à porta dos nossos corações para nos conceder a paz, a paz da alma. Abramos as portas a Cristo”. Com respeito, ouso acrescentar algumas palavras a esse convite: com o coração repleto da verdadeira paz, abramos às portas aos nossos irmãos e irmãs; acolhamos, sobretudo, os pobres, os pecadores, os descartados, os invisibilizados… assim poderemos ter neste e em todos os outros anos um abençoado Natal.

Paz e Bem.

 

Frei Paulo Roberto Pereira, OFM
Ministro Provincial