Mensagem do Ministro Provincial para a Páscoa
12/04/2022
“Eu vi o Senhor”
Movido por viva esperança me dirijo a você, minha irmã, meu irmão, que viveu os últimos quarenta dias com o firme propósito de vencer o desânimo e a desconfiança, de abastecer-se de vigor, de firmar o passo e de seguir sendo fiel testemunha da ressurreição do Senhor. A certeza de que, como diz o teólogo “não nascemos para morrer, mas morremos para ressuscitar” (L. Boff) nos fez viver a Quarema e nos prepara para acolher, com gratidão, o anúncio da ressurreição de Jesus; dele como primícias, e nossa por graça de Deus (cf. 1Cor 15,20-22) e pela fidelidade cultivada ao longo da existência.
Partilhamos votos de Páscoa Feliz. Hoje, mais que nunca, necessitamos de Páscoa Feliz. Este desejo será realização na medida em que, por opções e atitudes, o ser humano pautar sua existência no propósito fiel de fazer-se discípulo de Jesus Cristo. Discípulos e discípulas que querem testemunhar a vida plena num mundo onde grassa a morte empunhando a bandeira do descaso e da indiferença, da ambição e violência, do orgulho e prepotência… mundo chagado, mundo que condena à morte os mais frágeis e os pobres.
O Evangelho de João narra o episódio em que Maria Madalena, João e Pedro vão ao sepulcro e o encontram vazio. A partir da experiência dos discípulos de ontem, podemos aprender o modo de viver o discipulado hoje. Maria Madalena deseja reencontrar-se com seu amado. Com os olhos turvados pela desilusão, pela tristeza da separação, vai ao sepulcro de madrugada, ainda escuro. Privada da claridade, num primeiro momento, só consegue enxergar a pedra removida.
O discípulo amado também precisa de tempo até ver com limpidez. Chega ao túmulo correndo depressa, vê mais do que a pedra removida. O texto diz que viu as faixas de linho dobradas. Mas faltou-lhe o passo decisivo: entrar. Quando, certamente estimulado pelo ímpeto de Simão Pedro que havia visto a pedra removida, os panos de linho dobrados e havia também entrado, então houve o pleno entendimento daquilo que dizia a escritura, “segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (cf. Jo 20,9).
O evangelista continua a narração dizendo que os discípulos voltaram para casa e Maria Madalena permaneceu nas proximidades do sepulcro. Tal decisão valeu-lhe o diálogo mais eloquente, desejado por todo discípulo, em todos os tempos: “Por que choras? A quem procuras?” Era Ele, o Mestre fiel; como prometera, vencedor da morte; Ressuscitado.
Maria Madalena é a síntese do itinerário virtuoso de todos os que se deixam encantar com as palavras do Mestre e, apesar de tantas fragilidades, ousam seguir seus passos. Ela viu a pedra removida, aproximou-se para atestar o túmulo vazio, permaneceu nas proximidades do sepulcro, ouviu a voz que a chamara, creu e, por fim, saiu a anunciar.
Em meio a tantas condenações injustas, a tanto flagelo, tantas chagas e cruzes, a Páscoa de Jesus nos convoca a reassumir com renovado vigor a intimidade com o Senhor, nosso Mestre fiel, nosso amado. Se, como Maria Madalena, permanecermos fiéis e insistirmos em buscar o Senhor, ainda que não enxerguemos com clareza, também teremos a graça daquele encontro transformador no jardim e nos tornaremos anunciadores da vitória da vida sobre a morte. Anúncio que traduz a quietude desejada pelo coração humano.
Feliz Páscoa! Paz e Bem.
FREI PAULO ROBERTO PEREIRA, OFM
MINISTRO PROVINCIAL
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL